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29 de Abril de 2024

Homem preso por furtar carne para alimentar o filho consegue emprego

Caso comoveu policiais, que pagaram fiança e deram alimentos ao eletricista. Morador de Luziânia, ele passou a receber ajuda e comemora nova vida.

Publicado por Gustavo Escher
há 9 anos

O eletricista Mário Ferreira Lima, que foi preso após tentar furtar 2 kg de carne de um mercado no Distrito Federal para alimentar o filho de 12 anos, comemora uma mudança de vida. Morador de Luziânia, no leste de Goiás, ele passou a receber ajuda de inúmeras pessoas e já conseguiu um emprego. “Uma mulher cedeu uma vaga de técnico de manutenção em uma empresa. Ele está contratado”, contou o servidor público Daniel de Souza, que também está ajudando a família.

O drama do eletricista começou na última quarta-feira (13), quando ele foi flagrado tentando furtar a carne em um mercado em Santa Maria (DF). Mário, que recebe R$ 70 do Programa Bolsa Família, diz que confundiu as datas do benefício e, ao fazer compras, descobriu que o valor que tinha disponível era insuficiente. Sendo assim, ele tentou esconder a carne na bolsa.

A ação foi flagrada pelas câmeras de segurança do estabelecimento e, mesmo tentando explicar que cometeu a ação para alimentar o filho, as desculpas não foram aceitas e o dono do comércio acionou a Polícia Militar. Mário foi preso e a fiança foi estipulada em R$ 270.

Ao saber que ficaria preso, o homem chegou a passar mal na delegacia e disse que estava há dois dias sem comer. Ele relatou que estava desempregado há três meses e que ele o filho se alimentavam apenas de pão, banana e bolachas. No entanto, deixou a criança consumir os últimos alimentos que eles tinham em casa.

“Tinha três meses que eu não tinha gás, então a nossa comida aqui era tudo coisa rápida, pois não dava para cozinhar tudo lá fora [no fogão à lenha]. Então, eu comprava sanduíches baratinhos, de R$ 0,60, ou comprava duas ou três linguiças e colocava dentro do pão. Aí a gente estava vivendo assim”, relatou.

Mário diz que a todo o momento se preocupou com o filho. “Quando ele [delegado] me disse que eu estava detido, fiquei preocupado, pois estava com o alimento que iria levar para o meu menino, que ainda não tinha almoçado. Ele mandou me algemar para que eu não saísse correndo, mas eu disse que não iria fazer isso, pois já estava lá no fundo do poço e iria para onde? Aí ele disse que talvez dali a um mês o juiz poderia me chamar para a audiência. Aí eu entrei em desespero”, diz.

Sensibilizados com o caso, a agente de polícia Kelen Lemos pagou a fiança do eletricista e se uniu a outros policiais, que fizeram compras para ajudá-lo. “Ele estava sem se alimentar e não tem como a gente não se sensibilizar. Não fizemos isso de maneira alguma para estimular esse tipo de situação”, afirmou a policial.

O eletricista diz que sua fé o ajudou a sair daquela situação. “Passou um moço na delegacia e eu pedi pelo amor de Deus para ele levar o alimento para o meu filho, que ia chegar do colégio e ainda não tinha comido. Mas ele não fez questão. Aí eu pedi a Deus que não me deixasse passar a noite lá e que eu dormisse em casa. Poucos minutos e a policial apareceu dizendo que iria pagar a fiança. Eu a agradeço demais", ressaltou.

Ele também fez questão de agradecer os policiais que o compraram alimentos."Eles são pessoas de bem, não tenho palavras para falar sobre o que eles fizeram. Saímos da delegacia, me levaram em um supermercado e voltei para casa com comida. Eles são anjos", disse.

Além de alimentos, Mário ganhou um botijão de gás e deixou de usar um fogão improvisado no quintal. Agora, prepara as refeições para o filho, que ele cria sozinho, com o sorriso no rosto. “O barulho da comida e o cheiro são os melhores que tem”, disse.

Segundo o eletricista, apesar das muitas dificuldades enfrentadas, agradece por ter um filho compreensivo. “Graças a Deus ele entendia a nossa situação, pois quando não tinha comida ele comia uma banana, um biscoito e tomava um suco. Mesmo não gostando, ele não reclamava”, disse.

Apesar da reviravolta no caso, Mário vai responder em liberdade pelo crime de furto. Ele diz que aprendeu uma lição. “Deus me livre, não quero passar por isso nunca mais na minha vida e nem quero que ninguém passe. Mas tem gente aí que nunca viveu essa situação de não ter as coisas, sempre teve. Por isso tem que dar valor ao que tem e cuidar”, afirmou.


Fonte: http://g1.globo.com/goias/noticia/2015/05/homem-preso-por-furtar-carne-para-alimentarofilho-conseg...

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33 Comentários

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Boa tarde a todos. Se todo o caso for verídico esses policiais cumpriram realmente com o seu dever e também com o dever de toda máquina judiciária (punir o criminoso e reabilita-lo a sociedade). O cidadão esta alimentado e reabilitado (trabalhando), coisa que cadeia nenhuma faria, muito pelo contrário correria o risco de transformar um pai de família trabalhador em um meliante. continuar lendo

Parabéns a Equipe Policial.São pessoas do BEM (letras maíusculas).

Primeiro cumpriram com os seus deveres funcionais, com a prisão da vítima social.
Depois cumpriram seus deveres do Ser, ajudando, com amor e alimento, os próximos (pai e filho), que viviam estado em estado de necessidade.
Pensando bem, tão longo tempo sem alimento e passando fome, configura,a meu ver, estado de necessidade como excludente de responsabilidade penal, para o caso.

Meus cumprimentos a todos os policiais. Deus os proteja afastando os riscos da vida no exercício das funções, para proteger a sociedade.
LUIZ CARLOS COUTO BRAGA
OAB-RS. 18.378 continuar lendo

Muito bem observado, Dr. Braga. Permita fazer minhas as suas palavras. continuar lendo

Não estou isentando o acusado da culpabilidade do crime,
mas este caso exige muito mais que a literalidade da interpretação do próprio caso; usemos a visão humanística. continuar lendo

Concordo! Porém, próximos casos surgirão, e nem sempre serão entendidos da mesma forma, considero preocupante. continuar lendo

evidentemente nada justifica o erro, busco uma explicativa.

O sistema judiciário sanciona o individuo, com a retirada do direito de ir e vir, desde que seja interpretado que ele não tem poder de conviver de forma pacífica com seus semelhantes.

Mas quem proporciona condições igualitária ? acredite amigo este não será o primeiro nem o último caso que veremos... continuar lendo

O economista Eleutério Fernando da Silva Prado sempre diz que o Brasil, junto com o México, são os países mais injusto do mundo. Dessa forma, reitero que uma grande parte da sociedade está perdendo cada vez mais a maneira civilizada e organizada de ser, não há bom senso suficiente, e as ideias preconcebidas em preconceitos e discriminações então imperando.

Já tivemos atitudes dessas num passado não muito distante. Deixaram ao dará se descontrolar os desatinos comportamentais. ou seja, sempre haverá tipos de guerras quando o Estado perde o controle perante a boa organização de sua sociedade. Assim, parece que temos atitudes punitivas sem necessidade. continuar lendo