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20 de Junho de 2024
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    Réus nas mãos dos jurados - Diário de Pernambuco (Vida Urbana)

    Três anos após o crime, júri formado por seis mulheres e um homem decide o destino dos acusados

    Quase três anos se passaram. O assassinato da alemã Jennifer Kloker na terça-feira do carnaval de 2010 não caiu no esquecimento, como queriam os autores. Hoje, o destino dos quatro réus confessos, cujo julgamento entra no 4º dia, será decidido. Sete pessoas, sendo um homem e seis mulheres, estão com essa responsabilidade nas mãos. São elas que vão dizer se Delma Freire, Pablo e Ferdinando Tonelli e Dinarte Medeiros vão responder por seus crimes atrás das grades ou não. O Caso Jennifer, enfim, começa a ter um desfecho. Isso porque o último envolvido, acusado como autor dos disparos, Alexsandro Neves, será julgado em 27 de fevereiro de 2013.

    Na lista de crimes atribuídos aos réus figuram homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa da vítima) e formação de quadrilha. Contra Delma, ainda cabe a condenação por fraude processual: ela teria proposto a um ex-presidiário a quantia de R$ 20 mil para assumir um suposto assalto à família. Por terem confessado, todos os réus podem receber benefício nas penas, caso sejam condenados, como esperam os promotores do Ministério Público de Pernambuco, André Rabelo e Ana Cláudia Walmsley.

    Diante das confissões dos Tonelli e do irmão, a sogra de Jennifer viu o cerco se fechar. Decidiu assumir que planejou e comandou toda a trama para acabar com a vida de Jennifer. A confissão aconteceu fora do esperado, um dia após ela ter se calado diante dos questionamentos sobre o homicídio, na última terça, dia em que todos os réus depuseram. A revelação ocasionou a renúncia de um de seus advogados, Washington Barros. Mas deu início ao capítulo definitivo na busca pela justiça.

    SAIBA MAIS

    Cronologia do júri

    10 de dezembro, 1º dia

    - O julgamento do acusado Alexsandro Neves dos Santos foi adiado para o dia 23 de fevereiro de 2013, porque o advogado dele não compareceu ao fórum

    - Polêmica marcou a escolha dos sete jurados que formam o Conselho de Sentença e os advogados de Delma Freire tentaram também o adiamento do júri dela, sem sucesso

    - Defesa dos réus conseguiu mais tempo para apresentação dos argumentos que tentariam diminuir a culpa dos clientes. Promotores ganharam mais tempo para acusar

    - Os delegados Alfredo Jorge e Gleide Ângelo do DHPP depuseram e reafirmaram que os acusados eram os responsáveis pelo assassinato da alemã Jennifer Kloker

    11 de dezembro, 2º dia

    - Dia do primeiro depoimento de Delma Freire, que negou ter participação na morte da ex-nora. Ela ironizou a juíza perguntando de que crime estava sendo acusada

    - Pablo Tonelli afirmou perante a Justiça que teve participação no assassinato da esposa, mas que quem articulou tudo foi sua mãe Delma e seu tio Dinarte Dantas de Medeiros

    - O italiano Ferdinando Tonelli prestou depoimento duas vezes. Na primeira, disse não saber que Delma queria matar Jennifer. Em seguida, ele confessou que sabia do plano

    - Dinarte Medeiros confirmou para a juíza, assim como havia feito à polícia, que apresentou Alexsandro Neves à irmã Delma e que articulou a compra da arma do crime

    12 de dezembro, 3º dia

    - O acusado Ferdinando Tonelli pediu para depor pela terceira vez e confessou que sabia que a alemã Jennifer Kloker seria morta e que pagou R$ 2,5 mil ao autor dos disparos

    - Para surpresa dos presentes, Delma Freire também pediu para ser ouvida mais uma vez e confessou ser a mentora do crime. Disse que mandou matar por amor ao seu filho

    - Promotores André Rabelo e Ana Cláudia Walmsley mostraram para os jurados todas as provas obtidas pela polícia da participação de cada um dos quatro acusados

    - Advogados de defesa usam menos tempo do que dispunham para defender os seus clientes. Como todos eles confessaram, não havia muitos argumentos a apresentar

    Se condenados, livres em 8 anos

    Se o júri decidir pela pena máxima de 30 anos, réus passarão pouco tempo atrás das grades

    Acusados só precisariam cumprir um terço da condenação para ter direito à progressão de pena

    Atrás das grades, mas não por muito tempo. Delma Freire, Pablo e Ferdinando Tonelli não devem passar mais que oito anos na cadeia, caso sejam condenados pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha como são acusados pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Se os jurados decidirem pela pena máxima, que seria de 30 anos, os réus só precisariam cumprir um terço da condenação para ter direito à progressão de pena. Como estão presos há pouco mais de dois anos e meio, estariam em liberdade em 2020.

    Por mim, pediria prisão perpétua para todos. Mas como no Brasil isso não existe, então, eu desejo que vocês (referindo-se aos réus) tenham, além da condenação, outro tipo de punição. Espero que nunca consigam dormir em paz e que tenham eternamente o peso na consciência por terem matado uma jovem de 22 anos, afirmou o promotor André Rabelo, durante a acusação. Pela expectativa de Rabelo, Delma Freire pode ser condenada a, no máximo, 23 anos. Já os demais réus, Pablo, Ferdinando e Dinarte, ainda segundo o promotor, devem pegar até 16 anos de reclusão cada um.

    Por outro lado, a bancada de defesa não crê que seus clientes sejam condenados a penas tão altas. O advogado José Carlos Penha, que defende Delma Freire, acredita que a sogra de Jennifer pegará uma pena de aproximadamente 19 anos. Ela confessou participação no assassinato, mas não tem envolvimento com nenhuma quadrilha. Por isso, não acho que pegue mais que esse tempo, calculou Penha. A defesa de Dinarte aposta que ele será condenado a menos de dez anos por ter colaborado com as investigações.

    Já os advogados que defendem Pablo e Ferdinando creem que seus clientes terão penas de até dez anos cada um deles. O assassinato não teve motivo torpe, porque não foi causado por interesses financeiros. O que estava em jogo era o futuro da criança. Também não houve formação de quadrilha, já que esse tipo de crime deve ser permanente. Nesse caso, só há um fato, destacou Rodrigo Almendra durante a defesa.

    O criminalista Gilberto Marques, que não atua no caso, explicou que a formação do Conselho de Sentença, composto por seis mulheres e um homem, não deve alterar a decisão dos jurados. As mulheres, de fato, julgam com mais rigor e levam em consideração a condição maternal da vítima. No entanto, nesse caso específico, não acredito que a composição predominantemente feminina vai interferir na decisão. As provas parecem ser contundentes. Além disso, os réus confessaram o crime, opinou.

    O que pesa para a condenação dos réus

    Delma Freire

    - Mentora intelectual do homicídio da própria nora por conta do seguro de vida

    - Convenceu os outros três réus a aceitarem o plano de matar a vítima

    - Planejou, na Itália, trazer Jennifer para ser morta no Brasil

    - Afirmou naquele país que seria melhor para a família que ela morresse

    - No Recife, procurou o irmão Dinarte Medeiros para que ele arranjasse um atirador

    - Coagiu um ex-presidiário para que assumisse o crime (fraude processual)

    - Responde por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que impossibilitou defesa da vítima) e formação de quadrilha

    Ferdinando Tonelli

    - Aceitou participar, ainda na Itália, do assassinato da nora

    - Veio com a família para o Brasil para matá-la

    - Pagou R$ 2,5 mil para o atirador, Alexsandro Neves

    - Afirmou que praticou o crime porque Jennifer ia voltar para a

    Alemanha com o neto

    - Responde por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que impossibilitou defesa da vítima) e formação de quadrilha

    Pablo Tonelli

    - Aceitou participar, ainda na Itália, do assassinato da mulher

    - Veio com a família para o Brasil para matá-la

    - Dirigiu o veículo usado para o assassinato

    - Afirmou que praticou o crime porque a mulher ia voltar para a

    Alemanha com o filho do casal

    - Responde por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que impossibilitou defesa da vítima) e formação de quadrilha

    Dinarte Medeiros

    - Aceitou participar do assassinato

    - Fez o contato entre Delma e Alexsandro Neves, homem contratado pela ex-sogra para assassinar a alemã

    - Foi com o atirador ao Centro do Recife para comprar a arma usada no crime

    - Teve participação no planejamento do crime

    - É acusado de fraude processual

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