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2 de Maio de 2024
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    Privatização da Celg

    Por iniciativa do deputado José Nelto, Assembleia realizou audiência Pública nesta segunda-feira,8, para debater o assunto.

    A Assembleia Legislativa sediou na tarde dessa segunda-feira, 08, no auditório Costa Lima, a audiência pública que debateu a privatização da Companhia Energética de Goiás (Celg), por iniciativa do deputado José Nelto, líder do PMDB na Casa.

    Além do parlamentar, a Mesa foi composta pelos seguintes nomes: promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás, Fernando Krebs; deputado federal Rubens Otoni (PT); vereador Paulo Magalhães (SD); conselheiro do Conselho de Administração da Companhia Celg de Participações, Wagner Alves Vilela Júnior e o diretor administrativo do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Goiás, Heliomar Palhares Pedrosa.

    Durante discurso de abertura, José Nelto criticou o presidente da Empresa por não ter comparecido nem enviado representante. O presidente enviou uma carta dizendo que não poderia comparecer, o que, para o deputado "mostrou o descaso com a Casa Legislativa". Nelto também lamentou a ausência dos veículos de comunicação. “A grande imprensa deveria estar presente. Gostaria que todos vocês utilizassem as redes sociais”, disse ele aos trabalhadores da Celg presentes na audiência. José Nelto afirmou ainda que a privatização consiste em manobra para vender a Celg. “Os servidores não foram chamados para participar da discussão sobre o tema”, criticou.

    Wagner Alves, membro do Conselho de Administração da Companhia Celg de Participações questionou quais os benefícios que a privatização traz. De acordo com ele, as privatizações no Brasil começaram na metade da década de 90 e aconteceram de forma acelerada sob a justificativa de que as empresas públicas eram deficitárias. Mas para o conselheiro, este motivo não se aplica à empresa goiana, pois ela não dá prejuízo para o Estado. “A Celg é um senhora de 60 anos, fundada em 1956. Trata-se de um empresa vital, que tem gerado recursos. Ela pode ser lucrativa no curto prazo. Não podemos aceitar a argumentação de que geração de energia tem sido ruim. Isso é consequência de estrangulamento financeiro de que empresa tem sido vítima. Não houve investimentos. A rede precisa de investimentos, precisa de manutenção", afirmou.

    O diretor argumentou ainda que a privatização não representa garantia de que a Celg vai melhorar a qualidade dos serviços prestados. “Empresas privatizadas continuam classificadas como péssimas no ranking de qualidade, enquanto outras públicas estão entre as melhores”, salientou.

    O diretor administrativo do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Goiás, Heliomar Palhares Pedrosa apresentou seus argumentos contra a privatização, afirmando que a empresa teve dois terços de seu patrimônio privatizado para conseguir ser incluída no programa nacional de desestatizacao. “Este programa tem o objetivo de retirar o Estado da exploração de serviços públicos”, explicou.

    Para o diretor, a privatização beneficia apenas grupos econômicos aliados de determinados políticos. Ele salientou que no Estado americano da Califórnia existe uma tendência de voltar à estatização de empresas de energia. Disse ainda que, enquanto era pública, era uma das melhores do mundo com tarifas baixas. “Os produtores rurais podem estar sendo encaminhados ao engano. A privatização não garante investimentos na área rural”, disse.

    Quanto à posição que a Celg ocupa no ranking nacional de qualidade, Heliomar disse que a empresa é a melhor em comparação com a Bahia e Mato Grosso. O diretor afirmou que os R$ 1 bilhão de perdão fiscal concedido ao grupo Friboi pelo governo seriam suficientes para tornar a Celg a melhor do mundo em geração de energia.

    O deputado federal Rubens Otoni (PT) conclamou toda a sociedade goiana para dar um basta na tentativa de privatizar a Celg. “Temos condições de lutar e poder reverter esta situação. Não é fácil, mas é possível, na medida em que nos mobilizemos. Temos de mobilizar não apenas os trabalhadores, mas toda a sociedade goiana e os segmentos que podem apoiar. Vim aqui para reafirmar o meu compromisso de estar com vocês até o último momento”, disse.

    Otoni sugeriu que seja ampliada a busca de mais parceiros contra a privatização da Celg e que a iniciativa pudesse ser estendida para outros sindicatos e entidades da sociedade organizada."Vamos mostrar que todos vamos perder com essa privatização. Sugiro a publicação de um manifesto goiano contra a privatização da Celg. Devemos ampliar e fazer isso juntos”, enfatizou. O deputado anunciou que está formando em Brasília uma frente Parlamentar em Defesa da Celg, que terá a participação de deputados federais, estaduais e vereadores. "São mais de dois mil vereadores no Estado. Meu papel é fazer esta interlocução e buscar os diálogos necessários”, disse.

    Já o vereador Paulo Magalhães (SD) afirmou que o governo utilizou dinheiro da Celg para patrocinar shows artísticos, promovidos por prefeituras de todo o Estado com fins eleitoreiros. “Na época de Lula, esse governador já queria entregar a Celg, mas Lula não aceitou”, disse. Paulo Magalhães criticou também o BNDES por oferecer empréstimos sem garantia para empresários e se negar a fazer o mesmo para a Celg. “Enquanto isso, produtores rurais tem de jogar leite para os porcos porque não tem energia elétrica na fazenda deles. Outros perdem a colheita de soja porque não tem estrada. Mas na televisão, as estradas estão ótimas”, afirmou.

    Fernando Krebs, promotor de Justiça, teceu duras críticas à privatização da Celg, que foram dirigidas tanto aos governos do PSDB, como do PMDB e também à gestão do PT no âmbito federal. De acordo com o promotor, se houver privatização, vai acontecer o mesmo que ocorreu com o setor de telefonia. “Com serviços caros, de péssima qualidade, prestados por um pequeno número de empresas, que formam cartel”, resumiu.

    O promotor afirmou que a empresa foi vítima de “picaretagem”. “Muitos dos diretores deviam estar presos. Energia é bem fundamental, insumo básico para qualquer empresa e, no entanto, está custando os olhos da cara”, disse. Para Krebs, o Estado necessita de uma Celg pública, que não seja estatal nem privada, com administração paritária entre os trabalhadores e os consumidores. “Tinhamos que ter uma empresa limpa. No Brasil, se privatizam os lucros e se socializam os prejuízos. Sobra dinheiro do BNDES para fazer cartel da carne, mas falta para empresários”, disse.

    O promotor lembrou ainda que é o Partido dos Trabalhadores quem está propondo a privatização da Celg, uma bandeira defendida por FHC. Ele sugeriu que seja feita uma auditoria na empresa antes que ela seja vendida. “O atual governo não reviu nenhuma das privatizações promovidas por FHC e também privatizou várias empresas”, reforçou.

    Respondendo a questionamento do deputado José Nelto sobre o que o Ministério Público poderia fazer conta a privatização da Celg, Fernando Krebs afirmou que o órgão pode fazer um levantamento nas contas da empresa e mostrar que é um péssimo negócio. “Não podemos impedir, mas podemos retardar a venda”, disse.

    Representante do corpo jurídico do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (Stiueg), o advogado João José Machado também se manifestou contra a privatização da Celg durante seu pronunciamento na audiência. “No Brasil, tivemos lutas heroicas de nacionalização de grandes empresas multinacionais. No momento, acontece o mesmo em Goiás. Vocês hoje estão fazendo história. Muitos outros trabalhadores estão fazendo isso em outros Estados, e também na Argentina, no Uruguai, na Colômbia e na Europa. É a organização dos trabalhadores que vai dar consistência ao movimento”, salientou.

    Ao encerrar a audiência pública sobre privatização da Celg, José Nelto disse que o sindicato, que representa os funcionários da empresa, vai entrar com uma representação junto ao Ministério Público contra a medida. Ele informou também que, na próxima semana, vai ter uma audiência com o vice-presidente da República, Michel Temer, para tratar do assunto."Se esta luta, hoje, é possível, amanhã será impossível. Esta audiência pública de hoje vai ficar marcada como o início de uma luta histórica”, disse.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/privatizacao-da-celg/209459333

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