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11 de Maio de 2024
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    Rachel Genofre, Giovanna Reis e a soma das coincidências - Advogados e investigadores em pé-de-guerra - O suspeito que morava ao lado

    Semelhanças entre mortes de meninas em 2006 e 2008 movimenta Justiça e levanta hipótese de falhas nas investigações

    Novembro de 2008, Rachel Genofre é encontrada morta dentro de uma mala na Rodoferroviária de Curitiba. Abril de 2006, Giovanna dos Reis Costa foi achada dentro de um saco plástico, com o corpo amarrado, num terreno em Quatro Barras, na região metropolitana. Além da idade das meninas - ambas tinham 9 anos -, a Justiça do Paraná suspeita que possa haver mais coincidências entre os casos.

    O elo entre as duas histórias seria um homem que será identificado pela reportagem da Gazeta do Povo pelas iniciais do nome: M.A.B. Ele é motorista de ônibus e era vizinho de Giovanna na época do crime. M. A. B. chegou a ser investigado, mas foi logo descartado diante das evidências que a polícia encontrou contra três ciganos, acusados de utilizar a menina em um ritual de magia negra.

    O nome dele apareceu novamente quando as investigações do caso Rachel começaram. A polícia teria descoberto um primeiro vínculo entre o motorista e a menina, já que uma prima de Rachel era amiga do rapaz. As investigações mostraram, ainda, que M.A.B. teria uma histórico de suspeitas de atração sexual por crianças.

    Os advogados de defesa dos ciganos foram mais longe e enxergam mais indícios de ligação entre as mortes. "Tanto o caso Rachel quanto Giovanna têm uma assinatura. O tempo e o modo de operação são iguais, porque primeiro a vítima é sequestrada, depois é violentada e depois aparece morta em local público", explica o advogado Cláudio Dalledone Júnior. No primeiro caso, segundo Dalledone, M.A.B teria tentado incriminar os ciganos, supostamente jogando a sacola com roupas da Giovanna ao lado da casa deles. No segundo caso, ainda de acordo com o defensor, M.A.B. teria tentado incriminar os índios, colocando a mala com o corpo próximo ao local em que eles dormiam, na Rodoferroviária.

    Diante da dúvida de uma ligação entre as mortes, o desembargador Luiz Osório Moraes Panza, relator do processo do caso Giovanna, adiou o julgamento atendendo a um pedido dos advogados que representam os ciganos. No dia 19 de novembro, a defesa apresentou um documento listando uma série de possíveis indícios de ligação de M. A. B. ao assassinato de Giovanna e coincidências entre os dois crimes (veja gráfico). No dia 9 de dezembro, a defesa pediu ao desembargador que requisitasse ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) o inquérito integral do caso Rachel, para que pudesse ser analisada a relação entre os dois casos. Panza atendeu ao pedido uma semana depois.

    O inquérito não foi remetido, mas, no dia 22 de dezembro, o Cope respondeu ao despacho do desembargador com um documento, obtido com exclusividade pela Gazeta do Povo, que afirma não existir até aquele momento indícios expressivos de relação entre as mortes. Pouco antes de entrar de férias, Panza encaminhou para a Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) o documento do Cope. "Se a Procuradoria entender que há indícios de conexão entre os crimes haverá novas diligências para esclarecer os fatos. Caso contrário, o julgamento dos ciganos volta para a pauta", disse o magistrado por telefone.

    Fontes da polícia dizem que M.A.B chegou a ser localizado no interior do estado. Ele teria, num primeiro momento, se recusado a fazer o exame do DNA para verificar a autoria do assassinato de Rachel, mas depois topou fazer o teste genético no Instituto Médico Legal (IML). O resultado teria dado negativo. O laudo, contudo, não foi apresentado a Panza e nem à imprensa, o que gerou mais controvérsia em relação ao assunto.

    A Polícia Civil do Paraná e o Ministério Público dizem que o discurso dos advogados dos ciganos é uma artimanha para inocentar os seus clientes. Mesmo assim, o promotor de Justiça Octacílio Sacerdote Filho, responsável pelo caso Giovanna, afirma que o inquérito do caso Rachel e o exame de DNA feito por M.A.B deveriam ser remetidos ao desembargador para que não restassem dúvidas e o julgamento dos ciganos não fosse prejudicado. Segundo o promotor, é possível que os ciganos sejam julgados ainda neste primeiro semestre.

    Advogados e investigadores em pé-de-guerra

    De um lado, a defesa dos ciganos alega que não é interessante para a polícia que M.A.B seja apresentado, pois revelaria a incompetência da investigação desde o caso Giovanna. Do outro lado está a polícia e o Ministério Público, afirmando que a ligação dos casos Giovanna e Rachel não passa de artimanha da defesa dos ciganos.

    "O caso de Rachel foi de rapto e violência sexual. No caso Giovanna, a violência sexual não ficou comprovada. Encontramos fios de luz e marca de mão de criança na casa dos ciganos" , explica o promotor de Justiça responsável pelo caso Giovanna, Octacílio Sacerdote Filho.

    O superintendente da delegacia de Quatro Barras, que participou da investigação do caso Giovanna, José Carlos França Neves, está seguro da autoria do crime. "A polícia trabalha em cima de evidências. O nome de M.A.B só surgiu porque ele era vizinho de Giovanna. Não foi encontrado nada que o ligasse ao crime. Fio de cabelo e colchão com mancha de urina são comuns. Encontramos em quase todas as casas da região. O saco de lixo achado na casa dele não combinava com o utilizado no crime" , afirma. "Isto é uma artimanha da defesa" , diz.

    O advogado de defesa dos ciganos, Cláudio Dalledone, diz desconfiar até mesmo da existência de tal exame de DNA que comprovaria que M.A.B não é o autor do crime. "O desembargador traçou uma analogia entre os dois casos e determinou que o Cope remetesse na íntegra, para o processo do caso Giovanna, o inquérito do caso Rachel. O que o Cope fez? Não teve coragem de apresentar. Por quê? Porque vai desmascarar. A polícia não resolveu o caso Giovana. Nem resolveu o caso Rachel" , opina. "O secretário de Segurança Pública está em uma situação difícil agora", dispara. A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) foi procurada, mas preferiu não se pronunciar sobre o assunto. (TC)

    O suspeito que morava ao lado

    Depois que 20 suspeitos foram descartados com a negativa de exames de DNA, a polícia trabalha agora com cerca de quatro nomes como possíveis assassinos de Rachel Genofre, 9 anos, morta em novembro do ano passado. Um dos principais nomes seria o de um rapaz que vivia em uma favela próxima ao local em que a menina morava. Este homem seria conhecido da família da mãe de Rachel.

    Moradores da região dizem que antes mesmo do corpo de Rachel ser descoberto na Rodoferroviária, um homem branco, de 38 anos, morador da ocupação, comentava com conhecidos o que teria feito com a garota. "Ele ficava se gabando. Disse que fez por vingança. Mas sabemos que mexeu com outras meninas daqui também. É um pedófilo", afirma um morador da área.

    Além deste suspeito, a polícia também trabalha com a hipótese de o crime ter sido cometido por duas ou até três pessoas. Uma imagem feita a partir de uma câmara de um posto de gasolina, localizado na esquina da João Negrão com a Sete de Setembro, perto do local em que foi encontrado o corpo da menina, mostra um homem carregando uma mala semelhante à que foi encontrada com o corpo de Rachel. A gravação foi feita cerca de 30 minutos antes do horário em que o corpo de Rachel foi percebido pelos índios que dormiam na Rodoferroviária. Não foi possível, entretanto, fazer uma aproximação para tentar identificar o suspeito, já que a imagem perde qualidade e fica desfocada. Seis policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) ainda trabalham exclusivamente no caso. (TC)

    Fonte: Gazeta do Povo

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    Bruno Rodrigues da Rosa, Estudante de Direito
    Artigoshá 7 meses

    Resumo Direito Civil Parte Geral em linguagem acessível

    4 Comentários

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    Foto do pederasta travesti nazista Ariela Zugman, assassino da menina Rachel Genofre. https://www.facebook.com/309180162561405/photos/p.1346790825466995/1346790825466995/?type=3&theater continuar lendo

    Foto do pederasta travesti nazista Ariela Zugman, assassino da menina Rachel Genofre.

    https://www.facebook.com/309180162561405/photos/p.1346790825466995/1346790825466995/?type=3&theater continuar lendo

    Trabalhei por algum tempo no caso da Giovanna e de cara descartei o envolvimento dos ciganos em Quatro Barras. Quando ocorreu o crime em que foi vítima a Raquel, em seguida liguei a autoria aos dois casos. Infelizmente, trabalhar com uma polícia "burra" que não respeita as regras, esconde factos e não respeita juízes como o caso do Desembargador Panza inviabiliza qualquer possibilidade de contribuição à justiça. Há muitos bons policiais no PR, entretanto, as constantes transferências de competências protela a investigação e atrapalha o seu resultado que poderia ser positivo. continuar lendo