Músico indiciado por agressão - Jornal do Commercio (Cidades)
CASO CEZZINHA Cantor vai responder por lesão corporal leve no inquérito que investigou denúncia feita por uma ex-namorada
Jorge Cavalcanti e Wagner Sarmento
Prestes a lançar um DVD, o sanfoneiro César Carvalho, mais conhecido como Cezzinha, 30 anos, foi indiciado pela Polícia Civil e vai responder por lesão corporal leve. O inquérito que apurou a denúncia da advogada Fabiana Fernandes, 33, que diz ter tido um relacionamento de nove meses com o músico, foi concluído e enviado à Justiça na tarde de ontem, depois da conclusão do laudo traumatológico do Instituto de Medicina Legal (IML). O exame confirma a agressão. "Apresenta múltiplas equimoses no ombro direito, punho direito, antebraço direito, braço direito, região tenar da mão direita, região temporofrontal direita, lábio superior à direita, coxa direita, panturrilha direita, região ilíaca esquerda, nádega esquerda. Presença também de escoriações no terço proximal da perna direita", descreve o documento em poder do Jornal do Commercio e assinado pelo médico legista Mauro José Catunda Luna.
Apesar da perícia comprovar a existência de sequelas provocadas por "instrumento contundente", o exame traumatológico assegura que a advogada Fabiana Fernandes não sofreu "perigo de vida", "debilidade permanente de membro" ou "incapacidade para as ocupações habituais" por mais de um período de 30 dias. Por isso, o indiciamento do sanfoneiro foi por lesão corporal leve, e não grave ou gravíssima. Agora, o caso deixa a esfera policial e entra no campo jurídico.
A gestora do Departamento de Polícia da Mulher, delegada Lenise Valentim, confirmou o encerramento da investigação e reforçou que foi o laudo que definiu o grau do indiciamento. "O inquérito estava praticamente pronto. Dependia apenas da perícia, que recebemos à tarde e definiu o grau da agressão. Ele responderá por lesão corporal leve", explicou.
De acordo com o artigo 129 do Código Penal Brasileiro, a lesão corporal de natureza leve resulta em pena que varia de três meses a um ano de detenção. Mas, se o indiciado não tiver antecedentes criminais, como é o caso de Cezzinha, segundo seu advogado Arnaldo Escorel, é improvável que a pena seja a privação de liberdade.
Depois de concluída a fase policial, o caso será remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que pode ou não oferecer a denúncia à Justiça. O promotor encarregado (ainda indefinido) pode pedir a suspensão do processo por um período entre dois e quatro anos para que o indiciado cumpra algumas medidas, com a proibição de deixar a comarca sem autorização judicial prévia. Na hipótese do indiciado não aceitar a suspensão do processo, o caso segue adiante. E, se o sanfoneiro for condenado, o juiz pode reverter a pena de privação de liberdade para a restrição de direitos, como a obrigatoriedade de estar em casa até as 23 horas e a proibição de viajar aos finais de semana.
REDES SOCIAIS
Na página do forrozeiro no Facebook, muitas mulheres saíram em defesa de Cezzinha. Diziam conhecer o sanfoneiro e não acreditar nas acusações, alegando que a vítima não aceitava o fim do relacionamento. "Nós mulheres sabemos que, quando queremos uma coisa, lutamos por ela, mas para algumas mulheres essa luta é suja. Para que ela alcance seu objetivo financeiro e status, ela pode sim chegar ao extremo, mesmo denegrindo a imagem do outro quando vê que não vai conseguir o que quer" , escreveu a usuária Elaine Pedroza. "Eu não acredito nesta história. Conheço Cezzinha, ele é um amor de pessoa e sabe tratar uma mulher muito bem, é muito cavalheiro e também muito carinhoso", disse por sua vez Elba Ferreira. Cezzinha não respondeu nenhuma das mensagens de apoio.
(conteúdo vinculado)
Cezzinha nega agressões a ex
No dia em que foi indiciado pela Polícia Civil, o sanfoneiro Cezzinha convocou uma coletiva de imprensa, ontem, para falar pela primeira vez sobre a denúncia de agressão física da advogada Fabiana Fernandes e o testemunho da cantora Elba Ramalho, com quem foi casado. Acompanhado do advogado Arnaldo Escorel, mancando da perna direita e vestindo uma camiseta preta, óculos escuros e a tradicional faixa no cabelo, o músico chegou com meia hora de atraso ao local marcado por sua assessoria - um hotel em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
Sentado de frente para as câmeras, Cezzinha leu um comunicado de quatro páginas, em que faz referência à advogada, citando-a nominalmente uma única vez. "O que tenho a declarar é que jamais agredi a senhora Fabiana e tampouco qualquer outra mulher na minha vida. Sou músico e minha arte é acariciar um instrumento musical com a delicadeza e harmonia suficientes para dele tirar uma sonora melodia", afirmou, intercalando a leitura do texto com sorrisos que aparentavam um certo nervosismo. Cezzinha disse ser vítima de uma "campanha difamatória".
O sanfoneiro não estava disposto a responder a questionamentos da imprensa. Mas foi persuadido por sua assessoria. Por orientação do advogado, preferiu falar sobre as declarações de Elba Ramalho, num testemunho gravado e publicado no YouTube em novembro de 2012. Cezzinha alegou que o vídeo "foi produzido em uma palestra religiosa, onde Elba estava ajudando pessoas e relatou inúmeros relacionamentos unicamente para fins de testemunho de vida". Para finalizar, o músico declarou ser "amigo e eterno admirador" da cantora paraibana e radicada n Rio de Janeiro.
Depois de ler o comunicado, ao responder a perguntas da imprensa e ser confrontado com o fato de que Elba o citou nominalmente, Cezzinha disse que a cantora foi "infeliz" nas declarações. "Se tivesse sido agredida, ela seria a primeira pessoa a fazer a denúncia."
Durante toda a entrevista coletiva, Cezzinha procurou demonstrar que mantém uma relação próxima e cordial com a cantora paraibana. "Aproximei Elba um pouco de Pernambuco, de onde ela estava um pouco afastada". O sanfoneiro chegou a citar, inclusive, um beijo "selinho" que os dois trocaram na gravação do DVD do sanfoneiro, no dia 10 de março do ano passado. "Falei com ela hoje (ontem, antes da divulgação à imprensa da nota da cantora)", sem detalhar o teor da conversa.
Vinte e cinco minutos depois de ter entrado na sala do hotel reservada para a coletiva, o sanfoneiro deixou o local acompanhado do advogado. "Fiquem com Deus", despediu-se o músico, falando para os repórteres, cinegrafistas e fotógrafos.
Ao final da coletiva, o advogado do sanfoneiro demonstrou ter conhecimento do resultado do inquérito policial. Mas preferiu aparentar calma. "Estamos tranquilos", asseverou Arnaldo Escorel, já no saguão do hotel da Zona Sul recifense.
0 Comentários
Faça um comentário construtivo para esse documento.