O racismo e o futebol
· Se há algo nojento é o racismo, ainda mais quando é tolerado por aqueles que deveriam adotar medidas punitivas severas.
Ele é antes de tudo, fruto da ignorância e da maldade. Ignorância porque proveniente de pessoas que demonstram um total desconhecimento da história e da ciência biológica, da maldade pela ânsia ofensiva irracional.
Nesta quarta-feira (8), no jogo da Libertadores entre Peñarol e Flamengo, parte da torcida uruguaia, pensando ofender a equipe brasileira, chamava-a de “macacos”. Alguns, mais exaltados no propósito, imitavam com gestos o animal em questão, aliás revelando um talento atávico como é de se esperar.
Pelo que sei, uma vez mais nada fez a Conmebol.
Isso me fez lembrar um episódio ocorrido no Estádio Olímpico, em 2011, defronte às sociais do dono da casa, quando o Zé Roberto aguardava para entrar em campo. Também foi chamado de macaco e também não aconteceu nada, muito embora eu tenha provocado o TJD da FGF.
Há vários outros exemplos desse tipo. Ainda bem que, com orgulho, podemos citá-los sem referir o Colorado.
Bem, todos reconhecem o glorioso papel do Sport Club Internacional na integração esportiva dos negros, até então segregados de algumas agremiações. O internacional é fruto disso, de um início generoso e, por consequência grandioso.
Sempre me questiono quanto a lógica daqueles que entendem que chamar alguém de macaco é ofensivo. Atente-se que no caso da América Latina, a pretensa ofensa independe da condição racial. Somos brasileiros e, portanto para eles, macacos.
O que pensam os ofensores acerca de nossas origens biológicas? Seriam eles fundamentalistas que creem no gênesis, ao ponto de imaginarem que surgimos do barro e de uma escultura divina?
Será que desconhecem minimamente a evolução das espécies e como chegamos ao que somos hoje? Desconhecem que o mais próximo do que somos hoje foi encontrado no Quênia e viveu há 6 milhões de anos? Desconhecem que todos os fósseis mais remotos do homem foram encontrados no que é hoje o continente africano? Desconhecem que evoluímos de animal muito próximo ao macaco?
É uma pena que isso ocorra justamente no esporte. As competições, as modalidades coletivas, a convivência destinada à conquista sempre foram meios para o rompimento de preconceitos abjetos.
Entretanto, para que isso não se repita é fundamental que as autoridades responsáveis pelo futebol adotem uma postura inflexível. Apenas com a punição exemplar do clube ou da agremiação, será possível banir a prática discriminatória.
· Enquanto isso, na vida que segue, está tudo bem para o Internacional na Libertadores. Gostei do resultado do jogo com o River. Serviu para alertar quanto a possibilidade de falhas e para afastar qualquer pensamento ufanista, conhecido como “salto alto”.
É possível sim a conquista do almejado TRI, sem perder de vista a nossa participação no Brasileirão. Não podemos desperdiçar pontos que nos farão falta lá adiante.
Como já disse, essa direção nos deve um título.
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