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16 de Junho de 2024
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    O Inter exclui Vitorio Piffero e Pedro Affatato de seu quadros sociais

    Publicado por Espaço Vital
    há 5 anos

    A Comissão de Ética do Sport Club Internacional decidiu, ontem (13) à noite, excluir do Sport Club Internacional os ex-dirigentes Vitorio Piffero e Emídio Marques Ferreira.

    Em relação aos também ex-diretores Alexandre Limeira e Emídio Marques Ferreira entendeu não poder tomar nenhuma medida contra eles, porque já se desligaram dos quadros sociais.

    O relatório do Ministério Público do RS, sobre a gestão de Vitorio Piffero em 2015 e 2016 aponta suspeitas contra o ex-presidente e cinco ex-vice-presidentes: Pedro Affatato (finanças), Alexandre Limeira (administração), Emídio Marques Ferreira (patrimônio), Carlos Pellegrini (futebol) e Marcelo Domingues de Freitas e Castro (jurídico).

    Os supostos crimes apurados são apropriação indébita, estelionato, organização criminosa, falsidade de documentos e lavagem de dinheiro. A investigação já soma mais de 3,7 mil páginas e não foi encerrada.

    Vitorio Piffero e Pedro Affatato ainda podem recorrer ao Conselho Deliberativo da demissão (termo utilizado no estatuto do Inter.

    O voto do relator e presidente da comissão Constantino Lisboa Azevedo (desembargador aposentado do TJRS), que tinha 80 páginas, durou cerca de 2h40min. Vitorio Piffero foi representado por dois advogados que fizeram a defesa do ex-presidente. Affatato não exerceu o direito de defesa.

    Além de Constantino votaram Felipe Floriani Becker, Lino Kieling, Miguel de Sampaio Dagnino, Ramiro Davis e Thiago Neibert. O sétimo integrante, Rodrigo Navarro, se disse impedido de participar, pois tem uma ação judicial pessoal contra um dos dois ex-dirigentes.

    O estatuto do Inter não prevê um tempo que eles deverão ficar fora do quadro social, mas a Lei do Profut prevê um afastamento de 10 anos.

    O que pesa contra os ex-dirigentes do Inter

    Vitorio Piffero - O MP afirma que, pelo fato de ser o expoente máximo do clube, o ex-presidente estaria "no topo da associação/organização criminosa estabelecida" no Inter em 2015 e 2016. Assinado pelo promotor Flávio Duarte, o relatório sustenta que seria "absolutamente impossível" que os cinco vices atuassem de "forma isolada e sem qualquer relação uns com os outros".

    Foi identificado depósito de R$ 70 mil na conta do ex-presidente, creditado pela empresa Argos do Brasil Consultoria em 31 de outubro de 2014, antes de Piffero assumir pela segunda vez o comando do clube. A linha de investigação aponta para adiantamentos de futuros negócios entre o Inter e a empresa. De acordo com o relatório, no biênio 2015/2016, entraram na conta da Argos R$ 294,1 mil saídos dos cofres do clube.

    Segundo o MP, o ex-presidente também recebeu R$ 65 mil, com dois depósitos na conta bancária, em 7 e 19 de novembro de 2014, efetuados pela Stadium Consultoria e Assessoria Administrativa e Tecnológica Ltda., empresa de Alexandre Limeira. As quebras de sigilo bancários obtidas na investigação mostram que a Stadium recebeu, naquela época, R$ 150 mil do empresário de atletas Giuliano Bertolucci.

    Pedro Affatato

    O ex-vice-presidente e de finanças, conforme o MP, fez adiantamentos que ultrapassaram R$ 9 milhões, em dinheiro vivo, sacado na tesouraria, normalmente fruto de bilheteria dos jogos, entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016. A alegação para as retiradas era o pagamento de obras e de serviços que seriam da alçada da vice-presidência de patrimônio, então comandada por Emídio Marques Ferreira.

    Para suposto respaldo aos adiantamentos, Affatato apresentava notas fiscais emitidas por empresas cujo escritório de contabilidade era o mesmo e com sócios interligados. Segundo a investigação, nem mesmo havia triangulação do dinheiro entre clube, prestadora de serviço e Affatato. O dinheiro saía da conta do Inter para as mãos do dirigente, o que configuraria apropriação indébita.

    O MP-RS apurou que nove retiradas tiveram como destino a conta da Sinarodo, empresa de Affatato, em valor somado de R$ 701 mil. Esses depósitos ocorreram de maio a outubro de 2015.

    Entre fevereiro e dezembro de 2016, Affatato seguiu retirando valores no caixa do clube, diz o MP. Mas, em vez de usar o pretexto de adiantamento, teria passado a apresentar notas fiscais de empresas de construção civil. Em 10 meses, os saques somaram R$ 666.973,63. A investigação aponta Affatato como beneficiário de depósitos da Piratini Agência de Viagens, entre agosto e dezembro de 2016, no valor de R$ 169 mil.

    Carlos Pellegrini

    Conforme o Ministério Público aponta, o ex-vice de futebol teria feito contratações e renovações de contrato "mediante prévio ou posterior repasses de valores". Conforme a investigação, o dirigente e empresários, "em conluio, simulavam contrato em valores superiores ao pertinente e adequado, obtendo, dessa forma, vantagens financeiras em detrimento do clube, circunstância que pode caracterizar o delito de estelionato".

    Isso teria ocorrido na contratação do lateral-direito Paulo Cezar Magalhães. Dias depois de assinado o contrato com o jogador, seu tio Paulo César Magalhães depositou R$ 30 mil na conta do dirigente, conforme a investigação.

    Essa prática teria se repetido na contratação do zagueiro Réver, em que o agente Fernando Otto, responsável pela intermediação do negócio, transferiu R$ 19 mil para a conta de Pellegrini. Relação estreita também se estabeleceu com o empresário Rogério Braun, responsável pela renovação do lateral Cláudio Winck, pela venda do goleiro Alisson e pela contratação do centroavante argentino Ariel.

    Conforme o MP gaúcho, através de empresas ligadas ao agente Giuliano Bertolucci, o ex-dirigente Pellegrini recebeu R$ 70 mil, além de R$ 14.999 que foram transferidos para a conta de sua filha.

    O MP apurou também que, no período da gestão Piffero, houve na conta de Pellegrini depósitos em dinheiro, não identificados, que totalizaram R$ 333.440.

    Emídio Marques Ferreira

    Para o MP-RS, o ex-vice de patrimônio foi "personagem importante na estrutura delituosa montada no clube e com explícita participação nos fatos". Isso porque, para o MP, os adiantamentos tomados por Affatato eram justificados por notas de empresas que supostamente fizeram obras no Beira-Rio. Ou seja, teriam sido chancelados por Ferreira.

    O MP também apurou que a Pavitec, empresa de Emídio, recebeu R$ 5 mil da Pier Serviços. Isso dias depois de emitidas notas da Pier por serviços supostamente prestados ao Inter. O dono da empresa é Ricardo Bohrer Simões, que constava, conforme o MP, como responsável técnico da Pavitec e da Pavway, também de propriedade do ex-vice.

    A Egel, outra das empresas que emitiram notas ao Inter, fez três transferências, uma de R$ 41 mil para a Pavitec, e outras duas, de R$ 5 mil e R$ 3,4 mil, para a conta pessoal de Emídio.

    Alexandre Limeira

    O Ministério Público aponta que há elementos capazes de apontar o ex-vice de administração como operador financeiro do grupo de dirigentes e intermediário de valores repassados, ainda antes da gestão, pelo empresário Giuliano Bertolucci, a Vitorio Piffero e a Carlos Pellegrini.

    Pela investigação, Limeira teria usado sua empresa, a Stadium Consultoria e Assessoria Administrativa e Tecnológica Ltda., para distribuir R$ 150 mil transferidos por Bertolucci. O ex-vice de administração também teria sido destinatário de "valores oriundos, provavelmente, de práticas delituosas perpetradas por Marcelo Domingues Freitas e Castro", vice jurídico entre janeiro e maio de 2015.

    A investigação apontou ainda transferência de R$ 5.436, feita por pessoas ligadas à empresa CNX Controles de Acesso Ltda., para quem o Inter havia realizado 16 créditos entre novembro de 2015 e abril de 2017, em total de R$ 60.590.

    Marcelo Domingues de Freitas e Castro

    Vice jurídico de janeiro a agosto de 2015, teria usado uma empresa em nome de laranja para receber R$ 300 mil do Inter nesse período.

    A fonte dessas receitas seriam ações trabalhistas em que o clube era réu, com Castro e intermediários oferecendo acordos aos reclamantes. Ao aceitarem, os reclamantes tinham de fazer repasses a contas e empresas indicadas por Castro, o que configuraria lavagem de dinheiro.

    A investigação aponta que isso ocorreu em acordos judiciais feitos pelo Inter, por exemplo, com os atletas Danny Moraes e Christian.

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