Algoritmos ditam o que você vê na rede. Mas quem manda neles?
Sites e redes sociais recorrem a fórmulas matemáticas complexas para garantir conteúdo personalizado, em um caminho que peca pela falta de transparência e imparcialidade
Em machine learning, o engenheiro nunca sabe precisamente como o computador efetua suas tarefas. Essas operações são geralmente opacas e incompreensíveis. (Foto: Google Divulgação)
No fim do mês passado, o Facebook viveu um episódio inusitado à lá “apertem os cintos, o piloto sumiu”. Três dias depois de tirar de humanos a atribuição de formular a seção “trending topics”, em que destaca posts e notícias consideradas relevantes para os usuários americanos, a rede social ofereceu em seu “cardápio” reportagens de gosto duvidoso e até mesmo falsas – incluindo o link de um vídeo em que um homem praticava “atos libidinosos” com um sanduíche do McDonald’s. Os algoritmos haviam assumido o controle.
A gafe chamou a atenção para os riscos de se colocar inteiramente na mão dos computadores – e seus programadores, diga-se de passagem – a responsabilidade em fornecer informação e conhecimento, em um mundo onde cada vez mais pessoas têm recorrido ao Google e Facebook para criarem sua visão de mundo. Não que as duas gigantes de tecnologia estejam só agora adotando essa estratégia: os algoritmos já estão há anos ditando o que você vê ou não na rede, mas agora querem interferir também no que você faz fora dela.
Em uma definição bem resumida mas espirituosa, o empreendedor e pesquisador do MIT Kevin Slavin pontua que os algoritmos “são basicamente a matemática que os computadores usam para tomar decisões”. Essas fórmulas matemáticas complexas também são aliadas importantes de serviços como o Netflix e Amazon, que sugerem filmes e produtos a você de acordo com suas ações pregressas.
A “era dos algoritmos”, assim, também pode ser vista como a “era da customização”, prevista com clareza há seis anos por Eric Schmidt, hoje CEO da Alphabet, que controla o Google. “Será muito difícil para as pessoas assistirem ou consumirem algo que não tenha, em algum sentido, sido feito sob medida para elas”, profetizou em uma entrevista de 2010.
3 Comentários
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SkyNet total essa matéria. continuar lendo
Apesar de datar de 2012, recomendo a todos a leitura o livro "O Filtro Invisível - o Que a Internet Está Escondendo de Você", de Eli Pariser.
Ele relata bem esta relação entre a captação de dados, a violação de privacidade, como isso foi utilizado na campanha de Obama, etc.
É leitura obrigatória para se discutir privacidade, manipulação de dados, comércio eletrônico de informações, enfim, internet e redes sociais ... porém, como dito, é de 2012 e requer uma atualização, pois de certo surgiram infinitos mecanismos mais eficientes, complexos e ocultos na rede. continuar lendo