Superintendente do Hospital Pompéia destaca avanços e dificuldades do SUS
Ao participar do seminário "Emenda 29: Mais Recursos para a Saúde", promovido pela Bancada do PMDB, realizado na tarde desta segunda-feira (29), no Plenarinho da Assembléia Legislativa, o superintendente do Hospital Pompéia, de Caxias do Sul, e vice-presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS, Francisco Ferrer, destacou o atendimento hospitalar aos pacientes do SUS, seus avanços e dificuldades.
Conforme ele, a rede de hospitais sem fins lucrativos do Rio Grande do Sul constitui-se de 239 unidades hospitalares, com18 mil leitos. Mais de 70% da capacidade assistencial hospitalar SUS no Estado, com 519 mil internações/ano. São 55 mil trabalhadores na área da saúde na maior rede complementar Estadual no País. Cerca de 66,6% dos leitos existentes no RS estão nestes hospitais, informou Ferrer.
Mesmo assim, com estes números, a receita média por Autorização por Internação Hospitalar (AIH) é de R$ 731,43 enquanto que o custo médio por AIH Internação Clínica é de R$ 2.304,00. Ou seja, 215% de déficit. A mesma relação nós encontramos nas internações cirúrgicas, na ala de obstetrícia e na pediátrica. Para exemplificar ainda mais esta distorção, citarei alguns tratamentos deficitários como o caso de tratamentos por insuficiência respiratória aguda cujo custo é de R$ 4.571,85 e na tabela é R$ 480,87, ou seja, - 850,7%. Ou, ainda, no caso das pneumopatias agudas de custo R$ 2.869,40 e a tabela apresenta o valor de R$ 582,42 (- 392,7%). A diária da UTI - III tem o valor de R$ 1.313,31 e a tabela aponta R$ 508,63 (- 157,8%). Um absurdo!, disse o superintendente do Hospital Pompéia.
Segundo ele, a mesma situação acontece com os tratamentos ambulatoriais, que são deficitários. No caso da consulta básica adulto, o custo é de R$ 28,79 e a tabela paga somente R$ 2,04. Temos, aí, um percentual a menos de 1313,4. No caso da emergência de adulto é mais gritante ainda a diferença: R$ 279,73 e a tabela é de R$ 12,47 (- 2143,3%). O resultado disso é que a rede de hospitais sem fins lucrativos do RS vivem em crise permanente, apresentam um endividamento crescente; pressão sobre orçamentos municipais; depreciação física e tecnológica;precarização das relações de trabalho; baixos salários, rotatividade; redução de leitos; fechamento de hospitais; incapacidade de respostas às necessidades da população; urgências e Emergências superlotadas; crescentes restrições de acessos dos usuários; imagem do segmento em constante risco e, por fim, Judicialização da Saúde, que tem como causa o sub-financiamento do Sistema Único de Saúde (União e Estado), observou Ferrer.
Ao concluir, o superintendente apontou a Gestão Pública como solução assim como a assunção de compartilhamento de responsabilidades dos três níveis de governo. Também são problemas a serem enfrentados a falta de planejamento de médio e longo prazo, a descontinuidade de políticas públicas, sendo necessário políticas de Estado e não de governo; precisamos de orçamentos focados em disponibilidade de recursos e não em necessidade da população, acabar com o desequilíbrio de investimentos entre a prevenção e a doença e a necessidades de investimentos na formação de profissionais para o SUS, apontou Fernando Ferrer.
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