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15 de Maio de 2024

Implicações políticas: Bolsonaro fora das eleições por 8 anos - O que isso significa para o cenário político brasileiro?

Publicado por Anajarino Júnior
há 10 meses

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) emitiu, na presente sexta-feira (30), o veredicto que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por práticas de abuso de poder político e utilização indevida dos meios de comunicação. Por meio dessa decisão, a Corte determinou a inelegibilidade de Bolsonaro pelo período de oito anos, estendendo-se até o ano de 2030.

Bolsonaro foi considerado culpado pelos crimes de abuso de poder político e uso inadequado dos meios de comunicação, em decorrência de um encontro com embaixadores estrangeiros no qual ele proferiu alegações sem sustentação, atacando o sistema eleitoral brasileiro.

Enquanto ocupava o cargo de presidente e estava na condição de pré-candidato à reeleição, Bolsonaro fez afirmações infundadas que lançaram dúvidas sobre a segurança das urnas e do processo eleitoral. A referida reunião foi transmitida pelos canais oficiais do governo e nas redes sociais de Bolsonaro.

A defesa de Bolsonaro alegou perante o TSE que o encontro com os embaixadores não possuía caráter eleitoral.

Após a decisão proferida, Bolsonaro fica impedido de participar das eleições nos anos de 2024, 2026 e 2028, contudo, há uma brecha no que tange à eleição de 2030, onde, em teoria, ele estaria elegível apenas com uma diferença de 4 dias. Isso ocorre devido ao início da inelegibilidade a partir de 2 de outubro do ano anterior.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a execução imediata da decisão, o que implica na aplicação imediata da inelegibilidade, sem a necessidade de aguardar a publicação oficial do acórdão, que consolida a decisão colegiada dos ministros. No âmbito eleitoral, tal prática é possível de acordo com o entendimento estabelecido pelo TSE, a Corte entende que, uma vez que os recursos prováveis dentro desse campo não possuem efeito suspensivo, é plausível adotar prontamente a medida. O efeito suspensivo é um mecanismo que obstrui a implementação imediata de uma decisão judicial, e pode ser obtido, por exemplo, mediante solicitação da defesa perante o Supremo Tribunal Federal (STF).

A aplicação da inelegibilidade ocorre por meio de procedimentos administrativos, no Cadastro Eleitoral, será inserido um código específico, denominado Código de Atualização de Situação de Eleitor (ASE), que indica a restrição dos direitos políticos de Bolsonaro. Essa informação é devidamente registrada no banco de dados da Justiça Eleitoral e, caso haja uma eventual tentativa de registro de candidatura a um cargo político, tal registro poderá ser contestado por outros candidatos, pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) e pelos partidos.

O ex-presidente não será preso, porque essa ação no TSE não é do âmbito penal.

Após ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jair Bolsonaro tem a possibilidade de recorrer tanto no próprio TSE quanto no Supremo Tribunal Federal (STF), existem duas opções de recursos disponíveis para Bolsonaro, e a defesa do ex-presidente já indicou que pretende interpor recursos caso houvesse uma condenação.

A primeira é por meio dos embargos de declaração, que seriam enviados ao TSE. Nesse tipo de recurso, a defesa aponta eventuais obscuridades e contradições presentes na decisão, buscando reverter o resultado de inelegibilidade e abrir caminho para um recurso posterior ao STF.

A segunda opção é o recurso extraordinário, que seria encaminhado diretamente ao STF. Esse recurso requer que sejam indicados os princípios constitucionais que teriam sido violados pela decisão de inelegibilidade proferida pelo TSE. O advogado de Bolsonaro, Tarcísio Vieira, afirmou que já identifica elementos para embasar esse recurso, destacando a questão da restrição do direito de defesa.

Ambos os recursos possuem prazo de três dias para serem interpostos, no entanto, caso os embargos de declaração sejam apresentados antes, o prazo para o recurso extraordinário deixa de ser contado. Antes de chegar ao STF, o recurso é submetido ao próprio TSE, onde o presidente Alexandre de Moraes avaliará se os requisitos formais foram cumpridos.

Cabe ressaltar que, ao chegar à Suprema Corte, os ministros que participaram do julgamento no TSE não são sorteados para a relatoria do caso, mas não estão impedidos de votar quando o processo for levado ao plenário.

A divergência que surgiu durante o julgamento da ação, expressa pelos dois votos favoráveis a Bolsonaro, oferece fundamentos que podem embasar os recursos apresentados pela defesa do ex-presidente tanto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quanto no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao elaborar o recurso, os advogados precisarão examinar o acórdão, que é o documento que registra de forma detalhada a decisão coletiva proferida pela Corte Eleitoral.

Com base nessa análise, ao questionar a decisão perante o TSE, será necessário demonstrar, por exemplo, possíveis contradições no que foi decidido. Já no recurso dirigido ao STF, dentre os requisitos estará a exigência de que a questão aborde aspectos constitucionais.

Para levar o caso ao STF, os advogados de Bolsonaro deverão alegar a ocorrência de cerceamento de defesa. Eles argumentam que não tiveram oportunidade de se manifestar sobre todas as provas apresentadas no processo.

No acórdão estarão registradas as diferentes visões dos ministros em relação a pontos centrais da estratégia de defesa do ex-presidente. Isso inclui:

  • A discussão sobre a regularidade da inclusão da chamada "minuta do golpe" no processo;
  • O debate acerca da gravidade da reunião, ou seja, se as ações do ex-presidente tiveram potencial para comprometer o resultado das eleições;
  • A análise da possibilidade de abuso de finalidade e desvio de poder na conduta de Bolsonaro.

A decisão que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos tem um impacto significativo no cenário político brasileiro, com sua exclusão das eleições durante esse período, há uma reconfiguração das possibilidades e estratégias políticas para os próximos pleitos. Como dissemos, a condenação impede que Bolsonaro concorra nas eleições de 2024, 2026 e 2028, restando a possibilidade de participação somente em 2030, essa lacuna de tempo abre espaço para outros atores políticos se posicionarem e buscarem ocupar o vácuo deixado pela ausência de Bolsonaro nas urnas.

Essa decisão também traz desafios para a base de apoio do ex-presidente, que terá que encontrar novas lideranças para representar seus interesses políticos, além disso, o cenário eleitoral se torna mais competitivo, com potenciais candidatos de diferentes espectros ideológicos disputando a preferência dos eleitores.

A exclusão de Bolsonaro das eleições por oito anos pode gerar uma reconfiguração do jogo político, com possíveis realinhamentos de alianças, formação de novas coalizões e a emergência de novas figuras políticas, essa mudança traz um elemento de incerteza para o cenário político brasileiro e abre espaço para a renovação do debate público e das propostas políticas apresentadas.

No entanto, é importante ressaltar que a possibilidade de recursos por parte da defesa de Bolsonaro pode trazer reviravoltas nesse quadro, ainda assim, a decisão atual de sua inelegibilidade por oito anos traz implicações profundas para o cenário político do país, repercutindo no jogo de poder e na configuração das forças políticas nos próximos anos, o desfecho desse processo impactará diretamente na elegibilidade de Bolsonaro e nas futuras eleições. Agora, resta aguardar o desenrolar dos recursos e as decisões das instâncias superiores para definir o desfecho final desse caso.

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3 Comentários

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Missão dada é missão cumprida, então não existe possibilidade de reverter qualquer coisa por meio de recursos que serão julgados pelos mesmos. Esse país não é uma democracia. Se preparem. continuar lendo

Dilma Rousseff deveria sofrer inelegibilidade por LEI estabelecida e não sofreu. Bolsonaro foi tornado inelegível por crime INEXISTENTE. continuar lendo

"O que isso significa para o cenário político brasileiro?"

Que o honesto sofre punição e o desonesto é beneficiado por embargos de declaração com efeitos infringentes que até eu que sou totalmente B U R R O em Direito sei que é fora da Lei. continuar lendo