O supremo do Supremo...
Por Antonio Silvestri, advogado (OAB-RS nº 17.672).
asilvestri@terra.com.br
O Supremo chegou ao supremo paradoxo. Quando não se tem autocrítica e não se aceita crítica, apela-se para o autoritarismo travestido de autoridade. O Supremo chegou ao supremo limite. Perdeu a autoridade e está arruinado moralmente perante a sociedade. Resta-lhe escudar-se no autoritarismo.
E já fico em posição de defesa, pois sei lá o que poderá vir sobre mim a partir do que digo aqui. Afinal, criticar é direito do cidadão. Mas criticar o Supremo é ato de supremo ataque que deve ser investigado. O Supremo chegou ao supremo limite de investigar, julgar e condenar.
Assalta-me uma pergunta: estaria revogada a lei da justiça cega? Porventura o investigador Supremo, que também vai julgar e condenar, despojar-se-á das vendas da Themis e sairá por aí, de olhos livres e abertos, buscando cretinos que ousam “atacá-lo”?
Cadê a dona Imparcialidade? Por onde anda a dona Imparcialidade? Alguém viu a dona Imparcialidade, senhor Supremo?
Como seria bom se o Supremo admitisse que também erra, pois a descoberta de um erro não há de ser lamentada. Ela é a chave que abre a porta para dele fugir, cuja saída vai dar na liberdade do acerto. Quem erra e não descobre seu erro é um coitado. Quem erra, descobre seu erro e lamenta é um doente. Quem erra, descobre seu erro e comemora é um sábio.
Faz tempo, muito tempo, longo tempo que não consigo ver a dona Imparcialidade ocupando o espaço que lhe é (ou deveria ser) próprio na sua casa, Eminente Supremo. Por onde andará a dona Imparcialidade?
Faz tempo! Ah, o tempo! Tenho uma saudade danada dos tempos. Dos tempos em que eu assistia ao Supremo e não tinha saudade dos tempos. E tenho um medo danado. Um medo de pensar que os tempos de agora me destruam a saudade que sinto dos tempos de outrora e me façam perder as esperanças nos tempos de daqui pra fora.
Afinal, se enquanto eu estiver por aí, avançando pelos tempos, continuar não tendo saudade dos presentes tempos, será porque as únicas coisas boas destes tempos serão a saudade sentidas de passados tempos. Temo, assim, que o passar dos tempos me troquem a suprema saudade de um Supremo de outrora pela suprema decepção de um Supremo de agora.
Meu Supremo do meu Brasil Pátria Amada, imploro-lhe não permitir que a saudade dos tempos só me preencham os tempos com os tempos das saudades!
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