O que você quer ser quando crescer?

"O que você quer ser quando crescer?" Essa pergunta é feita as crianças, não aquelas menores de 12 anos, me refiro aos jovens recém-chegados na faculdade e assustados com o mundo universitário.

Comigo não foi diferente. No curso de Direito, nos primeiros dias, um professor se atreveu a perguntar a cada aluno o que ele queria ser depois de formado.

Foram inúmeras as respostas dentre elas: advogado, juiz, delegado, professor universitário ... É claro que muitos responderam que ainda não tinham escolhido o futuro e também teve aqueles que disseram que queriam apenas concluir o curso. Eu respondi que queria ser DELEGADA, naquele momento a profissão estava em alta por conta da “delegada fodona” da novela das nove da Globo mas, no final eu descobri que tenho vocação.

Os anos se passaram e eu só queria passar nas provas e exames e não pegar nenhuma dependência para me livrar logo daquele pesadelo.

Cada ano era uma superação, um tormento contínuo que passou rápido, quando menos esperava já estava no último ano. Momento no qual optei por me dedicar ao trabalho de conclusão de curso, ignorando a pressão dos professores e da família para prestar a OAB posto que, não cogitava ser advogada, estava feliz com meu emprego de auxiliar de escrita fiscal, função que eu exercia desde meus 15 anos.

Mas tudo deu certo, consegui o diploma de bacharel em Direito e para ir “na onda da galera” resolvi prestar o exame da ordem. As coisas já não estavam boas no meu emprego, à crise atingiu a empresa então juntei o útil ao agradável e pedi demissão.

Foram aproximados seis meses dedicados a OAB, período no qual, o seguro desemprego e o “bico” de meio período do escritório de contabilidade do meu pai, me sustentaram. Novamente deu tudo certo, passei com êxito e me senti a "fodona".

Conquistei a profissão de advogada, mas, nada mudou, continuo sendo a auxiliar fiscal de sempre, a diferença é que meus colegas e familiares me procuram com frequência para dar consultoria grátis.

Sem emprego, sem seguro desemprego e com uma anuidade para pagar eu me pergunto que “bosta eu sou”? Eu sou mais uma com um título de advogada dentro os milhões que tem no Brasil e não era isso que queria ser quando crescer.

Estou tentando manter a sanidade e pensar positivo porque eu sei que não posso desistir das minhas metas posto que, elas me custaram muito esforço e dinheiro. Não vou me colocar no patamar do fracasso para não decepcionar os autores dos livros de autoajuda que tenho lido, mas, a verdade é que subi no monte Everest e não ganhei merda nenhuma.

Enfim, não quero que ninguém sinta “peninha” de mim, pois, todos estão preocupados demais com suas próprias decepções; mas, sei que existem muitos na mesma situação que eu e quero que eles apenas tenham a resposta daquela pergunta idiota porque, cada dia que passa é um dia a menos de vida e precisamos ter uma razão para viver, uma meta a ser atingida, um sonho a ser realizado, para não passarmos a vida toda sendo as mesmas “merdinhas” de sempre!