Painel de educação promoveu reflexão para a construção de um trânsito seguro

Porto Alegre (RS) – “Estatísticas sobre vítimas em decorrência de acidentes no trânsito não são números, são rostos”, alertou Daniela Fernandes Nunes, da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, no Painel de Educação realizado na sexta-feira, 15, no Auditório 19 de Maio da Sede Institucional, em Porto Alegre. No evento promovido pelo setor de Saúde Ocupacional da Defensoria Pública, especialistas falaram sobre a importância do incentivo à sensibilização para uma mudança de comportamento dos usuários dos sistemas viários pelo viés educacional, cultural e solidário no trânsito.

Com ênfase na valorização da vida, alternando compartilhamento de experiências e transmissões de vídeos com teores reflexivos, o painel ressaltou a possibilidade da prevenção de acidentes e a formação de condutores e pedestres mais responsáveis e sensíveis no convívio coletivo nas vias. Além disso, enfatizou a necessidade de a temática do trânsito ser tratada também pelo viés de saúde devido a suas repercussões para o sistema de saúde pública do Brasil.

Mediando a atividade, o Defensor Público Juliano Viali dos Santos comentou a respeito de a Defensoria Pública contribuir para a construção de estratégias para um trânsito seguro propondo aperfeiçoamentos em legislações e realizando projetos e ações com caráter educacional. “Uma das nossas funções como Defensor é ter um olhar diferente. É nesse espírito que precisamos sensibilizar a troca de condutas como o uso do celular na direção e a solidariedade com o diferente no trânsito”.

Os Agentes da Equipe de Educação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Jurânes Guimarães de Castro Júnior e Marcelo Antônio Hidalgo Madruga, falaram sobre projetos e campanhas de educação no trânsito realizadas em escolas e universidade de Porto Alegre e com os setores público e privado. “Damos prioridade para iniciativas de médio e longo prazo, cujo engajamento de gestores e da população convirja na harmonia do uso do espaço público e na promoção da cidadania”.

Juranês e Marcelo informaram que o excesso de velocidade, o uso de substâncias diminutivas da capacidade psicomotora e a condução sem habilitação são as principais infrações relacionadas às causas de acidentes no trânsito. Alertaram ainda sobre a “pirâmide do trânsito”, a qual o pedestre deveria ter prioridade, mas, hoje, está em desvantagem diante de carros, motos e veículos transportadores de cargas e passageiros. Em paralelo a isso, Marcelo Cunha, do Balada Segura da EPTC, relatou as ações de prevenção e como são feitos os testes com bafômetro, inclusive aplicando em servidores da Defensoria.

Caroline Bohrer do Amaral, do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul, tratou sobre as consequências das escolhas feitas diariamente por todos, cujos efeitos, às vezes, não são levados em consideração e tomados de impulso. “Escolhas demandam responsabilidade. Ao fazê-las assumimos riscos conforme nossa escala de valores e princípios”. E concluiu pedindo cuidado no uso do celular na condução de veículos, pois ao visualizá-lo por 5 segundos a 100 km/h ser o mesmo que guiar por cerca de 150 metros de olhos vendados.

Já Daniela Fernandes Nunes, da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga que desenvolve o projeto Vida Urgente, expôs o trabalho de acolhimento realizado com as famílias que perderam parentes e as ações informativas e educacionais visando à multiplicação do sentimento de valorização da vida e mudança de comportamentos no trânsito. Daniela chamou a atenção para a combinação perigosa entre o álcool, a direção e uso de celular, este último “fomentador de seis vezes mais chances de acidentes e correspondente a quatro copos de cerveja”.

Tendência

O Subdefensor Público-Geral do Estado para Assuntos Jurídicos, Tiago Rodrigo dos Santos, informou o estudo pela Administração Superior da Defensoria Pública sobre a possibilidade de em futuros concursos para a carreira de Defensor Público ser incluído questões da Legislação de Trânsito.

Ideias

Dentre as sugestões levantadas para um trânsito seguro, Juliano Viali dos Santos considerou ser importante a inclusão no Código de Trânsito Brasileiro conceitos de educação com foco no “cuidar das pessoas”, mais campanhas educativas para o incentivo do uso do cinto de segurança, ainda em desuso em muitas cidades do interior do Rio Grande do Sul e finalizou advertindo para a urgência de se discutir alternativas que levem ao aperfeiçoamento do processo judicial relacionado aos acidentes de trânsito, hoje, judicializado e julgado por agentes que nunca estudaram a fundo a legislação de trânsito.

Alerta

Cerca de 40% dos óbitos registrados na adolescência são decorrentes de acidentes de trânsito; mais de um (1) milhão de acidentes ocorrerem anualmente no mundo; a cada 15 minutos uma pessoa perde a vida em razão de um incidente viário; um atropelamento acontece de 7 em 7 minutos; e em menos de um (1) minuto um novo acidente é registrado.

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Texto: Vinicius Flores/AscomDPERS
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