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6 de Maio de 2024

10 Clichês de empreendedorismo que devem ser evitados na Advocacia

Publicado por Ricardo Orsini
há 5 anos

A advocacia brasileira tem se tornado cada vez mais empreendedora.

Isso é bastante positivo, pois significa que muitos profissionais estão enfrentando a crise e a concorrência profissionalizando sua advocacia e agindo de forma estratégica.

Longe de significar “mercantilização”, o empreendedorismo tem criado um ambiente onde escritórios passam a se orientar por uma gestão de qualidade, marketing ético e maior foco nas necessidades dos clientes.

Com esse crescimento, seria natural que alguns clichês começassem a circular pelo meio.

E não podemos dizer que clichês, se não ajudam, pelo menos não atrapalham.

Atrapalham sim, e muito!

Projetos ficam parados, iniciativas são adiadas, decisões equivocadas são tomadas, por conta das falsas crenças e falácias por trás desses clichês.

É preciso ter cuidado com muitas frases de efeito.

Como elas são vendidas com embalagens muito atraentes (palestrantes e escritores motivacionais e, atualmente, os influencers), acabam sendo adotados como ideias fixas.

E muitas dessas ideias podem prejudicar seus projetos na advocacia.

Neste artigo, trago uma lista de 10 clichês de empreendedorismo na Advocacia que você deve ter cuidado.

Clichê # 1 – Persistir sempre

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“Persistir sempre” nem sempre é o melhor a ser feito.

Associar sucesso a persistência é uma ideia perigosa, pois não permite diferenciar a persistência da insistência.

O empreendedor precisa saber a hora de virar o disco, ou seja, de deixar uma parceria, de finalizar um projeto, de desfazer uma sociedade, de mudar a estratégia.

Para avaliar corretamente se é ou não o momento de mudar, você precisa de dados.

Se você não tem informações fidedignas sobre os resultados daquilo que está fazendo, a probabilidade é que você continue a insistir no erro.

Por isso é importante medir os resultados de suas estratégias.

Quanto aumentou ou diminuiu o faturamento, o número de clientes de um determinado serviço, o tempo médio despendido para atendimento de cada cliente, a produtividade dos colaboradores, etc.

Quem não controla, não gerencia.

E sem gestão, fica difícil saber se é hora de seguir adiante ou ainda é o momento de persistir (e não insistir).

Esta gostando do artigo? Confira nossas dicas no Blog Advocacia in Foco.

Clichê 2 – A vida é feita de oportunidades: agarre-as!

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Há dois aspectos desse clichê que você precisa tomar cuidado.

Primeiro, sabemos que todo advogado busca sempre novas oportunidades, seja de clientes, parcerias ou de visibilidade.

Mas, essa ideia de que você precisa “agarrar as oportunidades” pode ser meio irresponsável, se você não tem um filtro para selecionar as melhores oportunidades.

A frase ficaria melhor se fosse “a vida é feita de oportunidades: agarre as melhores”.

O mais indicado não é sair agarrando qualquer oportunidade.

Avalie, converse, pondere, seja desconfiado sim!

Quantos advogados não ficam presos a clientes ou parcerias ruins, por agir de forma precipitada e sem análise?

Agarrar oportunidades não pode ser sinônimo de impulsividade: esse é o cuidado que você deve tomar.

Um segundo aspecto é ficarmos presos às oportunidades que acreditamos ser boas, mas que acabam emperrando o nosso crescimento.

São situações que parecem ser oportunidades, mas que acabam cobrando um preço muito caro.

Uma parceria desgastante, um projeto que exige dedicação a ponto de não ter tempo para quem realmente importa, um trabalho que traz aprendizado, mas não há valorização pessoal ou financeira ou um projeto que traz dinheiro, mas pouco aprendizado.

Um exemplo são os serviços que atraem muitos clientes, mas dão muita dor de cabeça.

Lembro do exemplo de um colega, que quebrou o escritório por conta de um contrato que fechou com um com um banco.

A demanda do banco acabou fazendo o escritório perder muitos bons clientes pelo excesso de trabalho e perda de prazos.

Um dia, o banco rescindiu o contrato e o colega ficou na mão.

Sempre acreditou que não podia abrir mão daquela oportunidade, acabou perdendo tudo por ela.

Esta gostando do artigo? Confira nossas dicas no Blog Advocacia in Foco.

Clichê #3 – Quanto mais clientes, melhor!

clientes

Aumentar a receita é importante para qualquer negócio, mas nem sempre você precisa fazer isso aumentando o número de clientes.

Quando você não tem a estrutura operacional adequada ou um planejamento orientado para o crescimento, aumentar o número de clientes pode significar aumentar também as dores de cabeça.

O crescimento traz problemas que ameaçam o seu negócio, caso você não esteja preparado para enfrentá-los a tempo.

Prazos deixam de ser cumpridos, clientes são esquecidos, a rotina de trabalho começa a ficar estressante.

Uma alternativa para aumentar a receita sem aumentar a demanda é investir em marketing.

Ou seja, implementar ações que contribuam para aumentar a percepção de valor por parte dos clientes e, assim, poder aumentar os seus honorários sem diminuir a sua taxa de conversão.

Em determinadas situações, é melhor poder cobrar mais do que aumentar a demanda.

Saiba como fazer isso no nosso artigo sobre como gerar autoridade para fechar mais contratos.

Clichê #4 – É preciso trabalhar muito para alcançar o sucesso na advocacia

trabalhar muito

Esse é um clichê perigosíssimo!

Ainda mais na advocacia, que é uma atividade onde os profissionais estão presos a prazos e a carga excessiva de trabalho é vista com naturalidade.

Trabalhar muito nem sempre é sinônimo de prosperidade e produtividade.

A base desse clichê é a confusão entre trabalho e ocupação.

Estar ocupado nos tira aquela sensação de culpa e ansiedade, de que precisamos fazer alguma coisa neste exato momento para que tudo funcione.

E se não estamos ocupados, parece que tudo vai desmoronar a qualquer momento.

Claro, não estamos defendendo a ideia de vida fácil, de que você não precisa trabalhar para que as coisas funcionem.

A questão é fazer o que precisa ser feito.

Além de fazer mal à sua saúde e diminuir sua qualidade de vida, trabalhar demais pode te afastar de coisas importantes para sua advocacia, como networking, marketing e exercício da liderança.

Já vi muito advogado criticar o colega porque ele, ao invés de sentar a bunda na cadeira e trabalhar, ficava dando palestra pra cá e pra lá.

Mas depois não entendia porque o escritório do colega conseguia atrair tanto cliente, se ele vivia “se exibindo”, ao invés de trabalhar.

Trabalhar muito não significa sentar a bunda na cadeira.

Há outras dimensões do seu negócio que precisam ser cuidadas.

Acredite em trabalho duro sim, mas entenda qual o trabalho que realmente precisa ser feito para o sucesso do negócio.

Clichê #5 – É melhor ser visto, para ser lembrado

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Esse é um clichê de marketing que também traz os seus perigos.

Para muitos, na publicidade, quanto mais visibilidade, melhor.

O importante é que as pessoas se lembrem de você.

É claro que ser lembrado como advogado é importante, mas o clichê pode nos levar a fazer má publicidade.

Tenho visto muitos profissionais que gastam muito dinheiro com marketing digital, por exemplo, simplesmente porque querem ser vistos.

Marketing de advogado não pode se resumir a buscar visibilidade: tem que gerar valor para clientes.

Há várias formas de gerar valor para clientes na advocacia, mas a que tem mais crescido é o marketing de conteúdo.

Neste artigo sobre o marketing digital como proposta de geração de valor na Advocacia, dá uma conferida.

Profissionais muito focados em visibilidade, acabam gastando tempo e dinheiro em estratégias que não ajudam a atrair clientes.

  • postagens à esmo nas redes sociais;
  • dinheiro gasto com agência para criar artes de banners sem nenhum direcionamento de público-alvo;
  • anúncios caros em revistas que ninguém lê;
  • panfletagem em locais que não circulam clientes potenciais do seu serviço (ação que, inclusive, é vedada pelo Código de Ética e Disciplina da OAB).

É melhor ser visto, mas não de qualquer forma.

Divulgar sua marca é interessante quando você tem algum conteúdo para ser associado à ela.

Clichê #6 – O bom profissional vai sempre se sobressair

bom-profissional

Esse ponto traz uma certa polêmica sobre o que significa ser um bom profissional.

Quando consideramos que o bom profissional é aquele que executa o seu serviço com excelência técnica, então temos um clichê.

Acreditar que excelência técnica, por si só, fará você sobressair-se na advocacia é, no mínimo, ingenuidade.

O sucesso na advocacia está atrelado há vários fatores, tendo na excelência técnica, claro, um dos principais.

Mas é preciso saber criar uma rede de relacionamentos (networking), fazer marketing, desenvolver habilidades de negociação, pensamento estratégico, conhecimentos básicos de Tecnologia da Informação, trabalho em equipe, inteligência emocional…

A lista é grande!

Mais do que buscar ser um bom profissional (no sentido de perícia técnica), você tem que buscar desenvolver múltiplas habilidades, de acordo com o contexto da sua advocacia.

Clichê #7 – Empreendedores são como investidores: precisam correr grandes riscos

investidores

Essa é outra falácia do mundo corporativo que leva muita gente a tomar atitudes precipitadas: entrar em situações de risco simplesmente porque empreendedores fazem isso.

Os bons investidores são na verdade pessoas completamente avessas a riscos.

Investem tempo, dinheiro e estudo para adotar as estratégias e ferramentas que minimizem ao máximo os riscos dos investimentos.

Não é à toa que economias com cenários políticos incertos afugentam investidores internacionais: ninguém quer assumir riscos com o próprio dinheiro.

É claro que, em alguma medida, empreender implica em assumir riscos.

Mas isso não significa que você tenha que assumir riscos cegamente.

Procure levantar informações sobre seu mercado e clientes, antes de tomar decisões de negócio.

Clichê #8 – Na advocacia não dá para delegar as tarefas, pois não há mão de obra especializada

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Se falta de qualificação de mão de obra especializada fosse desculpa para não delegar, o Brasil já tinha parado há muito tempo.

A incapacidade de delegar e, consequentemente, viabilizar o seu crescimento, é devida ao comportamento perfeccionista, centralizador e controlador.

Conheço muitos escritórios que simplesmente não conseguem crescer porque o “dono” não consegue delegar suas responsabilidades.

É ele quem faz todas as peças, revisa tudo que é feito pelos outros, controla o financeiro, faz as audiências, atende os clientes, cuida da administração, da gestão das pessoas, controla os prazos…

Muitas vezes, faz isso de forma duplicada, pois já existe alguém responsável pela tarefa, mas ele não confia.

A verdade é que muito difícil crescer sozinho na Advocacia e você, em algum momento, vai precisar delegar responsabilidades para parceiros ou colaboradores.

Um primeiro passo para isso é desenvolver habilidades de gestão de rotinas e tarefas.

Outra coisa que muitos não querem pagar o preço é a contratação de colaboradores por meio de empresas especializadas.

O preço de contratar por meio de uma agência parece salgado num primeiro momento, mas é bem menor do que o você paga no longo prazo por más contratações.

Outra estratégia interessante são os treinamentos.

Eles podem ser feitos internamente, sem maiores custos, apelando até para os próprios membros mais experientes da equipe.

Por fim, a adoção da gestão por processos (não os judiciais, mas os de gestão) ajudam a criar fluxos de tarefas que orientam a equipe, minimizam erros e possibilitam um controle gerencial mais racional.

Clichê #9 – Para alcançar o sucesso, você precisa estar sempre motivado

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Outro clichê perigosíssimo, porque mexe com questões emocionais mais profundas.

Não existe ninguém que consiga estar sempre motivado.

Gosto do meme que circula a internet: o Everest está cheio de corpos de pessoas altamente motivadas.

Empreendedor precisa de motivação, mas também de rotina, método, planejamento e conhecimento.

É isso que vai fazer o seu negócio continuar rodando, mesmo nas fases em que você não estiver emocionalmente motivado.

Motivação é importante, mas contar com ela pode fazer você desistir pelos motivos errados.

E tudo bem que seja assim!

Desmotivação é algo natural em qualquer pessoa e em qualquer tipo de atividade.

Mesmo atletas de alta performance passam por isso.

O discurso da motivação é interessante para colocar a gente para começar a fazer alguma coisa, mas depender sempre dela para dar continuidade aos seus projetos não vai funcionar.

Clichê #10 – Faça aquilo que você ama

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É bom fazer o que se gosta, ponto!

Mas fazer alguma coisa só porque você gosta não é um caminho sustentável.

Não tem como gostar de tudo o que você faz.

Aliás, sabe o nome que damos àqueles que só fazem o que gostam: crianças!

No mundo dos adultos, precisamos lidar com o fato de que muitas vezes temos que fazer coisas que não gostamos.

A ilusão de que é preciso fazer APENAS o que se gosta gera muita frustração e desistência.

Tem muita gente desistindo da advocacia privada por questões que também existem nas atividades públicas: prazos, responsabilidades, exigências externas, falta de tempo.

Na advocacia, eventualmente você terá que lidar com clientes chatos, colaboradores despreparados, contas atrasadas, inadimplência e com o fracasso.

E isso não é ruim, pois faz parte da vida!

Adversidades precisam ser encaradas como fonte de aprendizado, mesmo que isso seja um saco.

Confira nossas dicas de marketing, gestão e negócios na Advocacia no Blog Advocacia in Foco.
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35 Comentários

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Como sempre, excelente texto. Parabéns! continuar lendo

Muito obrigado, Ramon. continuar lendo

Considerações fantásticas 👏🏽 continuar lendo

Muito obrigado, Paula. continuar lendo

Excelente! continuar lendo

Muito obrigado, Leonardo. continuar lendo

Parabéns, ótimo texto, conselhos que precisamos sobre a advocacia gourmet de hoje em dia rsrs continuar lendo

Obrigado pelo feedback, Ingrid. Adorei o termo, vou passar a usar: advocacia gourmet. continuar lendo