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20 de Junho de 2024
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    Mauro Campello (Pai): uma história de vida promovendo justiça. (Parte 1)

    há 12 anos

    Mauro Campello

    Nesse ensaio não irei tratar de temas da infância como o faço em todas as segundas. Hoje tomei a liberdade e resolvi prestar uma justa homenagem a meu pai, revelando-lhes sua bela história de amor com uma instituição, a qual dedicou mais da metade de sua vida.

    No dia 29 desse mês, completou um ano que meu pai foi chamado pelo Senhor. Faleceu após sofrer um avc agudo na cidade do Rio de Janeiro, quando, ainda, recuperava-se de outro, que o havia acometido no mês de dezembro de 2010, em Boa Vista.

    Partiu faltando dois meses para completar 80 anos de idade e sem comemorar seus cinquenta anos de casado, o que faria em janeiro deste ano. Já estava tudo programado: uma missa pela manhã no mosteiro de São Bento, situado na cidade maravilhosa, seguida de uma grande recepção, com almoço a ser oferecido aos amigos, no Clube Militar da Praia Vermelha, nos mesmos locais, que em 1987, ele e minha mãe Christina Thereza do Nascimento Campello haviam comemorado suas bodas de prata.

    Os últimos onze anos de sua existência foram exemplo de luta contra o mal de alzaihmer, uma espécie de demência, que o afligia desde os 68 anos. Junto com toda família Campello e amigos, ele também sofria com o que as testemunhas de acusação e defesa chamaram de "armação sórdida e uma grande injustiça", que culminou, em fevereiro de 2005, com uma operação policial na sede da Corte da Justiça eleitoral roraimense e num processo-crime, que respondo até hoje no Superior Tribunal de Justiça.

    Nordestino de Anadia, interior de Alagoas, Mauro Campello nasceu em 12.07.1931. Era filho de comerciante e teve sete irmãos. Cresceu numa família de classe média. Estudou em Maceió, onde completou o científico no Liceu Alagoano, escola pública do Estado e uma das mais antigas do país, com mais de 163 anos de existência. Por suas salas passaram professores e alunos como Pontes de Miranda, Aurélio Buarque de Holanda, Djavan e outros.

    Com apoio de seu pai, em seguida, Mauro Campello migrou para o Rio de Janeiro na busca de trabalho e do sonho de cursar medicina. Chegou de navio no porto da capital do país em 1949. Devido às dificuldades encontradas, especialmente as de ordem sócioeconômica, ele teve que trabalhar em dois expedientes para garantir seu sustento e sobrevivência no Rio de Janeiro.

    Morou em pensão, no bairro da Glória, num quarto alugado, que dividia com um músico, e que, geralmente, ao retornar do trabalho resolvia tocar seu violino, fato que não permitia que, antes da meia-noite, os hóspedes e meu pai começassem a descansar. Deslocava-se pela cidade de bonde ou de ônibus, pois não tinha carro e nem dinheiro para o táxi.

    Por todos esses motivos, viu-se obrigado a cursar no período noturno a tradicional Faculdade Nacional de Direito, localizada no Largo do Caco, deixando para trás o projeto de se tornar médico. Alimentava-se apenas duas vezes no dia. Pela manhã tomava um café com leite e comia um pão com manteiga num botequim próximo ao local de trabalho e a tarde, almoçava no "bandeijão do calaboço", restaurante para os universitários da Faculdade Nacional.

    Foi aluno de professores renomados como Roberto Lira, Hélio Tornagui, Oscar Stevenson, Themístocles Brandão Cavalcanti, dentre outros mestres das ciências jurídicas. Formou-se na turma de 1954, juntamente com José Carlos Barbosa Moreira, Adolpho Lerner, Hélio Alonso e Thiago Ribas, que posteriormente se tornariam, juntamente com ele, grandes nomes do cenário jurídico e educacional no Brasil.

    Advogou pouco tempo no Rio de Janeiro, até 1955, no escritório de Theócrito e Theódolo Miranda, este último, anos depois, veio a se tornar juiz auditor militar do exército e o outro procurador militar. Nesse ano meu pai foi nomeado defensor público, atuando junto à 2ª vara de família, onde conheceu minha mãe, então, estagiária de direito da antiga Faculdade do Catete, e posteriormente no Tribunal do Júri, lotação essa que o levaria a sua segunda paixão.

    Devidamente estabilizado, com emprego público e residindo num apartamento no bairro de Laranjeiras, meu pai trouxe seus pais e irmãos para morar com ele. Com a gaúcha e filha de general, Christina Thereza Alves do Nascimento, sua primeira paixão, Campello veio a se casar em janeiro de 1962, escolhendo as lindas praias de Cabo Frio para curtir a lua de mel.

    Como quem casa, quer casa, segundo adágio popular, ele adquiriu um apartamento no bairro da Tijuca, num edifício localizado na rua Haddock Lobo, onde passou a residir com sua esposa, agora, Christina Thereza do Nascimento Campello e também comprou seu primeiro carro, um aero willys, quatro portas, vermelho.

    Minha mãe ficou grávida, porém por problemas na gravidez perdeu seu primeiro filho. Em 1963, ela novamente ficou grávida e alguns dias após o golpe militar de 1964, no início de abril, meus pais são presenteados com o nascimento deste que escreve o artigo. Meu nascimento provocou um novo projeto de vida. A família se mudou para uma casa no bairro de Vila Isabel e sonhava ter mais filhos, o que não foi possível, pois mamãe perdeu mais dois em virtude de complicações na gravidez. Nessa época, meu pai comprou um sítio com piscina em Jacarepaguá, para levar a família e amigos nos finais de semana e feriados.

    No mesmo ano de 1964, Mauro Campello foi promovido ao cargo de promotor de justiça substituto e em 1968, ao cargo de promotor titular, em ambos, lotado no Tribunal do Júri. Destacou-se profissionalmente na década de 60, no II Tribunal do Júri, onde atualmente funciona o museu Brasil/França, na Praça XV, Centro do Rio de Janeiro.

    * Professor de direito da criança e do adolescente da UFRR, UERR e Estácio/Atual - Desembargador do Tribunal de Justiça de Roraima - Foi promotor de justiça do Ministério Público de Rondônia – 1988/1991 - Acadêmico do 4º ano do curso de bacharelado/licenciatura em História pela UFRR - O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. . Tweet

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