O Doutor Rei da Sinuca
Em cidade da fronteira gaúcha havia uma “mulher in-te-res-san-tís-sima” – como costumava avaliar a ´rádio-corredor forense´. Solteira, arquiteta, ela namorava um advogado de médio sucesso, divorciado, sem filhos, conhecidíssimo na cidade como o “rei da sinuca”.
O apelido dele tinha a sua razão de ser: acertava todas as bolas nas tacadas sobre a mesa de pano verde e seis caçapas, do principal clube da cidade. Ali o advogado acorria, todos os dias, inclusive sábados e domingos, sempre a partir das cinco e meia da tarde. Às vezes, a namorada ia assistir.
Para o profissional da advocacia, nada era mais importante do que o jogo das oito bolas coloridas: “Meu taco tem eficiente pontaria e o meu percentual de aproveitamento nos encaçapamentos é de 99%” – vangloriava-se.
Um dia, o namoro da arquiteta com o “Rei da Sinuca” virou pó e o rompimento transformou-se em pauta semanal informal na subseção da Ordem local.
Algumas noites depois, encontrando-se com a “in-te-res-san-tís-si-ma” mulher – que embarcava num ônibus para Porto Alegre - um perito-engenheiro regional deu vazão à sua curiosidade:
- Lindalva, por que não deu mais certo o teu tão aplaudido namoro com o colega “rei da sinuca´? – a pergunta era um misto de indiscrição e solidariedade.
A resposta dela foi sem meias palavras:
- Eu me despi oferecida, mas me decepcionei com a resposta que ele me deu. Disse-me que ainda não era o momento´...!
Agora na “rádio-corredor” do foro local só se fala nisso. O doutor Bento, um jubilado advogado da região, resumiu o desfecho: “O namoro do promissor casal virou uma sinuca de bico”.
Ou – como segredou um dos escrivães – “ficou pela bola sete”...
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