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16 de Junho de 2024
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    Operação da COINPOL e GAECO prende Delegado e Policiais Civis

    Cinco Policiais Civis - inclusive um Delegado -, além de um agente penitenciário e um advogado foram presos nesta quarta-feira (01/06) por envolvimento em esquema de cobrança de propina de contraventores e empresários em troca de benefícios em investigações. A Operação Alçapão foi deflagrada às 5h pela Corregedoria Interna da Polícia Civil (COINPOL) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

    A denúncia do GAECO foi recebida pela 3ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, que, além da decretação das prisões preventivas, atendeu ao requerimento do MP para realização de buscas em 29 endereços e afastamento dos réus de suas funções públicas. Durante a operação, foram apreendidos, em uma mala, cerca de R$ 210 mil.

    Foram presos os Policiais Civis Henrique Faro dos Reis (Delegado titular da 104ª DP - São José do Vale do Rio Preto), Márcio Coutinho Braga, Ronaldo Antunes Blanco, Carlos Alberto Donato da Cruz Monteiro (conhecido como Betinho ou Donato) e Alexandre da Silva Gonçalves, o agente penitenciário José Carlos Pate dos Santos, o advogado Álvaro Monteiro Rolla e o informante Willian Barros Pereira. Estão foragidos os Policiais Jerônimo Pereira Magalhães (o Magal) e Jorge Gomes Barreira.

    Também foram denunciados pelo GAECO, os Policiais Civis Cláudia Barbosa Gonçalves e Carlos Alberto dos Anjos; o diretor de segurança do Estaleiro Mauá, Wagner de Oliveira, e o gerente o Supermercado Guanabara/Niterói, Ademilson Madalena da Silva.

    Entre os crimes pelos quais os 15 réus foram denunciados estão formação de quadrilha armada, prevaricação e corrupção.

    "O GAECO não atua sozinho, e, desta vez, a colaboração das 4ª e 7ª PIPs da 2ª Central de Inquéritos foi determinante para o êxito da operação. O MPRJ e a sociedade só têm a ganhar com esse tipo de entrosamento entre órgãos encarregados de combater o crime organizado", assinalou o Coordenador do GAECO, Promotor de Justiça Claudio Varela.

    Contravenção

    A denúncia do GAECO, com base em inquérito da COINPOL, descreve detalhadamente o modo de agir dos criminosos. De acordo com denúncia, os Policiais - lotados na 76ª DP (Niterói), na 72ª DP (São Gonçalo) e na 81ª DP (Itaipu) à época dos fatos - montaram um verdadeiro "balcão de negócios" nestas delegacias.

    O grupo integrado pelos Policiais Jerônimo Pereira Magalhães (o Magal), Márcio Coutinho Braga, Ronaldo Antunes Blanco, Carlos Alberto Donato da Cruz Monteiro (o Betinho ou Donato), Alexandre da Silva Gonçalves e Jorge Gomes Barreira cobrava quantias de contraventores para não reprimir o jogo do bicho e a exploração de máquinas caça-níqueis nos municípios de São Gonçalo e Niterói. Os valores eram recebidos por Magal, chefe do Setor de Homicídios da 72ª DP, que os distribuía para os demais denunciados.

    Além de não reprimir as atividades dos contraventores, os Policiais, em especial Barreira, "vazavam"informações sobre operações contra os jogos ilegais antes de elas serem realizadas.

    Atual chefe do Setor de Homicídios da 76ª DP, Gonçalves foi reconhecido como proprietário de máquinas caça-níqueis, que funcionavam até na Rua 18 do Forte, onde funcionava a 72ª DP, da qual era chefe do Setor de Investigação. De acordo com a denúncia, ele também foi segurança do ex-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA) Aílton Guimarães Jorge (o Capitão Guimarães), que será intimado a prestar depoimento à Justiça, como testemunha arrolada pelo MPRJ.

    Camisas para o Sambódromo

    Já o Policial Fernando Eduardo de Almeida Campos, formalmente lotado na 78ª DP (Fonseca), mas exercendo suas funções no Departamento Geral de Polícia do Interior, no prédio da Chefia de Polícia Civil, foi denunciado por corrupção passiva. Ele fez contato com Barreira, pedindo três camisas para o Setor 11 do Sambódromo, no Desfile das Campeãs. Este, por sua vez, transmitiu o pedido a um representante do Supermercado Guanabara, prometendo tratamento privilegiado em todas ocorrências envolvendo o estabelecimento.

    A recusa do supermercado em atender o pedido provocou a ira de Campos, que determinou "mordomia zero" para casos envolvendo a empresa.

    Propina paga em mercadorias

    Em outra situação, porém, o gerente do Supermercado Guanabara em Niterói, Ademilson Madalena da Silva, negociou pagamentos ao delegado Henrique Faro dos Reis, a Barreira e a Carlos Alberto dos Santos Anjos (o Carlinhos) para que a 76ª DP acelerasse inquéritos que tratassem de crimes patrimoniais praticados por funcionários contra a empresa.

    A "propina"era paga na forma de mercadorias, retiradas gratuitamente em duas filiais.

    Estaleiro Mauá

    Outro fato descrito na denúncia envolve Gonçalves, Barreira, a comissária de Polícia Civil Cláudia Barbosa Gonçalves, o gerente de segurança patrimonial do Estaleiro Mauá, Wagner de Oliveira, e o agente penitenciário José Carlos Pate dos Santos, que faz segurança no estabelecimento.

    Oliveira e Santos intermediaram o pagamento de propina para que os agentes da 76ª DP dessem tratamento privilegiado à investigação de um inquérito policial envolvendo o estaleiro.

    Crimes

    Com exceção de Campos, todos foram denunciados pelo crime de formação de quadrilha. Os Policiais responderão por corrupção passiva e, no caso de Magal, por prevaricação. Os seguranças do estaleiro e o gerente do supermercado serão processados por corrupção ativa.

    Além deles, o advogado Álvaro Monteiro Rolla e o informante Willian Barros Pereira também foram denunciados por terem participado, com Gonçalves e Barreira, de negociações envolvendo uma padaria no Barreto (Niterói), que estaria praticando furto de energia elétrica ("gato").

    Willian, que até então não havia sido identificado, foi denunciado na manhã desta quarta-feira, tão logo chegou à sede da COINPOL, no Centro do Rio, para averiguações. O grupo de Promotores que estava desde cedo de prontidão fez um acréscimo à denúncia, tendo sido prontamente requerida sua prisão preventiva, que foi deferida pelo Juízo da 3ª Vara Criminal de São Gonçalo.

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