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16 de Junho de 2024
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    Segurança / Internet tem 250 denúncias de crime por dia/Delegado diz que se sente exposto "por natureza"/Humilhação toma conta da web e preocupa jovens/Crianças e adolescentes se expõem mais

    Sites de relacionamento social são os campeões de problemas. Pornografia infantil responde por 63% dos casos

    Pornografia infantil, pedofilia, racismo, neonazismo, intolerância religiosa, apologia e incitação a crimes contra a vida, homofobia e maus-tratos contra os animais. Todos os dias, as autoridades brasileiras são informadas de 250 novos crimes como esses cometidos via internet. No ano passado inteiro, foram 91 mil casos que chegaram à Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos - número 110% maior do que as 43 mil denúncias de 2006.

    A Central de Denúncias, mantida pela ONG SaferNet e pelo Ministério Público Federal, diz que 90% dos casos registrados têm origem nas redes de relacionamento social. A pornografia infantil é o crime mais comum: corresponde a 63% do total.

    O Ministério Público Federal, aliás, credita o crescimento de investigações de crimes cibernéticos ao acordo feito em julho de 2008 com o Google, empresa dona do Orkut. A empresa passou a encaminhar regularmente às autoridades páginas que contivessem pornografia infantil.

    Investigação

    As denúncias recebidas são encaminhadas para o Ministério Público, que instaura procedimentos para investigação. O número de procedimentos abertos pelo órgão aumentou 318% em um ano. Foram 620 investigações em 2007 contra 1.975 em 2008.

    Além dos crimes contra os direitos humanos, violações como ameaça, calúnia, difamação, injúria e falsa identidade têm se tornado comuns na internet. Porém, não aparecem nas estatísticas da Central de Denúncias.

    O delegado-titular do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber), Demétrius de Oliveira, confirma o aumento dos casos. "Criminosos também são ligados à tecnologia", afirma. Ele recebe casos que vão desde falsa identidade até extorsão feita pela internet, passando por uso de informações pessoais e difamação on-line.

    O próprio delegado é, inclusive, erroneamente citado no Orkut. Numa comunidade denominada Nuciber Paraná, o criador pede para que os internautas enviem denúncias ao delegado. Mas as denúncias enviadas pelo Orkut não chegam ao Nuciber. "Não é um site oficial", diz o delegado.

    Exposição -

    Muitos crimes ocorreram por descuido das vítimas. O delegado Oliveira orienta usuários a não expor informações pessoais nem fotos. Nas comunidades de relacionamento, que borbulham de acessos, a exposição é constante. Para quem não conhece, um site de relacionamento funciona assim: a pessoa se cadastra, cria um perfil, descreve-se, coloca sua foto e vai em busca de mais amigos. Sem querer, o usuário fornece informações preciosas para quem está mal intencionado.

    Segundo a pedagoga e consultora em Tecnologia Responsável Danielle Lourenço, muitos internautas divulgam dados sobre sua vida pessoal. "Fotos de rosto, escola onde estudam e ainda marcam 'baladas'", critica Danielle.

    Serviço

    Mais informações no Nuciber, pelo (41) 3323-9448 ou no site www.safernet.org.br

    Delegado diz que se sente exposto "por natureza"

    O delegado de Araucária, Rubens Recalcatti, que escreveu um livro sobre sequestros e foi titular da Delegacia de Furtos e Roubos, em Curitiba, orienta os usuários a terem muita cautela na internet, procurando não se identificar de maneira alguma. "A internet é uma excelente ferramenta para se comunicar e contactar pessoas, mas tem um lado negro", afirma.

    Na prática, porém, o comportamento dele é diferente. Com cerca de 900 amigos no Orkut e acessando quase 400 comunidades, Recalcatti parece não ter nada a esconder na internet. No seu perfil virtual, é possível descobrir a intimidade do delegado: ouve Renato Borghetti, é "romântico assumido", "quer um amor para a vida toda", dorme tarde, tem simpatia pelo Paraná Clube, odeia Big Brother Brasil e tem uma risada escandalosa.

    Recalcatti também não esconde que é policial e divulga uma foto em que aparece com o rosto desfocado segurando uma arma. Também acessa comunidades policiais, mas nunca do computador da delegacia, onde a abertura da página é proibida.

    De 30 a 50 pessoas acessam por dia o perfil do delegado, que não tem ideia de quem seja a maioria delas. Ele chegou a receber ameaças, mas diz que, como homem público, naturalmente está exposto. Já quem é anônimo, deve se manter no anonimato, segundo ele. "Sei que não estou protegido e isso tem me preocupado. Pensei várias vezes em retirar as páginas, mas tenho tantos contatos e sei que vou perder uma linha de comunicação importante", defende. (BMW)

    Humilhação toma conta da web e preocupa jovens

    O bullying (atitude agressiva e intencional feita repetidamente por jovens contra outros) é intenso na internet. Agora, as agressões, comuns entre estudantes, não acontecem só no recreio: a vítima recebe xingamentos, ofensas e humilhações por e-mails, em recados em sites de relacionamentos e em comentários de blogs.

    Pesquisa com 875 jovens realizada em 2008 pela organização SaferNet, referência nacional no enfrentamento de violações na internet, mostrou como o problema é frequente. Entre os entrevistados, 38% disseram ter sido vítimas de bullying cibernético e 44% afirmaram conhecer amigos que já foram ofendidos ao menos uma vez. A organização também entrevistou 451 pais, para saber se eles tinham medo que o filho jovem sofresse ciberbullying. O índice encontrado foi menor do que o respondido pelos jovens: apenas 22% dos pais se preocupam com o assunto.

    Para a pedagoga e consultora em Tecnologia Responsável, Danielle Lourenço, a gravidade do bullying, seja praticado na escola ou na internet, é a mesma. "O bullying sempre existiu nas escolas. A tecnologia apenas o deixou mais evidente e potencializou suas ações", afirma. (BMW)

    Crianças e adolescentes se expõem mais

    Se adultos já se expõem na internet sem perceber, crianças e adolescentes, pela inocência, acabam sendo mais vulneráveis ainda: 87% divulgam o nome verdadeiro, 56% dizem o sobrenome e 73% publicam fotos na internet. O resultado foi verificado em pesquisa da organização SaferNet com 875 jovens internautas.

    A preocupação dos especialistas é que muitas vezes o computador fica no quarto da criança e os pais não têm controle sobre o conteúdo acessado. No levantamento da SaferNet, 65% afirmaram ter computador no quarto - o que a doceira Beatriz Neves, de Curitiba, aboliu na sua casa. "Lá em casa, o computador é só na sala. Até tinha no quatro, mas botei na sala. Fico vendo e a todo instante estou junto com minhas filhas."

    Beatriz não proíbe as filhas de 16 e 7 anos de acessarem o computador, mas faz questão de controlar o conteúdo. A mãe tem a senha das meninas para monitorar os recados. As três têm Orkut - a filha mais nova, inclusive, aprendeu a ler pelo site de relacionamento. A menina estava com 6 anos e escrevia recados para as primas, que respondiam apontando os erros de grafia. "Quando ela se inscreveu, não sabia ler e foi praticando pelo site", diz a mãe.

    Beatriz orienta as filhas a não divulgar informações e a não colocar o sobrenome no Orkut. Porém, publicam fotos da família. A mãe encara a internet como algo saudável. (BMW)

    Dicas para os pais

    Os pais têm uma falsa sensação de controle do conteúdo acessado pelos filhos na internet, constata a pedagoga e consultora em Tecnologia Responsável, Danielle Lourenço. Ela explica que a ideia equivocada faz que muitos pais nem se preocupem com o assunto. "A internet promove ações socializadoras, acesso ao conhecimento, estimula a escrita, o raciocínio lógico, a capacidade de concentração, abre mil janelas para o mundo, desde que utilizada de modo correto e com supervisão constante dos pais", afirma. Confira algumas dicas da pedagoga:

    ? Deixe o computador num cômodo "público" da casa, como sala de estar ou escritório. Isso inibe ações inadequadas e facilita o acompanhamento.

    ? Sente-se com seu filho em frente ao computador e peça que ele mostre quais os sites que visita, seus amigos do MSN, seu blog. Muitos especialistas recomendam que crianças e adolescentes não entrem em sites de relacionamento. Se você permitir que eles entrem, veja a página do perfil.

    ? Limite o tempo de uso da web. Uma a duas horas por dia, em período letivo, é mais do que suficiente.

    ? Todo dia a internet tem novidades e novos perigos. Ficar de olho nos sites que o filho acessa e acompanhá-lo na navegação é um exercício de amor e paciência.

    Crimes reais

    Situações de crime na internet que chegam ao Núcleo de Combate aos Ciber Crimes, no Paraná:

    Identidade

    Usuários de site de relacionamentos colocam nome completo, telefone e endereço. Criminosos se apropriam das informações, criam identidades falsas e passam a divulgar dados das vítimas.

    Dinheiro

    Pessoas interessadas em obter empréstimos encontram na internet falsas agências que prometem financiamento. As vítimas enviam imagens escaneadas da carteira de identidade e do CPF. O falsário utiliza os dados para fazer compras on-line.

    Bancos

    Usuários de bancos entram em sites seguros, mas clicam em mensagens que permitem a instalação de arquivos contaminados.

    Ameaça

    Criminosos acessam informações das vítimas pela internet e passam a ameaçá-la. Eles veem no site de relacionamento uma foto da vítima com o filho usando uniforme escolar e dizem que sabem onde ele estuda.

    Extorsão

    Criminosos arrumam emprego em uma empresa e passam a observar a rotina do chefe. Descobrem o e-mail dele e enviam mensagens anônimas para extorquir dinheiro.

    Pedofilia

    Pedófilos entram em sites de bate-papo para crianças. Eles pedem para elas irem em frente a câmera do computador e tirarem a roupa. Depois, vendem as imagens.

    Fonte: Gazeta do Povo

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