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17 de Junho de 2024
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    Crimes cibernéticos disparam em BH

    Fraudes, estelionato, ameaça, difamação: o vale-tudo no mundo virtual se aproveita da falta de cautela da maioria dos internautas e número de queixas registradas na polícia dispara.

    Todo mundo já ouviu a recomendação quando criança, mas ao entrar no ambiente virtual muita gente parece se esquecer das palavras dos pais: não falar com estranhos; não aceitar nada das mãos de desconhecidos. Seguir conselhos simples, dos quais quase ninguém se esquece na vida real, evitaria muita dor de cabeça a usuários da internet, onde se multiplicam os crimes cibernéticos. A falta de cuidado e de bom senso na hora de acessar sites não oficiais, abrir links de origem duvidosa ou trocar informações por e-mail ou sites de relacionamento fez com que as queixas registradas por golpes, furtos, ameaças ou crimes contra a honra praticamente dobrassem em um período de um ano em Belo Horizonte. E os últimos acontecimentos mostram que nem mesmo órgãos oficiais estão a salvo de quem usa a rede para infringir a lei.

    A repercussão aparece no número de inquéritos registrados pela Delegacia Especializada na Investigação de Crimes Cibernéticos (Deicc), na capital, onde delitos dessa natureza cresceram 91,6% entre 2009 e 2010. De 334 casos registrados há dois anos, as ocorrências saltaram para 640 no ano passado. Neste ano, a tendência de crescimento segue acelerada. De janeiro até a última sexta-feira, 510 inquéritos foram instaurados, o que representa 80% do total de 2010 e 52,6% a mais que 2009. Vale destacar que os números escondem possivelmente milhares de casos que sequer chegam ao conhecimento da polícia.

    Na lista dos crimes, o estelionato aparece no topo, responsável por mais da metade dos casos. Neste ano, o crime previsto no artigo 171 do Código Penal somou 54,5% do total de 510 ocorrências, somando 278 inquéritos. A atividade se caracteriza pela obtenção de vantagem ilícita, induzindo ou mantendo alguém no erro por meio de fraude. Os casos mais recorrentes são observados na venda de produtos pela internet, como eletroeletrônicos; oferta de aluguel em casas de praia e de empréstimos por meio de sites de empresas inexistentes. A pessoa é levada a fazer um depósito como garantia do aluguel ou como seguro para o empréstimo e só depois descobre que foi lesado, explica o delegado Bruno Tasca Cabral.

    Fraude que levou o representante comercial Getúlio Barroso de Araújo, de 23 anos, a amargar prejuízo de aproximadamente R$ 3 mil no início do ano. Precisando de dinheiro para impulsionar os negócios e endividado com aluguel, impostos e com a prestação do carro, ele embarcou na primeira oferta de empréstimo fácil que encontrou na internet. Ofereciam o dinheiro em nome de uma cooperativa de crédito conhecida no mercado. Pediram meus dados e aprovaram meu cadastro. Mas, para fazer o depósito dos R$ 30 mil solicitados, pediram adiantamento de 10% do valor, como seguro. Fiz o depósito e nunca recebi o dinheiro, conta.

    Responsável por 25%, em média, dos crimes cibernéticos registrados em Belo Horizonte, os delitos contra a honra (calúnia, injúria e difamação) seguem em segundo lugar no ranking. No primeiro, considerado mais grave, a pessoa inocente é relacionada no ambiente virtual a um fato criminoso, como a participação em homicídio ou assalto. Às vítimas de injúria são atribuídas, na internet, qualidades negativas que ofendem a honra e a dignidade. Por fim, o crime de difamação ocorre nos casos em que determinado fato ofensivo, mas não criminoso, é atribuído a alguém, ferindo a reputação e a honra quando outras pessoas tomam conhecimento do fato. No rol das fraudes virtuais estão também furtos, extorsões, ameaças e pornografia infantil.

    Desde 2006, a psicóloga A.C.C., de 35, luta na Justiça para identificar o culpado por tê-la difamado em três perfis falsos criados na rede social Orkut. A primeira página tinha fotos minhas e me colocava como lésbica. Nas outras duas, era tida como garota de programa. O criminoso então começou a adicionar meus amigos. As páginas chegavam a ter 400 acessos por dia, conta. Assim que foi alertada, a psicóloga procurou a delegacia, mas foi informada de que não havia como identificar e punir o autor. Contratei então um advogado que pediu, junto à Justiça, a retirada das páginas do ar, mediante cobrança de multa em caso de descumprimento. Isso foi feito, mas o provedor demorou mais de seis meses para fornecer o número do IP, que identifica o autor, e não foi mais possível saber quem era o responsável, disse.

    Conforme A., todo o processo durou cerca de um ano. Foi horrível. Apesar de não haver nudez nas imagens, a fraude repercutiu negativamente em meu trabalho, entre amigos e familiares. Brigo até hoje para a investigação chegar ao fim e para que o culpado seja punido, desabafa. Além da reparação moral, a psicóloga cobra indenização financeira pela demora na identificação do IP. Depois de todo o processo, A. guardou uma lição que repassa como alerta: As pessoas têm que se expor cada vez menos na internet.

    Casos célebres de invasão virtual

    14 de setembro

    A atriz Scarlett Johansson teve fotos em que aparece nua divulgadas na internet. Nas imagens, ela aparece fotografando o corpo em frente a um espelho. Os arquivos teriam sido acessados por hacker a partir do celular de Scarlett. O FBI investiga o caso. A estrela pode ter sido vítima de um grupo de cibercriminosos famoso por invadir computadores e celulares de celebridades como Mila Kunis, Jessica Alba, Christina Aguilera, Selena Gomez e Miley Cyrus.

    24 de junho

    O site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi invadido por hackers durante a madrugada. A página oficial na internet deu lugar à mensagem "IBGE Hackeado Fail Shell" e uma imagem com um olho representando a bandeira do Brasil. O acesso foi interrompido. Pouco depois das 8h, o

    site foi retirado do ar por segurança e para manutenção. O órgão informou que o

    banco de dados não foi

    atingido.

    22 de junho

    Os portais da Presidência da República e da Receita Federal foram atacados e retirados do ar por hackers. Segundo o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) empresa pública que presta serviços de tecnologia da informação para os órgãos do governo , os ataques foram feitos com cerca de 2 bilhões de acessos às páginas. Os hackers fazem acessos de computadores e provedores espalhados pelo mundo, causando a queda da página ou a operação com lentidão. No site da Receita Federal foram registrados cerca de 300 mil acessos simultâneos volume que normalmente leva uma hora para ser registrado durante a entrega de declarações do Imposto de Renda.

    O tamanho do desafio

    17,4%

    foi o crescimento registrado na venda de computadores na comparação entre o primeiro semestre do ano passado e o mesmo período deste ano. Os números saltaram de 6,3 milhões para 7,4 milhões de máquinas

    3º LUGAR

    é a posição do Brasil na venda de computadores no mundo.

    Perde apenas para a China e os EUA

    43,7 MILHÕES

    de acessos em banda larga foram alcançados no Brasil no primeiro semestre de 2011. No mesmo período de 2010 foram 28,2 milhões de acessos

    8,5

    milhões de novas conexões foram ativadas de janeiro a junho deste ano

    15,5

    milhões de novos usuários aderiram à banda larga em um ano, a partir de junho de 2010, o que representa um aumento de 49%

    CRIMES AINDA SEM TIPIFICAÇAO

    Envio de vírus pela rede

    Invasão não autorizada a sistemas de informática

    Violação de e-mail

    Envio de spam que contenha vírus

    Falsificação de documentos virtuais

    Fontes: Delegacia Especializada em Investigações de Crime

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/crimes-ciberneticos-disparam-em-bh/2857931

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