Raquel Dodge inaugura novo memorial do Ministério Público Federal em Brasília

“Instituições são feitas por pessoas, e pessoas fazem memória. A memória da instituição revela quem somos, dá sentido ao que fazemos, mostra os valores que defendemos, evidencia as barreiras éticas que não transpomos, fortalece o nosso caráter e nos anima a seguir firmes no cumprimento de nossas atribuições”. Com essas palavras, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, inaugurou, nesta sexta-feira (14), o novo Memorial MPF, na Procuradoria-Geral da República, em Brasília. A cerimônia ocorreu no mesmo dia em que é comemorado o Dia Nacional do Ministério Público, e contou com a presença de ex-procuradores-gerais da República, membros e servidores do MPF, diplomatas, representantes de órgãos da Justiça, como o Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. O novo espaço homenageia todos aqueles que construíram e os que ainda trabalham ativamente na história do MPF.

Digital e interativo, o Memorial tem como mote a expressão “Nossa História em Movimento”. Conforme explicou Raquel Dodge, o conceito do novo memorial visa levar o visitante ao passado, a percorrer o presente e a imaginar o futuro. “Essa ideia lembra-nos dos vínculos com pessoas e fatos que no passado forjaram nossa instituição e a quem devemos reverenciar como fundadores. Também nos une aos que, no presente, honram este legado e constroem em seu ofício cotidiano o patrimônio de defesa da Constituição com independência e autonomia. Finalmente, projeta no futuro o caráter de um trabalho difícil e artesanal de promoção da justiça, em defesa da sociedade, do interesse público e da democracia”, destacou a procuradora-geral.

Em um momento marcante da cerimônia, a PGR falou sobre o procurador da República Pedro Jorge de Melo e Silva, assassinado em 1982. Ele foi responsável por investigar e denunciar os envolvidos em um dos maiores casos de corrupção da década de 1980, o chamado Escândalo da Mandioca. “Seu assassinato não paralisou a instituição. Desse trágico episódio nasceu a certeza de que as ameaças feitas a cada um de nós não calam os demais, porque outros o sucederão no ofício”, disse, emocionada, Raquel Dodge. O auditório do memorial leva o nome do procurador e uma parte da exposição permanente é dedicada a ele. Também é possível assistir a um documentário sobre Pedro Jorge. Alguns de seus objetos pessoais compõem o acervo do Memorial MPF.

O evento de inauguração também marcou o encerramento das atividades do Projeto MPF Cidadão 30 anos que, ao longo de um ano deu vida a mais de 40 ações e eventos nas diversas áreas de atuação do Ministério Público Federal e da Escola Superior do MPU. O resultado desse trabalho está retratado no espaço destinado à exposição temporária do Memorial MPF. “Além do caráter retrospectivo do projeto, essas ações provam que nossa história continua, segue em movimento, reverenciando e aprendendo com os que nos antecederam, ao tempo em que avançamos rumo a novas conquistas”, enfatizou Raquel Dodge.

A PGR destacou que o novo espaço foi idealizado com o objetivo de aproximar o cidadão e as pessoas que ajudaram a escrever a história do MPF. A intenção é de que o memorial faça parte do circuito cívico de Brasília. Com a inauguração do Memorial MPF, Raquel Dodge enfatizou que agora as pessoas têm mais um motivo para visitar um dos mais recentes monumentos do arquiteto Oscar Niemeyer. “Entregamos ao Brasil, à capital federal e à sociedade um espaço de arte, cultura e memória, sob a moderna concepção museológica de hiperconectividade”, frisou a PGR.

Convidados – Diversas autoridades presentes à cerimônia ressaltaram a importância do Memorial MPF para o resgate da história do Ministério Público Federal. “O MPF está em permanente construção, a instituição que temos hoje é fruto do legado deixado por gerações que nos antecederam, e o Memorial desempenha o papel de preservar e perpetuar essa história”, afirmou o ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel. A subprocuradora-geral da República aposentada Edylcéa Tavares Nogueira de Paula, que contribuiu com a redação da parte dedicada ao MP na Constituição Federal de 1988, se disse emocionada em poder participar desse processo de resgate da memória da instituição. “Estou muito feliz com esse projeto de conservação da história do MPF, que evolui a cada dia”, destacou.

Para a advogada Roberta Viegas e Silva, que é filha do procurador da República Pedro Jorge, o MPF só tem a ganhar com a criação do novo espaço. “O Ministério Público tem sempre que revisitar a própria história para, se conhecendo, se fortalecer e decidir por novos rumos”, afirmou. Segundo ela, relembrar a atuação de seu pai é sempre gratificante, e o Memorial vai contribuir para que toda a sociedade tenha conhecimento do seu trabalho e do papel que o MPF desempenha no país. “Não há instituição que vá para a frente se não tiver memória. Para evoluir, é importante nunca esquecer do passado”, concluiu o ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira.

O espaço – Com cerca de 300 m² divididos em oito áreas, o espaço será um novo ponto de visitação cívica em Brasília. Localizado no térreo do bloco C da sede da PGR, o Memorial MPF busca receber o público em um espaço mais acessível, com programas socioeducativos e agenda de exposições temporárias e permanentes. O espaço também dispõe do auditório Pedro Jorge, uma sala de exibições com capacidade para 50 pessoas.

Acervo e exposições – O visitante poderá conferir no local peças históricas (vestimentas, objetos e mobílias) doadas por instituições públicas e autoridades, a cópia autêntica da Constituição de 1988 impressa pela Câmara dos Deputados, uma maquete tátil do prédio da PGR, referência arquitetônica da capital. Projeções e documentários contam um pouco mais sobre o Ministério Público Federal.Em uma das paredes do espaço estão projetados os nomes dos servidores das unidades do Ministério Público Federal (MPF) de todo o Brasil. Duas telas principais contam mais sobre a instituição: a primeira traz uma linha do tempo; a segunda mostra a galeria de membros, com depoimentos e biografia.

Selo e carimbo temáticos – Uma parte do evento foi dedicada ao lançamento de um selo e de um carimbo temático em homenagem ao Memorial MPF: “Memorial – Nossa História em Movimento”. Ao lado do presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, general Juarez Aparecido de Paula, a PGR estreou os carimbos. O general cumprimentou Raquel Dodge pela inauguração do memorial, destacando que uma instituição que não cuida da sua história não prospera. "Os Correios vão ajudar o MPF a levar a sua história e sua missão para todo o Brasil, por meio dos selos e dos carimbos" frisou.

Site na internet – Na solenidade também foi lançado o site do Memorial MPF. Lá é possível conhecer a programação cultural do espaço, galeria de membros da instituição, linha do tempo com marcos da história do MPF desde 1981 até o momento, espaço para colaboração com o acervo, além da vitrine virtual (com publicações digitais da instituição e cartão do local disponível para envio on-line). Além disso, tem agenda de eventos, galeria de membros, vitrine virtual e espaço para compartilhar memórias. Para auxiliar os visitantes, o site do Memorial tem uma assistente virtual, Coralina Cidadã. Ela tira dúvidas relacionadas ao espaço e também está presente no espaço (totem) dando as boas vindas aos visitantes.

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