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17 de Junho de 2024
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    Opinião - Minhas finanças

    há 6 anos

    A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada no último dia 5 de janeiro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontou o percentual de 62,2% de famílias endividadas em dezembro. Proporcionalmente, 25,75% dessas famílias estão com dívidas ou contas em atraso e 10,1% declaram que não tem condições de pagá-las. Assim, o primeiro mês do ano é um bom momento para pensar em finanças pessoais e fazer um planejamento.

    Quatro verbos são essenciais para o desenvolvimento de sua vida financeira: ganhar, gastar, poupar e investir. Os brasileiros não têm informação e educação nesse sentido, o demonstra o percentual elevado de endividamento das famílias. O descontrole da vida financeira é um fator que dificulta a obtenção de maiores graus educacionais, a saúde plena, lazer e um bom relacionamento social.

    Situações de acúmulo de dívidas iniciam um círculo vicioso. O não pagamento no prazo gera a cobrança de juros e o aumento do débito a cada mês. As empresas destinadas às cobranças começam as tormentosas ligações e o envio de notificações. A preocupação com a falência econômica prejudica o relacionamento familiar e progride, em muitos casos, até a crise da saúde do indivíduo pelo estresse.

    Em que pese pareça algo simples, a consciência de que a pessoa somente pode gastar aquilo que ela efetivamente ganha se perde na falta de educação financeira. A estratégia de venda de produtos pelo parcelamento do valor do bem e a demonstração do vendedor de que aquela parcela cabe em seu orçamento mensal conduzem muitos para a aquisição financeiramente inadequada de bens e serviços. Pagar juros é dificilmente um bom negócio, mas é algo que o cidadão brasileiro tem o hábito de fazer, especialmente pela falta de educação financeira.

    Adicione a essa situação outros dois fatores que contribuem decisivamente para o empobrecimento das famílias brasileiras: o marketing agressivo de vendas como impulsionador do consumismo e os abusos das empresas creditícias/financeiras. Investimento em tecnologia de ponta para levar o cidadão a consumir, sem fornecer-lhe educação financeira. Abusos na cobrança de taxas ilegais e juros abusivos nos contratos de crédito firmados.

    Não importam as razões que levaram o cidadão ao acúmulo de dívidas, para restabelecer sua saúde financeira, alguns passos são muito importantes: 1) Faça um levantamento por escrito das receitas (aquilo que você ganha) e das despesas (todos os gastos cotidianos mais as dívidas acumuladas). Seja em um caderno, em planilhas de cálculos no laptop ou em aplicativos de smartphone, tudo deve ser posto de forma clara. 2) Verifique as dívidas que possuem juros mais altos, essas devem ter preferência no pagamento (geralmente o cartão de crédito). 3) Procure renegociar as dívidas. Cuidado com a renegociação, pois os juros não podem ser embutidos no valor do débito, de forma que você seja obrigado a pagar juro sobre juros, uma prática abusiva comum. Procure os órgãos de proteção ao consumidor nesses casos (Procon, Defensoria Pública ou OAB). E mais, você não pode ser impedido de pagar uma parte da dívida, caso não disponha do valor integral. 4) Por fim, corte as despesas até limitá-las aos seus ganhos e não faça novas dívidas.

    Uma dica útil para fazer seu planejamento financeiro é consultar o site do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) que possui uma planilha simples e com diversas instruções para que você realize seu plano pessoal de finanças. Para quem gosta de ter tudo à mão no smartphone, diversos sites oferecem aplicativos com esta funcionalidade.

    Se você nunca fez um plano de receitas e despesas, faça a experiência, pois descobrirá como conduz sua vida econômica. Caso já faça, a atualização das formas de acompanhamento é interessante, especialmente pelos novos meios tecnológicos que facilitam a memória da evolução de sua vida econômica. O planejamento financeiro é a melhor forma de reduzir os danos decorrentes da instabilidade da economia. Mostrar esse planejamento aos seus filhos e conscientizá-los da importância e dos efeitos em suas próprias vidas é uma das formas de dar-lhes conhecimento do tema.

    Pegar caneta e papel, abrir um arquivo, pode ser uma experiência assustadora após o início do ano. Dívidas passadas, gastos exagerados das férias, filhos reingressando em escolas, impostos do início do ano. Mas deixar de organizar não vai reduzir os juros ou solucionar os dramas financeiros. Para o ano ser verdadeiramente novo é preciso começar a organizar a casa. Os resultados deste controle financeiro são recompensadores. Faça o teste, comece hoje.

    Confira a entrevista concedida pela Defensora Pública Sandra Cristina Alves à Rádio Metrópole FM (105,9 KhZ), na manhã desta quinta-feira (18), sobre o superendividamento:

    1º Bloco

    2º Bloco

    3º Bloco

    4º Bloco

    Sandra Cristina Alves é Defensora Pública do Estado e atua na Comarca de Várzea Grande.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/opiniao-minhas-financas/552647350

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