Papel de marqueteiros em campanhas eleitorais passa por redimensionamento
O filme Our Brand is Crisis (2015) retrata os bastidores da campanha presidencial boliviana de 2002, especialmente sob o ponto de vista da atuação fundamental da marqueteira, interpretada por Sandra Bullock, que revoluciona o desenrolar das eleições.
Sem alterar o caráter e as convicções do candidato, a marqueteira consegue, por meio da manipulação da imagem transmitida ao eleitor, obter os votos necessários à sua eleição. A marqueteira deixa claro ao candidato que ele deve, durante a campanha eleitoral, ser seu fantoche para que possa convencer aos eleitores de que se distingue dos demais e, por isso, é digno de representá-los.
A postura e o trabalho da marqueteira no filme se aproximam bastante do observado nas últimas décadas em democracias representativas contemporâneas, em que os marqueteiros exerceram significativa pressão sobre a balança eleitoral. Não é exagero afirmar que houve situações em que venceu a melhor campanha e não necessariamente o melhor candidato. Essa essencialidade do marqueteiro para o processo político, contudo, parece passar por inexorável influxo reflexivo, que pode ser acelerado por acontecimentos apenas indiretamente ligados às metamorfoses do governo representativo.
No dia 22 de fevereiro, em mais um desdobramento da operação “lava jato”, foi determinada a prisão temporária de João Santana e sua esposa e sócia, Monica Moura, marqueteiros responsáveis por recentes campanhas presidenciais nacionais e internacionais. Sem ingressar no mérito quanto à legalidade de mais uma prisão preventiva antecipatória de pena, fato que tem se tornado regra no âmbito da operação, o acontecimento repercutiu não apenas para aqueles que se valeram dos serviços prestados pelos investigados, mas também para estrategistas e marqueteiros políticos pelo Brasil.
Desde a redemocratização observada nos últimos anos da década de 1980, o marketing político ganhou cada vez mais importância para a definição dos vencedores das campanhas eleitorais no Brasil. A influência dos meios de comunicação – principalmente após a edição da lei que garantiu o horário político gratuito – na formulação da consciência do eleitorado não só é certa como indispensável para a vitória na corrida eleitoral. De fato, os meios de comunicação de massa, hoje, são mais imp...
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