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16 de Junho de 2024
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    Robin Hood às avessas

    Polícia Federal desmonta quadrilha acusada de desviar recursos de prefeituras pequenas, em especial do Norte de Minas, para comprar carros luxuosos, casas na praia e fazendas

    Operação Sertão Veredas, desencadeada ontem pela Polícia Federal, desmontou uma organização criminosa acusada de agir como um Robin Hood ao contrário, desviando recursos de pequenas prefeituras do Norte de Minas, uma das regiões mais carentes do estado, para comprar carros de luxo, fazendas e casas na praia, totalizando 60 imóveis. O esquema envolvia fraudes em licitações e pagamentos de serviços não executados. Até o final da tarde de ontem, 13 pessoas foram presas e um ex-prefeito estava foragido. O grupo agia em cerca de 10 cidades mineiras, duas baianas e em Guarapari, no Espírito Santo.

    A origem das desigualdades está exatamente na corrupção pública. Quanto maior a desigualdade, maior é o índice de corrupção , avaliou o delegado Marcelo Eduardo Freitas, chefe da Delegacia da PF em Montes Claros, responsável pela operação que mobilizou 100 policiais.

    Foram presos empresários e servidores públicos suspeitos de colaborarem com as fraudes, como integrantes de comissões de licitações das prefeituras, especialmente de Januária e Itacarambi, no Norte, em gestões anteriores. As investigações não atingem as atuais administrações.

    Dos 14 mandados de prisão expedidos, o único não cumprido foi o do ex-prefeito de Itacarambi Rudimar Barbosa (PMDB), considerado foragido pela PF. Ele administrou a cidade entre 2009 e 2012, sendo afastado do cargo no fim do mandato, por denúncias de irregularidades. A PF apreendeu um contrato de R$ 20 milhões em nome de Rudimar.

    Foram cumpridos ainda 10 mandados de busca e apreensão e 21 mandados de valores, bens móveis e imóveis nos municípios de Montes Claros, São Francisco, Itacarambi, Januária, Manga, e Janaúba (Norte de Minas), nas cidades baianas de Vitória da Conquista e Prado e em Guarapari (ES).

    Entre o fim de 2011 e 2012, foram desviados cerca de R$ 5 milhões por meio de fraudes em licitações dirigidas para aluguel de máquinas e contratação de serviços de limpeza pública, pavimentação de ruas e outras obras de construção civil. Muitas vezes, os serviços eram pagos e não eram executados, ou as medições não correspondiam aos valores pagos, por conta da facilitação dos servidores públicos envolvidos , informou Marcelo Freitas.

    A investigação feita pela PF e Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), através de análises de documento, levantamento de campo e escutas telefônicas, indica que as fraudes eram aplicadas pelo mesmo grupo havia cerca de 15 anos. Os integrantes da organização acumularam bens avaliados em R$ 50 milhões, incluindo casas de veraneio em Prado e Guarapari, fazendas e sítios de luxo, que foram bloqueados para o ressarcimento aos cofres públicos.

    Na operação, foram apreendidos 45 veículos, entre eles, 25 carros de luxo, incluindo vários importados. Todos os bens eram colocados à disposição para pessoas envolvidas nas fraudes , informou o delegado da PF Thiago Amorim. Houve apreensão ainda de R$ 722 mil em cheques e R$ 60 mil em dinheiro.

    Cabeça De acordo com informações levantadas durante a investigação, foram detidos na operação da PF, os empresários Marcos Vinícius Crispim, o Corby, apontado como o cabeça da organização; Jurandy Arruda, Fábio Durães, Fabiano Durães; David Tabuadas; o advogado Vandete Mendes Júnior, ex-superintendente da prefeitura de Januária; e André Rocha, ex-secretário municipal de Saúde de Itacarambi. Também foram presos Murilo Santana; Franklin Crispim; Dalmar Júnior (que teria sido detido em Vitória da Conquista, na Bahia); Nestor Fernandes de Moura Neto e a mulher dele, Daniela Pinto Mota. Estes dois últimos são ex-servidores da Prefeitura de Itacarambi.

    A investigação afirma que Corby recorreu a um esquema de lavagem de dinheiro e compra de imóveis, por meio de laranjas. Ele é apontado como dono de uma concessionária de veículos em Januária, onde houve a apreensão de diversos carros de luxo. A prisão temporária de cinco dias pode ser renovada por igual período. Os envolvidos poderão ser processados por crime contra a administração pública, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, desvio e apropriação de recursos públicos.

    CAIXA DE CAMPANHA

    A quadrilha acusada de desvio de recursos públicos, segundo a Policia Federal, se envolveutambém no financiamento de campanhas políticas. "O grupo aplicava recursos na campanha de determinado candidato durante a campanha e depois que ele era eleito, recebia odinheiro de volta por meio de licitações dirigidas de obras e serviços", informou o delegado da PF Marcelo Eduardo Freitas. Não foi apurado o valor total das doações a candidatos e partidos. (Estado de Minas)

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/robin-hood-as-avessas/100536147

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