Delação seduz porque transforma réu confesso em arrependido purificado
Michel Foucault nos apresenta — a partir da repressão sexual — que desde a Idade Média a confissão se constitui como o ritual mais importante para produção da verdade, tendo sido reforçada pelo Concílio de Latrão (1215) e potencializada pela maneira inquisitória de obtenção da verdade. A confissão seria a maneira pela qual o sujeito reconheceria seus erros, pecados e desvios, sendo o fundamento de si mesmo. Por isso diz Foucault: “a confissão da verdade se inscreveu no cerne dos procedimentos de individualização do poder.”[1] A obrigação, pois, do ocidental é confessar diante do Médico, do parceiro amoroso, do empregador, do analista, do delegado de Polícia, do Ministério Público e do juiz: “confessam-se passado e sonhos, confessa-se a infância; confessam-se as próprias doenças e misérias; emprega-se a maior exatidão para dizer o mais difícil de ser dito; confessa-se em público, em particular, aos pais, aos educadores, ao médico, àqueles a quem se ama; fazem-se a si próprios, no prazer e na dor, confissões impossíveis de confiar a outrem.”[2]
Se o sujeito se nega a confessar, então, o aparato de “fazer confessar” é acionado, quer por instrumentos de torturas físicas, psicológicas e/ou midiáticas, como prisões no Jorn...
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