Um advogado gaúcho em Roma
O emergente advogado porto-alegrense vai ao competente barbeiro de sempre. E conta, então, que dentro de três dias começará um giro europeu por Roma. Pede um corte caprichado.
O barbeiro – que também é viajado, mas reconhecido pelos seus ´ti-ti-tis´ – observa crítico:
- Roma é uma cidade antiga, suja, mafiosa. E em que empresa o senhor vai voar?
- Vamos de Tam – responde o advogado.
- São aviões antigos, aeromoças pouco gentís, os voos atrasam! Pelo menos o senhor vai ficar em um bom hotel?...
- Vamos nos hospedar no Vêneto Palace, próximo à zona das embaixadas.
- Já estive lá, não é um bom hotel, os quartos são pequenos, o serviço é grosseiro...
- Mas tem transporte cortesia, idaevolta ao Vaticano, onde – como católicos – minha mulher e eu pretendemos ver o Papa.
- Vai ser difícil, pois sempre há milhares de pessoas tentando chegar perto do Papa e o senhor vai parecer do tamanho de uma formiga na multidão. De qualquer forma, lhe desejo ótima viagem, boa sorte e que receba a benção papal.
Um mês depois, o advogado – já de volta a Porto Alegre – vai de novo cortar os cabelos.
- Como foi sua viagem, meu caro doutor?
- Beleza de voo! O avião da Tam era novo, decolou pontual e, como houve overbooking na classe econômica, nos deram um upgrade para a executiva. A comida e o vinho estavam maravilhosos, os comissários foram gentís.
- Hmmm, mas aposto que o hotel foi exatamente como eu descrevi...
- Pelo contrário! Gastaram milhões de euros numa reforma total. Agora é um dos melhores hotéis em Roma. Como os apartamentos standards estavam lotados, se desculparam oferecendo uma suíte com vista para a Via Vêneto, sem custo extra.
- E o senhor e sua esposa conseguiram chegar perto do Papa?
- A nossa viagem foi de sorte total! No final da missa, os guardas nos escolheram – junto com mais umas 15 ou 20 pessoas - explicando que o Papa gostaria de conversar com alguns dos visitantes. Passamos pelo detector de metais, fomos a uma sala reservada, esperamos uns dez minutos, quando o Papa Francisco chegou, aproximou-se dos visitantes, apertou as mãos de todos. Eu me ajoelhei, e ele falou em portunhol algumas palavras para mim...
Impressionado, o barbeiro implora:
- Mas o que foi que o Papa lhe falou?
Inventando ferinamente, o advogado é curto no nocaute verbal que silencia o barbeiro falastrão.
- O Papa apenas disse, em voz baixa: ´Onde você fez esse corte de cabelo ridículo...?´
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