Tensão pode aumentar nos canteiros de Belo Monte, diz representante sindical

O representante do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada e Afins (Sintrapav/PA) e da Federação Nacional dos Trabalhadores da Construção Pesada (Fenatracop), Eduardo Armond, prevê que a tensão vai aumentar nos canteiros de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, onde as obras ainda estão em fase inicial e que, por isso, receberão trabalhadores deslocados das usinas de Santo Antônio e Jirau, onde as obras estão na fase final.

Armond é um dos participantes da audiência pública, desta terça-feira, da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público sobre as condições de trabalho nas hidrelétricas Ferreira Gomes e Santo Antônio do Jari, no Amapá; Jirau e Santo Antônio, em Rondônia; e Belo Monte, no Pará.

Ele disse que a meta da Fenatracop é discutir um acordo coletivo nacional para obras isoladas financiadas com dinheiro público. Ele explicou que milhares de trabalhadores migraram do Sul e do Sudeste para grandes obras em andamento no Norte e Nordeste, como é o caso das usinas de Jirau e Belo Monte, com expectativas de salário e de condições de trabalho superiores às que de fato encontraram nesses locais.

Isonomia salarial

Segundo ele, os trabalhadores reivindicam uma isonomia salarial e das condições de trabalho de todas as regiões. Armond afirmou que o salário chega a ser de 40% a menos no Norte e no Nordeste em relação ao Sudeste. Além disso, as condições de trabalho são piores, as obras são distantes e a infraestrutura é pequena.

Em relação a Jirau e Santo Antônio, onde as obras caminham para uma etapa final, as condições salariais e trabalhistas melhoraram após amplas mobilizações e até revoltas. Mesmo assim, a média salarial ainda está abaixo do Sul e do Sudeste. A federação e a confederação têm insistido que é necessário ter uma espécie de acordo nacional padrão que estabeleça patamares médios de salário e de condições de trabalho , explicou.

Eduardo Armond disse que, em novembro, o acordo coletivo firmado em Belo Monte conseguiu 11% de reajuste salarial, que é quase o dobro de ganho real em relação ao INPC; mesmo assim a média ainda esta abaixo de Jirau e Santo Antônio

A baixada, que é como os trabalhadores chamam o período que lhes é concedido para visita à família, que era de 180 dias, passou para 90 dias para os que já estão lá. Para os novos trabalhadores, a baixada continua sendo de seis meses, porque eles têm que passar por três meses de experiência, necessariamente.

Já o ticket alimentação, que era de R$ 100, foi para R$ 200. Os sindicatos reivindicam baixada de 90 dias para todos, ticket de R$ 300, o mesmo pago em Jirau e Santo Antônio e definição de pisos salariais.

Agência Câmara de Notícias