Petrobras reclama de prejuízos e aéreas criticam elevação rápida de preços de combustíveis
A Petrobras adotou "durante um longo período" preços dos combustíveis bem abaixo dos praticados no mercado, segundo afirmou Flavio Tojal, representante da Petrobras, em reunião realizada nesta segunda-feira (26) pela Comissão de Reforma do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA). A empresa, acrescentou, está desde o ano passado buscando um realinhamento de preços, o que produz um impacto em todos os setores econômicos que lidam diretamente com os combustíveis.
O diretor-geral da Associação Brasileira de Táxis Aéreos, Enio Paes, que integra a comissão, reclamou que a Petrobras deveria praticar um realinhamento gradual, uma vez que seu setor e outros têm sido fortemente atingidos pela crise.
— Se ficou oito anos sem reajustes, que fosse também gradual na fase de recuperação da defasagem — sugeriu.
Tojal admitiu que a gestão artificial dos preços trouxe fortes conseqüências para a companhia em termos de expansão e para a própria manutenção da produção. Mas chamou a atenção também para outros fatores que impactam os preços praticados internamente, como a cotação cambial.
Ele garante que o objetivo atual da companhia é manter a política de preços dentro das faixas de paridade de importação — prática de mercado adotada pelo setor em economias abertas de todo o planeta.
Chamou atenção ainda para o fato de que a não adoção dessa estratégia para alguns produtos trouxe consequências para a Petrobras, com acusações de dumping e ações na Justiça por parte de acionistas ou setores econômicos e empresas que se sentiram prejudicados por "práticas desleais de concorrência".
Tojal frisou também que outras consequências de praticar preços de combustíveis inferiores ao de mercado são o consumo exagerado, prejuízos para a própria empresa e o desincentivo a novos investimentos.
Outro participante da audiência, Paulus Figueiredo, recordou ainda o fato de apenas três empresas atuarem no mercado de distribuição de combustíveis para a aviação. Essa cartelização poderia ser atenuada, no entender do consultor, se as companhias de aviação e outros atores nesse mercado pudessem negociar diretamente com a Petrobras, ou se a própria companhia adotasse uma política de preços "um pouco mais transparente e que fosse mais previsível em médio e longo prazos".
Para o presidente da comissão, Georges Moura, o país está sofrendo as consequências da ausência de uma política pública mais consistente nesse setor. Ele entende que o consumidor local está pagando pelo combustível que em sua maior parte é produzido aqui, porém como se fosse importado.
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