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17 de Junho de 2024
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    TERRAMÉRICA ? Fábricas de ideias verdes

    A fábrica da Carbon Diversion começou a operar em setembro, e a empresa planeja instalar outras dez nos próximos 18 meses. Foto: Cortesia de Francisco Villaseñor.

    Iniciativas acadêmicas buscam despertar o interesse em negócios ambientais de comunidades e empresas instaladas no México, desde Walmart até Nissan.

    Cidade de México, México, 17 de outubro de 2011 (Terramérica).- A inovação ambiental ganha terreno em ambientes universitários, privados e estatais do México, com a criação de centros de pesquisa e de desenvolvimento em boas práticas locais e incubadoras de iniciativas produtivas. O engenheiro mexicano Francisco Villaseñor fundou, em 2006, a Carbon Diversion América Latina, um projeto para aproveitar o bagaço do agave azul (Agave tequilana), planta que é matéria-prima da tequila, para produzir biocombustível.

    Com um capital em sementes de US$ 178 mil entregues pelo estatal Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, Villaseñor começou a montar a unidade de processamento, após patentear o processo e o sistema para produzi-lo. A produção é 25% mais barata do que o óleo combustível. O biocombustível será para a indústria da tequila e para quem quiser substituir combustíveis fósseis, explicou ao Terramérica o engenheiro, cujo projeto ganhou, no final de setembro, o Cleantech Challenge México, concurso que premia inovações sustentáveis.

    Iniciativas como esta, que nascem em incubadoras universitárias, podem ser o objetivo dos centros de desenvolvimento sustentável planejados pelo governo mexicano e as universidades privadas. Em novembro, o governo criará o Centro de Economia Verde e Desenvolvimento Sustentável, com aporte de US$ 70 milhões dos Estados Unidos, embora se desconheçam detalhes sobre seu funcionamento e suas metas.

    De forma paralela, o privado Instituto Tecnológico de Monterrey e a estatal Arizona State University (ASU), dos Estados Unidos, inauguraram, no dia 4 deste mês, o Instituto Global para a Sustentabilidade, considerado pela ASU como uma extensão de seu Global Institute of Sustainability. Seus objetivos são abrigar e buscar sinergias entre muitíssimas iniciativas já existentes em matéria de sustentabilidade no Instituto Tecnológico de Monterrey e trabalhar com parques tecnológicos para a criação de empresas com impacto verde no México, disse ao Terramérica Isabel Studer, diretora do novo instituto.

    O Instituto Tecnológico de Monterrey possui 32 campi neste país, e pelo menos nove de seus centros de pesquisa e 11 cátedras se relacionam com a sustentabilidade. Um dos primeiros projetos se refere à rede de lojas da multinacional Walmart, uma das aliadas da instituição, interessada em capacitar micros, pequenas e médias empresas que a abastecem, e que em abril assinou um acordo de cooperação com Tecnológico de Monterrey. Outra candidata é a montadora japonesa Nissan, que busca criar negócios com a reutilização de resíduos gerados por suas fábricas.

    Para Carlos Gay, acadêmico do Centro de Ciências da Atmosfera, da estatal Universidade Nacional Autônoma do México, as prioridades desses centros devem ser a administração da água, a geração de energia e a alimentação, fatores relacionados com a mudança climática, sobre bases sociais, econômicas e ambientais, disse ao Terramérica. O incentivo às energias renováveis poderia gerar cerca de 500 mil empregos no México, segundo estimativas da organização ambientalista Greenpeace

    A unidade-piloto da Carbon Diversion em Amatitán, no Estado de Jalisco, foi inaugurada em setembro e é capaz de processar três toneladas de bagaço do agave por hora, para extrair 2,16 litros de biocombustível por tonelada, segundo a própria empresa. O México é um paraíso da biomassa desperdiçada; sobra muito bagaço. A visão é poder receber capital para implantar muitas unidades como esta no país, disse Villaseñor, formado pela Universidade Autônoma de Guadalajara (estatal), onde cursa mestrado em energia renovável.

    A Carbon Diversion vai instalar dez unidades na região produtora de tequila do noroeste mexicano nos próximos 18 meses. A empresa também tem outro produto que utiliza as folhas do agave para obter carvão vegetal que pode substituir a lenha. Segundo Studer, pode-se mudar uma comunidade para oferecer soluções globais. É um modelo que nos atrai muito pela presença que o Tecnológico de Monterrey tem em diversas localidades do país, e a partir desse modelo oferecer soluções reais para problemas locais, que também possam se reproduzir em outras regiões.

    O Tecnológico de Monterrey projeta investir US$ 5 milhões por ano em iniciativas de eficiência energética, mercados de carbono e energias limpas. Para esta academia, o espelho é o The Sustainability Consortium, criado em 2009 pela ASU e pela estatal University of Arkansas e que inclui mais de 85 instituições, entre organizações não governamentais, acadêmicas e empresas. O passo seguinte é criar um capítulo latino-americano do consórcio para comprometer esse tipo de atores e trabalhar com as empresas.

    Deve haver uma ênfase nas comunidades. Teríamos que tirar lições para aplicá-las à sociedade em uma escala maior. Nem todas as maneiras como estas sociedades sobrevivem em relações harmoniosas com o meio ambiente podem ser levadas para cidades de 20 milhões de habitantes, mas temos que encontrar equilíbrios, disse Gay. Dezenas de comunidades rurais mexicanas mantêm uma tradição de cuidado do meio ambiente e práticas sustentáveis em florestas e corpos de água, frequentemente sem apoio financeiro e técnico.

    O Ministério de Meio Ambiente e Recursos Naturais executa o projeto Liderança Ambiental para a Competitividade, voltado a empresas com mais de 25 empregados e do qual participam 1.603 corporações. O programa gerou uma economia anual de 7,18 milhões de metros cúbicos de água e 386 milhões de quilowatts/hora, e evitou a geração de 394.662 toneladas de dióxido de carbono e de 194.131 toneladas de resíduos não perigosos. Em 2011, já distribuiu US$ 513 mil em apoios.

    * O autor é correspondente da IPS.

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