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17 de Junho de 2024
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    Promotor que matou 3 vai para um dos cargos mais disputados em SP / Thales será julgado pelo TJ na quarta-feira / Parentes de vítimas consideram que 'dificilmente' o acusado será preso

    MP decidiu transferir Grossi; há um ano, ele atropelou e arrastou família em Araçatuba

    O Conselho Superior do Ministério Público decidiu há 15 dias remover, compulsoriamente, o promotor Wagner Juarez Grossi de Araçatuba para São Paulo ou Grande São Paulo. Há um ano, ele se envolveu em um acidente de trânsito que matou três pessoas de uma mesma família, incluindo uma criança. No carro dele foram encontradas latas de cerveja e a polícia relatou que o suspeito tinha "hálito etílico".

    Segundo o boletim de ocorrência aberto pela Polícia Civil de Araçatuba, Grossi passou na contramão e em alta velocidade num quebra-molas e, ao perder o controle da caminhonete Ranger que dirigia, bateu de frente numa moto que aguardava a passagem no acostamento. A moto era conduzida pelo metalúrgico Alessandro da Silva Santos, de 27 anos, e levava ainda a namorada, Alessandra Alves, de 26, e o filho dela, Adriel, de 7 anos.

    O promotor foi denunciado pelo então procurador-geral, Rodrigo Pinho, ao Tribunal de Justiça, onde responde a processo criminal por triplo homicídio culposo. A agravante de embriaguez não ficou comprovada. No MP, a ida de Grossi para a capital encerra a investigação e está sendo vista por colegas como promoção.

    No mesmo dia em que optou pela transferência, o conselho acatou decisão tomada em fevereiro pela corregedoria da instituição - de não aplicar pena administrativa, que vai de advertência até a perda do cargo, ao promotor. O Ministério Público demorou um ano para concluir o caso. Como o acusado não vai recorrer, segundo seu advogado, Edson Velho, em um mês já estará trabalhando em São Paulo.

    Velho nega qualquer tipo de privilégio. Mas agora, sem precisar disputar vaga num concurso com os colegas, Grossi seguirá diretamente para a área de Execuções Penais - vai ocupar uma das nove vagas de titular abertas nas promotorias de São Paulo, incluindo a do Consumidor, todas disputadíssimas pelos 1.083 promotores do Estado. A lista de espera para ocupar um só desses postos abertos tem 500 inscritos. Na prática, Grossi ainda passará na frente de colegas com condutas irrepreensíveis, que precisarão obrigatoriamente se candidatar ao posto.

    A decisão do conselho superior foi por 9 votos a favor e apenas 1 contra. O corregedor, Antonio de Pádua Bertone Pereira, se absteve de votar. "Fui o único contrário à remoção. Pelas vias normais, ele não conseguiria esse posto. O acesso aos promotores do interior a esse cargo é quase que impossível porque as vagas da capital são disputadíssimas. É claro que soa como promoção", afirmou o procurador João Francisco Moreira Viegas, um dos conselheiros. Para o relator do caso, Nelson Gonzaga de Oliveira, "seria uma excrescência mantê-lo em Araçatuba".

    As punições administrativas vão da advertência, censura e suspensão de 180 dias até a perda do cargo. No MP, a remoção compulsória é considerada medida de proteção. Uma vez aplicada, não cabe mais nenhuma outra pena administrativa. Se Grossi fosse punido com suspensão, na opinião de Viegas, o MP daria uma resposta mais adequada à sociedade. "Ele deixaria de receber o salário e seu nome recuaria na lista de antiguidade da instituição, dificultando a disputa por cargos melhores e promoções", explicou Viegas.

    Apesar de ter adiantado que não vai recorrer da decisão, o advogado Edson Velho considerou que teria sido melhor se Grossi tivesse sido suspenso pelo órgão máximo do MP. "Ele nasceu em Araraquara e tem raízes lá. Na verdade, aplicaram a pior pena que existia, vai ser um sofrimento para ele. Agora, terá de ficar longe da família. É arrimo de casa, cuida dos pais e tem filhas pequenas."

    Thales será julgado pelo TJ na quarta-feira O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo deverá julgar na próxima quarta-feira a ação penal existente contra o promotor Thales Ferri Schoeld, segundo a edição do Diário da Justiça de anteontem. Schoeld é acusado de matar a tiros o estudante Diego Mendes Modanez, que tinha 20 anos, e de ferir Felipe Siqueira Cunha de Souza, na Riviera de São Lourenço, em Bertioga, no litoral paulista, em 30 de dezembro de 2004.

    Schoeld, que à época era promotor de Justiça substituto em Iguape, alegou ter sido acuado por um grupo de rapazes que o ameaçavam e teriam mexido com sua namorada. Desde o crime, Schoedl foi exonerado e reintegrado ao cargo por quatro vezes.

    Parentes de vítimas consideram que 'dificilmente' o acusado será preso Chico Siqueira, ARAÇATUBA O advogado Robson Melo, que defende Rosa Pereira Batista, mãe de Alessandra Alves e avó de Adriel, atropelados e mortos pelo promotor, disse que "a família espera que a Justiça seja feita e o promotor Grossi seja condenado pelo que fez". "A família quer que o processo seja concluído rapidamente e a sentença seja a punição, não a promoção. Se bem que ela tem a impressão de que dificilmente ele será preso", ressaltou o defensor.

    Melo criticou a decisão do conselho superior do MP."Se realmente essa transferência representar titularidade, for para um cargo superior ao que ele exerce aqui e se for passar na frente de outros promotores, então isso é uma promoção não uma punição."

    Apesar disso, o defensor tem a impressão de que uma transferência para São Paulo pode penalizar a vida pessoal do promotor - que tem família, amigos e propriedades em Araçatuba."Ele vai para uma cidade mais violenta, mas não sei se terá de trabalhar mais ou ganhar menos do que ganha aqui."

    Outros parentes demonstraram ter esperança no julgamento criminal, que será feito no Tribunal de Justiça. Testemunhas do acidente confirmaram, em depoimento ao procurador Hermann Herschander, responsável pelo inquérito policial, que Grossi dirigia embriagado e segurava uma latinha de cerveja quando desceu da Ford Ranger que dirigia.

    Um policial rodoviário ainda relatou que, pela distância em que os veículos pararam, a caminhonete do promotor estava em alta velocidade. Segundo testemunhas, o metalúrgico ainda tentou desviar, mas acabou arrastado por mais de 50 metros.

    LAUDO Outra agravante que deverá dificultar a absolvição de Grossi é o laudo do legista Maurílio Castro, feito poucas horas depois do acidente. Levado ao plantão policial, o promotor se recusou a doar sangue para um exame de dosagem alcoólica. No entanto, o laudo oficial realizado com base em análise clínica confirmou "embriaguez moderada".

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