OAB suspende advogado que levaria seis celulares em muleta para preso
O Tribunal de Ética da OAB de São Paulo suspendeu preventivamente na sexta-feira (19), por 45 dias, o advogado Roberto José Fiore, preso em agosto ao ser flagrado tentando passar uma muleta com seis celulares escondidos para um preso, durante audiência no Fórum de Araraquara (273 km de São Paulo).
"Só prestei um favor e me dei mal" - afirma Fiore.
Na prática, ele não poderá advogar durante esse período, em que o TED pretende concluir o processo ético-disciplinar.
O advogado Mário de Oliveira Filho - que defende o colega suspenso - informou que vai entrar com um pedido de recurso no Conselho Seccional da OAB de São Paulo nesta segunda-feira (22).
"Não tem elementos para fazer uma suspensão provisória. O processo sequer tem audiência marcada. Não levaram em consideração a presunção da inocência", disse Oliveira Filho.
Em setembro, Fiore - que chegou a ficar preso - foi transferido da Penitenciária de Araraquara para 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar, na capital paulista, porque teria sofrido ameaças dos detentos. Posteriormente, ele obteve autorização judicial para cumprir a prisão em regime domiciliar.
Eu recebi um pedido da mãe de um detento que participaria, mais tarde, de uma audiência no foro para que entregasse a ele a muleta nova" - explicou no dia dos fatos (28 de agosto).
Segundo a versão da polícia, Fiori, de 43 anos, chegou ao prédio do foro por volta das 14h levando uma muleta de ferro revestida com adesivo semelhante à madeira, que seria entregue a um réu, mas policiais militares desconfiaram e na revista encontraram dentro da peça de apoio os seis aparelhos juntamente com os carregadores.
Fiore foi detido em flagrante acusado de envolvimento com quadrilha armada e introdução de celular em unidades prisionais. O advogado defende réus acusados de envolvimento com uma facção criminosa que atua no Estado de São Paulo.
Por determinação do juiz da 2ª Vara Criminal de Araraquara, Fiore responde pelos crimes em prisão domiciliar.
Trabalhos anteriores do advogado
Reprodução/EPTV Roberto Fiori cumpre prisão preventiva domiciliar.
Roberto Fiori ficou conhecido na cidade por sua atuação e defesa pelo direito dos presos. Ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, Fiori deixou a comissão em 2010 após seis anos de atuação.
Em 2006, quando uma grande rebelião que envolveu 1.800 presos destruiu completamente a Penitenciária de Araraquara, o advogado foi o principal interlocutor entre os detentos. Fiori denunciou a situação das instalações do presídio destruído e acompanhou todo o processo de transferência de presos até a reconstrução.
Fiori também encaminhou denuncias de superlotação e maus-tratos à Corte de Direitos Humanos das Organizações da Nações Unidas. Representantes do órgão fizeram vistorias em Araraquara.
No começo de 2009, a Corte decidiu arquivar a representação contra o Brasil depois que o país assinou um acordo para a construção de novos presídios no Estado de São Paulo para minimizar o problema da superlotação. Nesse período, o advogado também fez denúncias das condições de higiene e da precariedade do atendimento de saúde aos detentos de Araraquara.
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