Como Israel tornou-se o país mais vegano do mundo
Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Quando a crítica gastronômica Ori Shavit marcou um encontro com um vegano há cinco anos, ela pensou que não iria dar certo. Ela lhe perguntou o motivo de ter adotado o veganismo e descobriu que, apesar de seu trabalho como uma jornalista que falava sobre alimentos, não tinha parado para pensar sobre a origem do que consumia.
Shavit sentiu-se estimulada a aprender mais sobre o tema e, eventualmente, tornou-se vegana. Como não havia muitas cozinhas sem produtos animais na época, ela abandonou seu emprego. “Cinco anos atrás, não havia quase nada para escrever sobre o assunto, não havia restaurantes [veganos] em Israel”, lembrou.
Hoje, o cenário é completamente diferente e Israel é o país mais vegano do mundo: 5% da população não usa produtos de origem animal. Esse número mais do que dobrou desde 2010 quando apenas 2,6% dos israelenses eram veganos ou vegetarianos.
Existem mais de 400 restaurantes “amigos dos veganos” no país, incluindo o Domino’s, que vende uma pizza feita com queijo de soja exclusivamente em Israel. O maior festival vegano do mundo foi realizada em Tel Aviv em 2014 e contou com 15 mil participantes. Até mesmo o Exército de Israel oferece alimentos, botas e boinas aos soldados veganos.
Mas o que causou essa transformação social? Na terra do leite e do mel, por que tantos israelenses deixaram de consumir ambos?
Shavit dá crédito a dois fenômenos que ocorreram simultaneamente: um aumento no ativismo vegano e uma mudança na cozinha da região. Grande parte da cultura vegana israelense é divulgada pelo ativista pelos direitos animais Gary Yourofsky. De acordo com seu site, ele foi preso 13 vezes e expulso de cinco países por “atos aleatórios de bondade e compaixão”, informou o Israel News Online.
Um vídeo de sua palestra na Georgia Tech se tornou viral em Israel. Na filmagem, ele ressaltou que discriminar outros animais apenas por serem animais é como discriminar pessoas com base em raça, religião ou sexo. Yourofsky também explicou as condições desumanas que os animais são obrigados a suportar em matadouros.
A versão em hebraico do vídeo tem mais de um milhão de visualizações e estima-se que Yourofsky tenha atingido um oitavo da população de Israel.
“Você sempre precisa de um incentivo para mudar e acredito que este estímulo foi esse vídeo”, disse Shavit. Ela acrescentou que a conferência de Yourofsky fez com que as pessoas se tornassem veganas pelos animais, sendo que antes muitas optavam pela mudança por motivos de saúde.
A atual revolução vegana, no entanto, é o bem-estar animal que tem sido cada vez mais inserido na legislação do país. Yourofsky acredita que o sofrimento histórico de judeus também pode contribuir para uma melhor compreensão da tortura enfrentada pelos animais explorados e assassinados.
“Tenho notado que as minorias (judeus, negros, homossexuais, hispânicos, mulheres etc.) compreendem melhor a opressão do que aqueles que sempre foram os opressores (homens brancos)”, disse Yourofsky em um email.
Não há uma explicação definitiva a popularidade do veganismo em Israel. O vídeo de Yourofsky foi traduzido para mais de 30 línguas. Outras religiões também têm restrições alimentares e códigos morais para tratamento dos animais, dietas mediterrâneas, culturas comunitárias, paisagens desérticas, startups de sucesso,mídia sociais poderosas. Porém, apenas Israel tem todos estes fatores que, somados, o tornam o país mais vegano do mundo.
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