Maioria em presídio exclusivo para PMs em SP está detida por homicídio
G1 teve acesso com exclusividade à casa prisional na Zona Norte de SP. Mizael é preso mais famoso na unidade que já teve Cabo Bruno e Rambo.
Única prisão no estado de São Paulo exclusiva para policiais militares, o Presídio Militar Romão Gomes tem 184 detentos, sendo 96 (52,1%) condenados por homicídio, segundo levantamento recente feito pela administração da casa. Crimes sexuais e roubos são as outras violações mais comuns. Na última semana, o G1 visitou os pavilhões da unidade prisional que fica na Zona Norte de São Paulo e completa 64 anos neste domingo (21).
"Não tem gente boazinha aqui não. Tem gente perigosa", disse Daniel Ignácio, comandante do presídio em que os presos têm uma rotina diferenciada: são identificados com crachás, vivem em celas abertas ou dormitórios com televisão, mas só podem jogar futebol com autorização por escrito.
Entre os presos está o advogado e policial militar reformado Mizael Bispo de Souza, o mais famoso detento da casa, condenado em março a 20 anos de prisão pela morte da advogada Mércia Nakashima, ocorrida em 2010.
No passado, as "figuras ilustres" do Romão Gomes haviam sido Cabo Bruno - que ficou 27 anos preso por chefiar um esquadrão da morte - e o soldado Otávio Lourenço Gambra, o Rambo - conhecido por aparecer em imagens que registraram a agressividade da polícia na Favela Naval, em Diadema, no ABC.
A equipe de reportagem do G1 não passou pela porta de detector de metais, mas teve as mochilas revistadas. O telefone celular do fotógrafo foi confiscado temporariamente.
Nas guaritas, PMs fardados e armados vigiam os colegas presos, que vestem camisetas amarelas com a inscrição PMRG em letras garrafais, sigla do nome do presídio. Calças beges e botas pretas completam o visual dos detentos.
Sob a condição de não terem seus nomes divulgados nem os rostos fotografados, os detidos conversaram sobre suas rotinas e seus crimes. Como num presídio comum, a maioria se diz inocente e afirma ter sido vítima de armação. Poucos dizem ter errado.
Um dos que assume ter cometido crime é um ex-soldado da PM, expulso da corporação em 2006. Prestes a completar 38 anos de idade, ele foi condenado a 109 anos e oito meses de prisão pelo assassinato de cinco pessoas e por três tentativas de homicídios. É o detento mais antigo e com a maior pena do Romão Gomes.
"Matei mesmo. Matava porque os bandidos do bairro onde eu morava queriam matar e sequestrar a mim, minha esposa, na época, e meu filho. Eu não paguei para ver" , contou o ex-policial. "Comecei depois que os malas furtaram o som do meu carro. Não tinha horário. Conforme eles apareciam perto, eu percebia e matava". Segurando uma Bíblia, ele disse estar arrependido do que fez.
"Eu errei e me converti. Hoje dou palestras. Fui condenado em oito julgamentos. Fui condenado por 56 jurados. Mas nenhum deles me conhece como Deus. Esse sim me conhece, me julgou e me perdoou pe...
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