Papel da Iniciação Científica é destaque em seminário

O 2º Seminário Estadual de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) será realizado nestas quinta (20) e sexta-feira (21), no Othon Palace Hotel, com a presença de estudantes e pesquisadores de todo o Estado.

São cerca de 320 participantes convidados, que apresentarão 170 trabalhos desenvolvidos com a participação de bolsistas do Programa de Iniciação Científica da Fundação, destinado a alunos de graduação e com papel estratégico na formação de pesquisadores, podendo ser o primeiro passo na formação de um cientista.

A iniciativa tem o objetivo de debater o papel da iniciação científica na formação do pesquisador e na geração de produtos e desenvolvimento socioeconômico, promovendo a troca de experiências entre estudantes e professores de diferentes universidades e centros de pesquisa. A programação inclui duas palestras relacionadas à importância da iniciação científica na formação do pesquisador e uma mesa-redonda, que abordará a proteção intelectual e a aproximação com o mercado.

A mostra dos projetos inscritos será nesta quinta-feira (20), a partir das 16h. Os trabalhos, em forma de pôster, serão avaliados por uma comissão julgadora que premiará os três melhores. Mais informações sobre o evento estão disponíveis em http://www.fapemig.br/seminario.

Formando cientistas

Os investimentos da Fapemig em bolsas de estudo para diversas modalidades devem atingir, em 2008, o montante de R$ 30 milhões para 4.500 estudantes e pesquisadores, um crescimento de 20% em relação ao ano passado, quando a Fundação liberou R$ 25 milhões para 3.944 pessoas. O processo para repasses de recursos também se tornou mais simples e ágil. Hoje, o valor das bolsas varia de R$ 100, para o programa de iniciação científica BIC Jr, a R$ 5.200 para pesquisadores visitantes.

Os resultados de investimentos como esses podem ser notados no destaque que Minas Gerais tem conquistado no cenário nacional. Um exemplo recente é o do Prêmio Jovem Cientista, promovido anualmente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Neste ano, das 12 premiações concedidas, 5 foram para Minas Gerais.

Na categoria Estudante de Ensino Médio, o primeiro lugar foi de Júlia Soares Parreiras, que desenvolveu o projeto vencedor como bolsista de Iniciação Cientifíca Júnior da Fapemig. Hoje, Júlia é estudante de psicologia da UFMG e receberá uma nova bolsa da agência de fomento; dessa vez, na categoria Graduação.

Sob a orientação das professoras Andréa Marques Guimarães e Fátima de Cássia Oliveira Gomes, Júlia e a colega Verônica Pinheiro Santos desenvolveram um método simples de desinfecção da água, que consiste na exposição da água ao sol, dentro de garrafas pet. O calor aumenta a temperatura da água em até 74ºC, tornando inativas as bactérias. O sistema já foi implantando em casas do entorno do Rio das Velhas, com o objetivo de melhorar a qualidade da água usada pela população para cozinhar e tomar banho."A idéia surgiu quando observei garrafas Pet em cima de telhados em algumas cidades do interior de Minas Gerais. O método me chamou a atenção e procurei viabilizá-lo para maior utilização pelas populações carentes", explica Júlia, que vê, a partir do prêmio, uma possibilidade de continuar suas pesquisas.

Não foi a primeira vez que uma bolsista Fapemig recebeu o Prêmio Jovem Cientista. Em 2005, a então estudante de Ensino Médio Natália Evélin dos Santos, do Centro de Pesquisas René Rachou, também recebeu, das mãos do presidente Lula, o prêmio por um projeto que revelou que os métodos sorológicos utilizados para diagnóstico da doença de Chagas, muitas vezes, levam a resultados falso-positivos, falso-negativos ou inconclusivos.

Além dos benefícios práticos, a bolsa cumpre o papel de formar pesquisadores e despertar a vocação para a ciência. Um bom exemplo é o médico veterinário Ricardo Tostes Gazzinelli, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal de Minas Gerais, que foi um dos ganhadores da versão 2007 do Troféu Scopus (banco de dados internacional de artigos científicos), colocando-o entre os 15 maiores pesquisadores do país.

"Fui bolsista do CNPq durante os dois últimos anos da minha graduação em veterinária. Trabalhava com avaliação química e nutricional de ração para animais. Pretendia seguir carreira acadêmica e a participação no projeto confirmou minha escolha", diz Gazzinelli. O veterinário possui pesquisas financiadas pela Fapemig e coordena a Rede Mineira de Biomoléculas, que estuda as proteínas presentes no veneno do escorpião amarelo.

O estudante do ensino médio Erick Jhonson Candeias há dois anos é bolsista do programa de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (BIC Jr) da Fapemig. Ele ressalta a importância da bolsa no estreitamento da sua relação com a ciência. "Antes eu via a ciência como algo completamente mitificado. Hoje descobri que a pesquisa está muito mais presente na nossa vida do que pensamos", afirma.