Nova Desembargadora toma posse no TJ.

Em substituição ao desembargador Josué Deininger Duarte Medeiros, que se aposentou, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador José Antônio Vidal Coelho, deu posse, na tarde desta segunda-feira, 29, à juíza Rosana Andriguetto de Carvalho no cargo de Desembargador. O ato, realizado no Gabinete da Presidência, foi prestigiado por inúmeros Desembargadores, Juízes e amigos. Natural de Apucarana, no Norte do Estado, a nova integrante do TJ, que ingressou na carreira em 1986, foi promovida por antigüidade na última sessão do Tribunal Pleno, realizada dia 22 deste mês. Ela é graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com pós-graduação na Universidade Federal de Santa Catarina, tendo ainda aperfeiçoado seus conhecimentos em Coimbra e lecionado na Escola da Magistratura do Paraná.

Em seu discurso de boas vindas à nova Desembargadora, lembrou o presidente Vidal Coelho o fato de ser ela mulher do desembargador Joatan Marcos de Carvalho e filha do ex-desembargador Jorge Andriguetto, acrescentando: "Devo dizer, Desembargadora Rosana, que neste processo natural de renovação de seus quadros, esta Corte a recebe não apenas como um novo membro. Mas, ganha uma integrante devotada à carreira, estudiosa e dedicada à Justiça". Lembrou também a trajetória dela como magistrada pelas Comarcas do Interior e da Capital, onde foi Juíza Substituta, titular da 14ª Vara Cível e da Vara de Precatórias Criminais, antes de chegar ao cargo de Juiz Substituto em Segundo Grau e, deste ao de Desembargador. "Foram vinte e dois anos de trabalho e de dedicação, durante os quais soube Vossa Excelência cumprir suas funções e honrar o compromisso de bem servir à Justiça. Tal constatação com certeza a credencia a assumir e a exercer com sabedoria e competência as novas e difíceis atribuições do cargo em que ora toma posse" , assinalou o Presidente do TJ. Referiu-se ele ainda ao fato de que Rosana Andriguetto "vem ocupar vaga até há pouco pertencente ao desembargador recém aposentado Josué Deininger Duarte Medeiros, a quem igualmente quero prestar homenagem pela maneira como sempre se portou nesta Casa, contribuindo para dignificar e engrandecer o Tribunal e a Magistratura paranaense". Antes de concluir, rogando a Deus "que continue a guiar-lhe os passos e a iluminá-la em suas decisões", o presidente Vidal Coelho disse ainda que ao dar as boas vindas à desembargadora Rosana, "tenho certeza que vem ela somar seus conhecimentos e dedicação aos de tantas mulheres que já contribuem, com sabedoria e honradez, para dar brilho e respeitabilidade a esta Corte".

Juíza serena e independente

Em nome da Associação dos Magistrados do Paraná, discursou o presidente da entidade, desembargador Miguel Kfouri Neto, que, antes, entregou a toga à nova Desembargadora, "o duocentésimo nonagésimo terceiro integrante da Magistratura a atingir o mais elevado posto da carreira", conforme asseverou. Depois de homenagear o desembargador Josué Duarte Medeiros, que se aposentou, Kfouri referiu-se à Desembargadora Rosana como "juíza serena, independente, de posições firmes - e ao mesmo tempo sensível e humanitária -. Observou ainda ser ela filha do" audoso Desembargador Jorge Andriguetto, que dentre outras relevantes funções na Magistratura, exerceu a Presidência da Amapar, no biênio 1981-1982 ", e ao fato de ser ela" esposa do estimado desembargador Joatan Marcos de Carvalho, casal harmonioso e feliz, em plena sintonia de afeto, ambos voltados à graciosa filha Júlia, mas ao mesmo tempo inteiramente dedicados ao trabalho no Judiciário ".

O discurso da Desembargadora

Bastante cumprimentada e prestigiada em sua posse, a desembargadora Rosana Andriguetto afirmou em seu discurso:"Para nós da família Andriguetto e Carvalho é uma honra tomar posse nesta egrégia Corte de Justiça. Minha alma se encontra em estado de graça.

"Devo confessar que sempre fui a mais privilegiada das pessoas. Nasci numa família alegre, movida à esperança, amante da natureza, apaixonada pela música, leitura e história. Que tempera tudo com um bom vinho e saboreia a boa amizade. Tive a sorte de ter duas mães e dois pais, de passar a infância na mais bela e cativante cidade deste Estado. Foram felizes sete anos na minha querida Apucarana. Durante meus estudos contei com toda a espécie de apoio familiar, material, emocional e moral. Absolutamente nada me faltou" .

Depois de rememorar os tempos de infância e juventude e os conselhos do pai para que estudasse Direito, aduziu: "Cursei Direito, ingressei no Curso de Mestrado em Santa Catarina e me acidentei. O único e mais feliz acidente de toda a minha vida. Conheci Joatan e juntos passamos a trilhar o mesmo caminho... Minha história é a história de todas as outras que se entrelaçaram com a minha. Jurisdicionados, serventuários, advogados, promotores, juízes, vizinhos, auxiliares, raros amigos e muitos livros. Horas e horas de estudo. Cursos e muitas incertezas, alguns acertos e outros tantos desacertos. Críticas sempre existiram. Felizmente. Significa que tomamos posição..." .

TJ, exemplo

E mais adiante: "Registro apenas meu orgulho de ingressar nesta Casa de Justiça, agora como desembargadora. O primeiro Tribunal do País a aceitar um casal, como integrante de seus membros, sem restrição, sem preconceito. Meu marido e eu tentamos concurso em outros Estados e chegamos a conseguir nota suficiente para ingressar em concurso público. Fomos chamados à banca e nos questionaram qual de nós teria a preferência para seguir a carreira, infelizmente não poderiam admitir ambos na mesma carreira. Assim, este Tribunal é antes de tudo, um exemplo, para todos os demais do País" .

Lembrou estar assumindo a vaga do "eminente desembargador Josué Deininger Duarte Medeiros, magistrado por todos conhecido como laborioso, competente e dedicado. Espero honrar sua cadeira e não decepcionar meus pares". Disse também ter convivido com verdadeiros mestres, destacando "um muitíssimo especial, Glademir Antunes Panizzi que sempre me auxiliou, no cível e no crime". De seu pai, o ex-desembargador Jorge Andriguetto, que foi vice-presidente do TJ e presidente do Tribunal Regional Eleitoral, observou que "morreu acreditando em transformações sociais. Deixou-me como herança, entre muitas outras lembranças, sua habilidade com a fala, o Direito como instrumento e a sua serenidade, típica de magistrado vocacionado. Dentre suas crenças, estava o trabalho. Mas, sagrado mesmo era a família para ele, fonte de tradição e respeito. Acho que era mote de sua herança italiana" .

Finalizando suas palavras, a desembargadora Rosana Andriguetto agradeceu ao Presidente do TJ, "por todo seu apoio" , "à minha mãe, Paula, pela eterna paciência, pela infinita tolerância e compreensão. A meus irmãos, pela união e força que compartilhamos. A Joatan, pelo companheirismo, cumplicidade, afeto, carinho e bons momentos que compartilhamos até aqui, minha filha por existir na sua essência". E concluiu agradecendo aos amigos, lembrando Vinicius de Moraes, "que não sabem o quanto são meus amigos, não percebem o quanto são meus amigos, não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles".