Empatia na atuação da advocacia
A Ética Profissional e o Estatuto da advocacia.
Eis um tema muito intrigante. Durante os anos nos bancos universitários, sempre me incomodei com a questão da atuação do advogado (a).
As minhas aulas de Ética profissional eram abstratas. Por mais que lia e decorava a letra da lei do Código de Ética profissional, sentia dificuldade em imaginar a atuação prática do profissional. Idealizava imaginar e sentir o dia a dia da profissão, vinculado ao Código de Ética profissional e ao Estatuto da advocacia mas sempre me sentia frustrada nas conversas com os meus colegas que estavam fazendo estágio em escritório de advocacia.
Me sentia frustrada porque as conversas tinham uma diretriz obscura, parecia que os advogados não orientavam os estagiários devidamente para que o estagiário se apropriasse de uma segurança para atuação.
Por causa dessa atmosfera acadêmica e somando aos problemas políticos na gestão federal da época (2017 e 2018) comecei a minha pesquisa de como os valores tradicionais dominantes na sociedade podem obscurecer a formação dos novos profissionais autônomos na sociedade.
Minha prática profissional foi movida por críticas ao sistema imposto. Nesse período, foquei no Juizado Especial de Pequenas Causas.
Cada atendimento, cada cidadão requerendo uma equiparação a um direito civil violado era um choque de realidade.
Era comum, esses cidadãos terem os seus direitos violados por causa de falta de planejamento de suas contas domésticas ou por abuso do direito dos profissionais de telemarketing, que invade a residência dos cidadãos, trazendo promessas de melhorias de um serviço de mídia audiovisual, - a início gratuita, mas durante conversa, o profissional do telemarketing vai propondo taxas e mais taxas de utilização. Tudo isso no meio de uma conversa muito carismática, utilizando toda um esquema de argumentos técnicos para fazer o cliente aderir a proposta de mais uma taxa na sua conta.
E assim, o cidadão iria extinguindo o seu poder de compra, até entrar no negativo da sua capacidade financeira.
Quando este cidadão procurava a empresa para anular aquela taxa que o telemarketing lhe procurou e lhe convenceu a aderir ao serviço, a empresa simplesmente não o atendia. Não utilizavam das mesmas técnicas argumentativas, para manter uma conversa carismática e assim, neutralizar as controvérsias do contrato de prestação de serviços existente entre a empresa e o cliente. Contrato este, que agora causava violação à capacidade financeira do cidadão.
Não consigo enxergar a paridade de armas aqui, e a quantidade de casos assim que chegava para os estagiários me deixava inquieta.
É com esse cenário profissional que as inquietações ocorriam nas conversas com os meus colegas que atuavam em escritórios de advocacia particular.
A atuação dos advogados (a) com relação aos estagiários me inseria em uma perspectiva abstrata com relação a atuação da advocacia. Parecia que não existia empatia com os estagiários e o importante era ganhar mais clientes e trazer mais dinheiro ao escritório (mas isto, era só um sentimento).
Referência:
1. Cidadania, Dignidade da Pessoa Humana e Atuação da Advocacia. - YouTube
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