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2 de Maio de 2024
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    No enredo do crime até uma suposta relação extraconjugal de Graciele Ugulini

    Publicado por Espaço Vital
    há 5 anos

    O Tribunal do Júri de Três Passos (RS) condenou na sexta-feira (15) o pai, a madrasta e mais duas pessoas pela morte do menino Bernardo Uglione Boldrini, em abril de 2014. Após cerca de 50 horas de julgamento popular, durante cinco dias, a sentença foi proferida pela juíza Sucilene Engler Werle.

    A madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini, teve a pena mais alta. Ela foi condenada a 34 anos e sete meses de prisão. Leandro Boldrini, pai da criança, cumprirá 33 anos e oito meses. Os dois foram condenados por homicídio doloso quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver. Graciele também foi considerada culpada pelo crime de falsidade ideológica.

    Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele, foi condenada a 23 anos por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, pegou nove anos e seis meses em regime semiaberto por homicídio simples e ocultação de cadáver.

    Aparentemente emocionada do início ao fim do depoimento, Graciele admitiu que matou o enteado e inocentou o marido do crime. "O Leandro não tem nada a ver com isso, é tudo culpa minha", disse ao júri. Segundo ela, a morte foi "acidental".

    Graciele disse que Bernardo pediu para ir junto com ela até Frederico Westphalen, onde ela pretendia comprar um televisor. Em casa, antes do início da viagem, o menino teria tomado um remédio para enjoo.

    No caminho, a Polícia Rodoviária parou o carro e multou Graciele por excesso de velocidade, o que, segundo ela, “deixado o menino agitado, dizendo que os dois seriam presos”. Graciele disse que entregou, então, uma dose de Ritalina (medicamento calmante) para ele, mas a criança continuou agitada. Ela jogou então a bolsa no banco de trás e mandou ele tomar mais remédio.

    Ao chegar em Frederico Westphalen e encontrar a amiga Edelvânia, a madrasta disse ter percebido que o menino já estava sem sinais vitais e que faltavam cinco comprimidos em uma cartela. Graciele relatou que, então, a amiga Edelvânia se desesperou e quis levar o menino para um hospital, mas a amiga se negou a prestar algum socorro.

    A enfermeira afirmou que a amiga insistiu para que ambas escondessem o corpo e que ela acabou cedendo e indicando um lugar perto da casa da mãe dela onde poderiam fazer uma cova.

    Eu pensava: o que as pessoas vão pensar? Vão me prender. Vou ficar longe da minha filha — afirmou a madrasta.

    O surgimento de um amante no enredo

    A dinâmica do crime descrita por Graciele não condiz com o que Edelvânia disse no plenário. A amiga disse que acobertava um relacionamento que Graciele tinha fora do casamento e que a madrasta foi até Frederico Westphalen no dia da morte de Bernardo para encontrar o amante. Um imprevisto teria acontecido porque, alegadamente, o pai do menino mandara que Bernardo fosse junto com a madrasta.

    Em Frederico Westphalen, os três entraram no carro de Edelvânia e, depois, esta ficou com Bernardo na praça para que Graciele pudesse ir ao encontro.

    Bernardo começou a surtar. Quando Graciele voltou, ela abriu a bolsa e deu remédios para ele. Colocamos ele no meu carro, e ele desmaiou” - relatou Edelvânia. Ela confirmou que insistiu para levar o menino ao hospital, mas Graciele não deixou.

    Edelvânia também afirmou que queria ir na delegacia, mas foi ameaçada pela amiga. A assistente social indicou então um local onde enterrar o menino e disse que fez a cova ela mesma, inocentando o irmão, Evandro.

    Durante o depoimento, Evandro negou qualquer participação no crime e disse que "nunca fez nada de errado".

    Eu não sabia de nada. Eu não fiz. Eu não devo. Perdi tudo. Quem fez, sabe que tem que pagar. Mas eu não fiz — declarou.

    Pai admite ausência, mas nega assassinato

    Leandro Boldrini, pai de Bernardo, reconheceu que era um pai ausente, mas negou participação no assassinato da criança. O médico diz que hoje se arrepende por não ter diminuído as horas de trabalho para participar mais da vida do filho.

    Foi a Graciele e foi a Edelvânia. E onde eu me encaixo nisso? Em lugar nenhum. Foram elas — declarou.

    Leandro afirmou que no dia em que o menino sumiu, a família almoçou junto e o clima era muito bom. Disse também que a mulher alegou que levou Bernardo com ela para Frederico Westphalen para que o enteado não ficasse em casa, sob risco de atrapalhar o sono da filha caçula, Maria Valentina.

    Graciele me disse que estava dando banho na Maria e que o Bernardo entrou no quarto, pegou as roupas, disse que ia para a casa do Lucas (amigo da vítima) e depois desapareceu. Em nenhum momento desconfiei de Graciele — declarou.

    De acordo com a denúncia do Ministério Público, Leandro seria o mentor intelectual do crime e incentivador da atuação de Graciele em todas as etapas do crime. Leandro teria patrocinado despesas e também fornecido meios para acesso à droga Midazolan (nome comercial da droga ritalina) utilizada para matar o menino.

    Para o MP, Boldrini e Graciele não queriam partilhar a herança deixada por Odilaine (mãe de Bernardo), pois este representava um estorvo para a nova família, formada pelo médico, a madrasta e a filha do casal, Maria.

    Bernardo foi morto em 4 de abril de 2014, quando tinha apenas 11 anos. O menino foi considerado desaparecido na cidade de Três Passos e encontrado 10 dias depois, em Frederico Westphalen, a 80 km de onde morava, em um cova à beira de um riacho. Esta cova – segundo as investigações policiais e a acusação do MP - teria sido feita por Evandro, dois dias antes de o corpo ser enterrado.

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