Operação Monte Pollino: MPF/SP pede condenação de cúpula da quadrilha que traficava cocaína para a Europa
Provas indicam envolvimento direto de chefes e auxiliares em tentativas de remessa de quase 240 quilos da droga ao exterior
Os seis denunciados formam o núcleo principal da organização e estiveram comprovadamente envolvidos em pelo menos três dos vários episódios de tráfico. No primeiro deles, em janeiro de 2013, a quadrilha tentou enviar 44 quilos de cocaína para a Bélgica pelo porto de Munguba, na divisa entre o Amapá e o Pará. No mês seguinte, os envolvidos acondicionaram 174 quilos da droga em contêineres de um navio cargueiro que partiu de Santos também com destino a um terminal belga.
Nos dois casos, policiais interceptaram a carga e evitaram que a transação fosse concluída. Em julho daquele ano, antes mesmo que o carregamento fosse exportado, os agentes encontraram outros 20 quilos do entorpecente que pertenciam ao grupo criminoso em um depósito em Vitória do Jari, no Amapá.
A pena prevista na Lei 11.343/06 para o crime de tráfico de drogas varia de cinco a 15 anos de prisão e multa, e para o de associação criminosa, de três a 10 anos e multa. No entanto, a transnacionalidade dos delitos, a natureza e a grande quantidade de entorpecente e as consequências danosas dos ilícitos praticados são agravantes para a majoração da pena, argumenta a procuradoria.
Organização - As diligências mostraram que as tarefas eram coordenadas e executadas de acordo com as funções estabelecidas a cada integrante da quadrilha. Dois dos denunciados exerciam a liderança, atuando na gestão operacional. Eles recrutavam os membros, distribuíam incumbências, controlavam seu cumprimento e contabilizavam os lucros.
Duas mulheres eram encarregadas do financiamento das ações. Uma em auxílio à outra, elas recebiam os pagamentos feitos por compradores da cocaína na Europa, acionavam comparsas e financiavam diretamente o envio da droga para o exterior. Os valores entravam no Brasil em dólar, sem qualquer controle do Banco Central. Há indícios de que a autora dessas movimentações estava ligada também a outros esquemas bilionários de remessa ilegal de moeda estrangeira.
O segundo escalão da organização era composto por pessoas que, embora responsáveis pela execução das tarefas, tinham a confiança e o respeito dos líderes e eram consultados em diversas ocasiões sobre as decisões a serem tomadas. Faziam parte deste subgrupo a mulher de um dos chefes do bando e um homem identificado como auxiliar direto dele.
O número da ação é 0003148-30.2014.403.6104. Para consultar a tramitação, acesse http://www.jfsp.jus.br/foruns-federais/.
Denúncias - A quadrilha integra uma ampla rede criminosa, com ramificações em diversos países e ligações com a máfia italiana Ndrangheta, que opera na região da Calábria. Os integrantes já foram denunciados em cinco ações penais. Em uma delas, a Justiça Federal condenou o traficante Vinícius Alberto Caetano Lopes a oito anos e dois meses de prisão. Ele participou de uma tentativa frustrada de envio de 62 quilos de cocaína à Europa em agosto de 2013. A droga estava na casa do réu, em Praia Grande. Na ocasião, Vinícius foi preso em flagrante.
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