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5 de Maio de 2024
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    STF diz que condenado em segunda instância não pode ser preso até fim de recursos

    Publicado por Âmbito Jurídico
    há 15 anos

    Fonte: ABr

    Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram hoje (5) um caso concreto, no qual prevaleceu majoritariamente o entendimento de que o réu tem direito a recorrer em liberdade em caso de decretação de prisão, até que estejam esgotadas todas as possibilidades de recurso, ainda que já tenha condenação em segunda instância.

    Essa decisão, porém, não exclui a possibilidade de um réu ficar preso, mediante um decreto de prisão preventiva de um juiz, sob justificativa de que a liberdade pode colocar em risco outras pessoas ou que o acusado pode ter interferência em inquéritos ou a possibilidade de cometimento de outro crime. A decisão, por 7 votos a 4, classificada como "histórica" pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, indica um posicionamento que deve ser confirmado pelo Tribunal em julgamentos futuros, que tratem do mesmo tema.

    Foi neste sentido o voto do relator da ação, ministro Eros Grau, seguido pelos ministros Cezar Peluso, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello, Carlos Ayres Britto, Março Aurélio de Mello e Gilmar Mendes. Tratava-se de um habeas corpus em favor do agricultor Omar Coelho Vitor, condenado em segunda instância a sete anos de prisão por tentativa de homicídio, em Minas Gerais. Ele pedia no STF efeito suspensivo à execução de sua pena, ou seja, que ele não fosse preso até o esgotamento de todos os recursos. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tinha negado ao agricultor pedido semelhante.

    A tese do relator é de que a prisão, antes do julgamento de todos os recursos cabíveis, ofende frontalmente o Artigo , Inciso57, da Constituição , que dispõe que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Para Grau, a prisão durante a apelação pode ser caracterizada até como um cerceamento do direito de defesa. "A regra é a liberdade. Ninguém será preso senão em flagrante delito", defendeu o ministro Ayres Britto.

    Ficaram vencidos na discussão, que se estendeu por praticamente toda a sessão, os ministros Menezes Direito - que deu voto, após ter pedido vista dos autos -, Joaquim Barbosa, Carmem Lúcia e Ellen Gracie. Em sua argumentação, Barbosa chegou a dizer existir no Brasil "um sistema penal de faz de conta, que carece de eficência".

    "Se tivermos que esperar os deslocamentos de recursos, o processo jamais chegará ao fim. Não conheço nenhum país que ofereça aos réus tantos meios de recursos como o nosso", criticou Barbosa.

    Março Antonio Soalheiro

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    2 Comentários

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    Meu esposo perdeu em segunda instância... Foi preso. O que posso fazer para tirar ele da prisão enquanto recorremos em terceira instancia? continuar lendo

    Eu achei ótima a decisão do STF, pois as cadêias estão lotadas, e há sim outras formas de penalizar o réu sem que seja a reclusão.
    pode ser uma medida cautelar com tornozeleira; que por sinal está funcionando muito bem... continuar lendo