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4 de Maio de 2024
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    Diagnóstico revela condição precária do transporte escolar rural de Mozarlândia

    Mozarlândia Diagnóstico feito sobre três das 19 rotas do transporte escolar de Mozarlândia revelou graves problemas como o sucateamento dos veículos, as péssimas condições das estradas, o enfrentamento de longas jornadas, e os reflexos negativos na relação aluno e escola.

    Histórico

    O transporte rural de Mozarlândia atende 800 alunos, em 19 linhas, num percurso que inclui vias do próprio município, de Crixás e Nova Crixás. A precariedade do serviço motivou a promotora de Justiça Andréia Zanon, ao lado das medidas judiciais já implementadas por ela, a levar para o município o Projeto Bem Educar para, junto com a comunidade, buscar a resolução do problema.

    Em reunião realizada no último mês, os articuladores sociais do projeto definiram as rotas Frango Seco, Vicente Carvalho e Rubiataba campeãs de reclamação como as linhas-piloto para um diagnóstico detalhado. Assim, entre os dias 1º e 3 de junho, o oficial e a assessora da 1ª Promotoria de Mozarlândia, Rogério Novais e Lílian Defalchi, além dos articuladores Maria Lúcia, Marina Mota e Sueli Pessoa, fizeram o levantamento das linhas com GPS e avaliaram as condições gerais do serviço (clique aqui para ver o diagnóstico).

    O levantamento

    Os caminhos são longos e tortuosos sim. Na Rota Vicente Carvalho, por exemplo, a jornada dos alunos começa por volta das 7 horas. Num percurso de pouco mais de 40 quilômetros, eles passam cinco horas dentro do veículo para chegar, muitas vezes, com mais de uma hora de atraso nas aulas. O café-almoço, quando enviado pelos pais, é consumido dentro do próprio ônibus. Por volta das 9 horas, marmitas com carne e macarrão frios são abertas simultaneamente aos pacotes de bolo ou biscoito ou garrafas pet que levam leite in natura. A próxima refeição, para aqueles que a tiveram, será apenas às 15 horas, quando é oferecida a merenda escolar. Até as 22 horas, quando elas chegam em casa, essa terá sido a única refeição do dia.

    Com muitas, muitas porteiras para abrir, as estradas também são estreitas, e alternam-se entre atoleiros e poeirão. Pontes quebradas também fazem parte da paisagem. O barulho ensurdecedor dos motores antigos, a sujeira dos veículos e os bancos duros não perturbam, por exemplo, o sono de uma aluna de 4 anos que vai e volta dormindo. Quem olha por ela? As crianças um pouco mais velhas. Elas velam seu sono e não a deixam cair no chão. Isso porque nenhuma das linhas tem monitor para o acompanhamento. Ao motorista, cabe a tarefa de dirigir e cuidar da ordem, organizar as paradas atrás do ônibus para o xixi primeiro para as meninas e depois, os meninos , e lidar com diversas outras necessidades.

    Assim, não são raros também os desentendimentos e os castigos cruéis, como colocar a criança em cima do motor com a porta do veículo aberta. O motor é quente e fica na frente, ao lado da porta. Quem não teria medo?

    Ao chegar à escola, muitas vezes, em vez de serem recebidos de braços abertos por suas professoras, os alunos são ignorados, pois o atraso comum é desconsiderado. Alguns levam falta. O conteúdo não tem reposição e, se uma prova está sendo aplicada, eles não têm tempo suplementar para fazê-la. Para estudar para os testes, muitos optam por faltar no dia anterior. Afinal, qual é o horário que eles têm, se chegam em casa às 10 da noite?

    Mapeamento geral

    Em reunião realizada nesta terça-feira (14/6), os articuladores sociais e a promotora de Justiça conheceram a realidade trazida pelo diagnóstico das rotas-piloto e decidiram realizar o mapeamento geral das demais linhas. Pela primeira vez teremos um diagnóstico completo do serviço. Isso é incrível, pois vai permitir um debate baseado em dados reais, em depoimentos e muitas provas, avalia a promotora de Justiça.

    A ideia é que, até o final de agosto, todas as 19 rotas sejam mapeadas. Para isso, equipes de articuladores sociais e a promotora irão a campo para levantar os problemas específicos de cada uma delas. Posteriormente, uma grande roda de conversa com a comunidade escolar, articuladores, motoristas, empresários, representantes das escolas e secretariado municipal e estadual envolvidos será realizada para tratar da questão e buscar soluções efetivas para os problemas detectados.

    Contas revisadas

    Paralelamente à realização do diagnóstico completo, a promotora de Justiça vai requisitar do Conselho Municipal de Educação uma série de documentos. O objetivo é fazer uma avaliação técnica da aplicação dos recursos da área da Educação e conhecer as prioridades elencadas pelos conselheiros para o setor. ( Texto: Cristiani Honório/Assessoria de Comunicação Social Fotos: Cristiani Honório, arquivo da 1ª Promotoria de Justiça de Mozarlândia e articuladores sociais )

    Fotos Aluno mostra situação de assoalho de ônibus: foto incluída no levantamento Assessora da promotoria e articuladores apresentaram diagnóstico sobre o serviço Andréia Zanon: preocupação com problemas enfrentados pelos alunos e famílias

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/diagnostico-revela-condicao-precaria-do-transporte-escolar-rural-de-mozarlandia/2737056

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