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23 de Maio de 2024
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    Rosa dos Ventos: MPF pede que patrimônio de empresa de fachada utilizada para lavagem de dinheiro se mantenha bloqueado

    Em agravo regimental procuradoria contesta decisão liminar que liberou os ativos financeiros da firma mediante a contratação de seguro-garantia

    há 6 anos

    O Ministério Público Federal na 3ª Região (PRR3) pediu a manutenção do bloqueio dos ativos financeiros da Na Fomento Mercantil LTDA, empresa de fachada que fora utilizada em um amplo esquema de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos no ramo de distribuição de combustíveis, investigado no âmbito da Operação Rosa dos Ventos. Em agravo regimental, a PRR3 contesta liminar expedida pelo relator do caso no Tribunal Regional Federal na 3ª Região (TRF3), que permitiu a liberação do patrimônio mediante a contratação de seguro-garantia.

    A decisão foi fundamentada principalmente no argumento de que é preciso ter garantias de que a empresa terá recursos para uma eventual e futura indenização penal e que, por isso, seria importante assegurar a continuidade de seu funcionamento. No entanto, o MPF refuta essa justificativa, lembrando que as investigações demonstraram que a companhia não passa de uma empresa utilizada para blindagem patrimonial, constituída para lavar o dinheiro obtido por meio do esquema criminoso.

    O relatório apresentado pela Polícia Federal (PF) identificou a ocorrência de pelo menos 106 transações imobiliárias suspeitas realizadas pela Na Fomento Mercantil LTDA, desde o início de suas atividades. Segundo o documento, as provas já produzidas demonstram que a empresa e o sócio João Batista Bisco estabeleciam relações escusas com as demais pessoas jurídicas envolvidas no conluio, visando blindar o patrimônio dos investigados.

    O inquérito aponta que a Na Fomento Mercantil LTDA é uma das empresas que foram usadas para realizar execuções simuladas de dívidas. Isto é, ingressava-se em juízo com demandas que tinham como base títulos de dívidas que nunca existiram, movidas por empresas de fachada contra outras firmas do mesmo grupo para, ao final, transferir o patrimônio entre elas e frustrar execuções movidas pelo fisco e por particulares.

    Ainda de acordo com o inquérito, são mais de 100 empresas atuantes em diversos ramos implicadas no esquema, muitas delas criadas em nome de testas de ferro e laranjas. Estima-se que somente as práticas de falsas execuções realizadas pela organização criminosa resultaram em um prejuízo de aproximadamente 65 milhões de reais aos cofres públicos.

    A Na Fomento Mercantil LTDA afirma que a soma de valores a ela atribuída chega ao valor de 46 milhões de reais, montante base para a definição do seguro-garantia a ser pago pela empresa. O MPF, contudo, argumenta que dada a complexidade do esquema, assim como o profundo envolvimento da firma, de seus sócios e demais investigados, não é possível, nesse momento das investigações, medir a parcela do dano pela qual é responsável cada um dos envolvidos.

    Dessa forma, a procuradoria defende que, uma vez que é impossível delimitar individualmente os valores pelos quais os investigados são implicados e dada a discrepância entre os valores estimados pela PF e os informados pela empresa para pagamento do seguro, é preciso que a decisão seja revogada e que o patrimônio da Na Fomento Mercantil LTDA se mantenha bloqueado.

    Essa é a 18ª peça produzida pela PRR3 em processo relacionado à Operação Rosa dos Ventos. O caso vem sendo acompanhado em 2ª instância pela procuradora regional Denise Neves Abade.

    Operação Rosa dos Ventos

    Deflagrada em agosto de 2017 pela Polícia Federal em parceria com o Ministério Público Federal em Campinas e com a Receita Federal, a Operação Rosa dos Ventos investiga um complexo esquema de fraudes na produção e distribuição de combustíveis ocorrido, pelo menos, entre 2003 e 2017. Um dos principais alvos da operação é o empresário Miceno Rossi Neto, apontado como líder da organização criminosa que gerou prejuízos superiores a 5 bilhões de reais aos cofres públicos através de sonegação de impostos e lavagem de dinheiro.

    O esquema consistia no uso de distribuidoras fantasmas para a comercialização de etanol, o que viabilizava a sonegação de 33% dos tributos devidos após a compra do combustível das usinas e a revenda aos postos. Essas empresas tinham vida útil de aproximadamente quatro anos, tempo médio até que a Receita descobrisse a atuação ilegal. Quando entravam na mira das autoridades fazendárias, as firmas eram desconstituídas e davam lugar a outras, também de fachada.

    De acordo com o apurado na operação, o grupo de Rossi Neto lavou dinheiro por meio de seis métodos diferentes: I) transferência de recursos entre as diferentes empresas da organização criminosa; II) abertura de empresas em nome de laranjas e testas-de-ferro; III) participação de fundos de investimento; IV) aquisição de debêntures de empresas abertas em nome de laranjas; V) aquisição de bens em nome de terceiros e VI) execuções judiciais fundadas em documentos falsos.

    A Operação Rosa dos Ventos baseia-se em investigações conduzidas desde 2016. Ao todo, foram expedidos 24 mandados de prisão e 36 de busca e apreensão, cumpridos a partir de 15 de agosto em três estados e no Distrito Federal.

    Assessoria de Comunicação Social
    Procuradoria Regional da República da 3ª Região
    (11) 2192 8620 / 8766 / 8925 // (11) 9 9167 3346
    prr3-ascom@mpf.mp.br
    twitter.com/mpf_prr3
    www.mpf.mp.br/regiao3/




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