Primeiro mês de atendimento a endividados tem 130 casos, 40 ações de negociação ajuizadas e uma liminar para readaptação da dívida
Demanda deve crescer, mas endividados são orientados para o consumo consciente
O programa da Defensoria Pública de Pernambuco que orienta pessoas superendividadas e faz a mediação da negociação do pagamento de seus débitos junto aos bancos e outras instituições financeiras completou um mês nesta sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011, com um saldo positivo. Dos 130 casos atendidos em quatro sextas-feiras, 40 viraram ações judiciais e uma delas já obteve liminar favorável. A iniciativa surgiu em face à grande quantidade de pessoas que tinham mais de 30% de seus rendimentos comprometidos com o pagamento de prestações de empréstimos contraídos, o que lhes impedia de cumprir outros compromissos financeiros cotidianos.
A defensora pública Geral, Marta Maria de Brito Alves Freire, atribui esta situação à chegada ao mercado, nos últimos anos, de 30 milhões de pessoas que antes não tinham acesso ao crédito. Com o tempo, bancos e consumidores vão se adequar a esta nova situação. Até lá, a Defensoria vai garantir os direitos do cidadão, diz Marta Freire.
A maioria das pessoas que nos procuraram fizeram dívidas emergenciais, em caso de morte ou doença. Quase não houve casos de endividamento devido a um consumo inconseqüente, explicou a coordenadora do Núcleo de Ações Coletivas, Isabella Luna. Ela comanda o programa junto com a coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor, Luana Melo. Geralmente, são pessoas que ganham entre R$ 2,6 mil e R$ 3 mil por mês e têm até 90% desses rendimentos comprometidos, completou.
Luana ressaltou que, na maioria dos casos, além do empréstimo consignado, que é dado a pensionistas, aposentados e funcionários públicos, estas pessoas têm dívidas com várias instituições financeiras. Por isso, é muito difícil tentar um a conciliação antes de dar entrada numa ação judicial de readaptação da dívida e sua adequação a 30% dos rendimentos do endividado, explicou ela. Por este motivo também, há uma demora de cerca de uma semana entre o atendimento e o ajuizamento da ação. É o prazo para calcularmos o montante da dívida.
Este direito está mais próximo de ser garantido, juá que a primeira liminar em favor de uma aposentada foi concedida esta semana pelo juiz da 25ª Vara Cível do Recife, Paulo Torres da Silva Pereira, determinando que a prestação da dívida não ultrapasse 30% de seus rendimentos. Ela contraíra dois empréstimos, um direto e outro consignado o que perfazia mais de 50% de seus rendimentos. Mas há casos de pessoas com até 90% da renda comprometida e houve uma senhora com 98% da pensão comprometida com prestações do Banco do Brasil, contou Isabella Luna.
As duas defensoras lembram também que há instituições financeiras abertas à negociação. Fomos procuradas pelo Itaú-Unibanco, que propôs uma parceria para readaptar dívidas das quais é credor, disse Luana Melo. Abriram, inclusive, uma linha direta para negociação. Estamos abertos a negociar com outras instituições.
Além de renegociar as prestações, a Defensoria Pública orienta os endividados para que procurem manter os gastos dentro dos limites do orçamento e não contraiam novas dívidas. Deve haver uma reeducação econômica, porque a readaptação da dívida não será feito uma segunda vez, avisou a defensora Isabella Luna.
O atendimento aos endividados é feito todas as sextas-feiras, das 8 às 13 horas, na sede administrativa da Defensoria Pública (Rua José de Alencar, 385, Boa Vista). Para dar andamento ao processo, é preciso levar:
- documento de identidade
-CPF
- comprovante de residência (conta de luz, água ou telefone)
- comprovante de rendimentos (contracheque o demonstrativo de pagamento)
- todos os contratos de crédito assinados junto aos bancos
- todas as notificações de cobrança enviadas pelos bancos (se houver)
Para obter mais informações o telefone é 81 3182-3756
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