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25 de Maio de 2024
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    O rombo do Carrefour e o tombo da Deloitte

    Existe uma expressão popular que preconiza Nada é tão ruim que não possa piorar. Esse ditado, de certo modo, sintetiza o caso de duas empresas conhecidas dos brasileiros: Carrefour e Deloitte.

    Em meados deste ano, a rede varejista, auditada pela Deloitte, anunciou que havia descoberto um rombo de R$ 185 milhões na filial brasileira. Na semana passada, veio a bomba: o prejuízo é na verdade sete vezes maior: R$ 1,2 bilhão.

    A Deloitte, por sua vez, viu novamente sua credibilidade ser abalada. Há menos de um mês, o Banco Central descobriu um rombo de R$ 2,5 bilhões na contabilidade do Banco PanAmericano, que também era seu cliente.

    Mais: de acordo com o jornal britânico Financial Times, Arnold McClellan, ex-sócio da consultoria nos Estados Unidos, teria vazado informações confidenciais sobre fusões planejadas por clientes da consultoria.

    Na terça-feira 30, Lars Olofsson, presidente mundial do Carrefour, reuniu os analistas de mercado para falar sobre os desdobramentos, para pior, do escândalo.

    A descoberta da nova cifra fez o dirigente subir o tom. Durante o encontro, ele garantiu que iria tirar toda a sujeira debaixo do tapete: Nós estamos determinados a fazer o que for preciso para chegar até o fundo do que eu chamo de má gestão, disse Olofsson, referindo-se ao período no qual a filial foi comandada pelo francês Jean Marc Pueyo.

    O discurso duro se deve à importância estratégica do Brasil dentro da corporação. Os R$ 25,6 bilhões faturados aqui, em 2009, representam 11% das vendas globais da rede. Por conta disso, Olofsson descartou a possibilidade de venda da filial. Isso, porém, não foi o bastante para acalmar os investidores.

    Um dia após a conferência, as ações da companhia chegaram a cair 8,35% na Bolsa de Valores de Paris. É que a perda no Brasil terá impacto direto no lucro do Carrefour. Procurada pela DINHEIRO, a Deloitte se limitou a enviar um comunicado no qual defende o trabalho feito por seus auditores.

    O caso Carrefour, no entanto, põe em evidência a seguinte questão: como é que em apenas 18 semanas a KPMG enxergou algo que a Deloitte não viu em cinco anos? A fraude contábil é um processo que envolve diversos profissionais. Dificilmente um rombo dessa magnitude passa despercebido em um processo independente de checagem, argumenta Marcos Assi, coordenador do MBA de gestão de riscos e compliance da Trevisan Escola de Negócios.

    Eles tiraram a laranja podre do cesto. Agora, é preciso ir além e mudar os mecanismos de controle da empresa, completa Assi. Segundo fontes da subsidiária, essa é exatamente a tarefa de Luiz Fazzio o novo homem forte do Carrefour Brasil, que assumiu o posto no final de julho.

    Amandine Cuinet, porta-voz da matriz do Carrefour, afirma que a principal cartilha do executivo serão as posturas definidas pelo Comitê de Ética e incluídas no código de conduta, recém-elaborado. Em setembro, a companhia definiu novos processos de auditoria interna que têm de ser seguidos por todo o grupo, diz ela à DINHEIRO.

    Com passagens por C&A e Pão de Açúcar, Fazzio é tido como um gestor implacável. Ele busca resultados positivos a qualquer custo e não se importa em eliminar benefícios ou demitir pessoas, conta um profissional que trabalhou com ele. As primeiras vítimas foram quatro diretores que atuaram na gestão Pueyo.

    Para entender o imbróglio do Carrefour é preciso conhecer algumas especificidades do mercado varejista brasileiro. Na gestão Pueyo, os números do balanço foram inflados graças a manobras contábeis em duas vertentes: estoques das lojas e bonificações recebidas dos fornecedores.

    No início do ano, o Carrefour fazia um planejamento prevendo os descontos que iria conseguir com os fornecedores. Só que, ao longo do ano, o montante não era confirmado e, mesmo assim, o valor inicial era lançado na contabilidade gerando uma receita artificial. Sem contar que muitas vezes os estoques não eram atualizados. Além disso, o rombo inclui provisões para cobrir ações trabalhista.

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