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17 de Junho de 2024
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    Problemas na distribuição de energia elétrica pautaram audiência pública em Tupanciretã

    A Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo realizou audiência pública na última sexta-feira (6), na Câmara de Vereadores de Tupanciretã, para debater a possibilidade de aumento da carga na distribuição de energia elétrica junto às empresas COPREL e RGE, beneficiando os municípios de Tupanciretã, Jari e Júlio de Castilhos.

    Autor da proposição, o deputado Ernani Polo (PP), disse que o agricultor não pode ser mais penalizado pela falta de planejamento dos governos, tanto estadual como Federal, que impedem a expansão da produção agrícola seja através da falta de condições para a irrigação das lavouras até o armazenamento dos produtos.

    “Atendemos ao pedido do prefeito, dos sindicatos rurais e da Câmara de Vereadores para debater este problema e reunimos todos os atores envolvidos no processo, como o representante da CEEE, empresa responsável pela transmissão de energia elétrica; da RGE, empresa responsável pela concessão e da COPREL, que é a permissionária e que faz a distribuição da energia aqui na região até as propriedades rurais. Este é um problema que afeta todo o Rio Grande do Sul, em especial esta região sendo, inclusive, fruto de CPI da Energia Elétrica na Assembleia Legislativa, que está em pleno andamento”, ressaltou Polo.

    Para o deputado Pedro Westphalen (PP) o problema aflige demais os produtores desta região causando prejuízos na campo que se refletem na economia dos municípios e, até, na indústria, com perda receita e de impostos.

    “Não é possível este país não ter planejamento que preveja a expansão de energia elétrica para as áreas rurais, justamente as responsáveis pelos melhores resultados do PIB gaúcho. Temos que resolver conjuntamente este problema e estabelecer prioridades assim como projetos para serem executados com segurança. A Fepam, por exemplo, que está trancando, sim as liberações ambientais emperra o processo de desenvolvimento devido a pequenas questões, quase sempre por problemas de ordem política e não técnica. Por pura burocracia. Ela tem que nos dizer de que maneira devemos fazer as liberações, de forma transparente, e não apenas negar, como vêm fazendo. Tudo isto faz com que aumente o custo do alimento que chega em nossa mesa”, destacou Westphalen.

    O prefeito Carlos Augusto Brum de Souza (PP) destacou que audiência é tão importante “que contratamos a Rádio Tupã para levar este debate a todos os lares do interior do município e àqueles que não puderam vir devido ao mau tempo e, mesmo, ao trabalho que estão realizando neste momento em suas propriedades”.

    Custo para produtores

    Conforme ele, existem problemas em assentamentos devido à pouca energia fornecida; na produção de leite – Tupanciretã produz 1.600 mil litros de leite por mês- e não há a possibilidade de expansão da bacia leiteira local, além dos grandes produtores que trabalham com os sistemas de aspersão tipo pivôs e precisam de mais irrigação.

    “E o que está a acontecendo é que os produtores estão comprando geradores, fazendo investimentos altíssimos, devido justamente a falta de soluções por parte do governo, para melhorar a distribuição de energia para nossa região”, concluiu o prefeito, acrescentando que o município é o maior produtor de soja do Brasil, com 150 mil há de área plantada.

    O presidente do Sindicato Rural de Tupanciretã, Jari e Quevedos, Belquer Lopes, salientou que “quanto mais precisamos de energia para a irrigação em nossas lavoura, mais ela falta. Também enfrentamos problemas no armazenamento dos grãos, no tambo de leite. Somos produtores dos alimentos e precisamos de uma solução imediata para o problema”, pediu ele.

    Demanda gigante

    Conforme, Rafael Lugock, da RGE, o problema tem solução. “Trocaremos de 400 postes em 10 meses em assentamentos; teremos uma subestação nova em Júlio de Castilhos até o final de 2015, proporcionando o maior crescimento no local por um período de 12 até 15 anos e para desafogar o sistema de distribuição de Tupanciretã. A demanda é gigante mas o trabalho é proporcional mesmo com os sérios problemas que enfrentamos junto a Fepam para as liberações ambientais”, sublinhou.

    Representando a CEEE, Marcos Keito Morikan, observou que já existe previsão de investimentos para a região dentro do orçamento anual da Companhia, dependendo somente da autorização da ANEL, para a liberação dos recursos.

    “O investimento necessário para conectar a nova subestação de Júlio de Castilhos até este município é elevado, na ordem de R$ 17 milhões. Também estamos prevendo reforços em 85 km de redes de linhas transmissão; construção de novos módulos de conexão. Mas, o processo burocrático atrasa em muito a rápida solução aos problemas da região, como a falta de um planejamento global até as licenças ambientais da Fepam”, sugerindo que seria interessante realizar uma audiência pública à nível federal, envolvendo outros órgãos federais, como o Ministério das Minas e Energia, para tentar mudar esta realidade.

    COPREL, Marcos Luis Eidt, lembrou que a eletrificação rural na região era um peso para as distribuidoras mas que hoje, graças aos investimentos nos últimos 5 anos, em torno de R$ 5 milhões, e a parceria com os produtores, o problema está amenizado. Hoje a COPREL irriga com pivô uma área de 35 mil ha e possui cerca de 780 km de redes.

    Solução complexa

    “A solução definitiva para o problema do município é extremamente complexa para o nível de investimentos necessários. São cerca de R$ 40 milhões necessários para resolver o problema de Tupanciretã. Temos dificuldade para atender aos grande pivôs de irrigação, com motores de grande capacidade de uso de energia. Tupanciretã precisa de uma solução sistêmica porque possui grandes extensões entre as linhas, de grande custo, devido as longas distâncias entre as propriedades. A solução é a subestação de Júlio de Castilhos que irá liberar carga a mais para atender o municípios. Também faremos uma nova subestação no município em Eugênio de Castro para 2016, que ajudará também este município”, informou o representante da COPREL.

    Mas para ele, também é preciso apoio dos proprietário para liberar uma faixa de servidão aonde passarão as linhas de transmissão da subestação de Júlio de Castilho até a sede do município. “Apartir da autorização dos proprietários entraremos com o processo de liberação do projeto da linha até a nova subestação, junto a Fepam. Temos enfrentados dificuldades neste órgão para a liberação de certas áreas de terra para passar as linhas. Lembro que este município tem extensões de terras muito grandes e os produtores nos pedem carga há 50 a 100 km de distância da subestação. E, neste caso, não há segurança técnica para chegar a carga sem queda de energia”, disse Eidt.

    Ao finalizar, observou que existem financiamento para graneleiros, para pivôs e não para reforços nas rede de transmissão. “Não há financiamento público para estas obras. O BNDES deveria colocar este percentual de investimento dentro da aquisição de graneleiros, de pivôs, porque senão o agricultor é que acabará sempre pagando sozinho estas obras para não perder ainda mais lucro com sua produção”, concluiu ele.

    Pibão

    Ao concluir a audiência pública, o deputado Polo disse que o produtor está indo a reboque em tudo. “Não só na falta de energia elétrica como de segurança, saúde e infraestrutura. Não é apenas o produtor que tem que planejar conforme a disponibilidade de energia oferecida e sim o governo do estado é que tem que facilitar e incentivar sua maior produtividade. Afinal, mesmo sem quase nenhum apoio, no final das contas o governo comemora o pibão do Estado que é fruto, justamente, dos resultados do trabalho do homem do campo”.

    Polo lembrou ainda que hoje 50% da conta de energia elétrica são impostos do governo. “Uma fúria arrecadatória que não resulta na devolução proporcional em forma de investimentos para a população. O preço de nossa energia é a mais cara da América do Sul”, concluiu o deputado.

    Também participaram da audiência pública, a presidente da Câmara, vereadora Claudia Amaral; a promotora de Justiça, Julia F. Schutt; vereadores e secretários municipais de Tupanciretã; representantes de sindicatos rurais e produtores rurais da região.

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