O despertar de uma nação
Acordar não basta, necessário é o despertar.
Por Emanuel M. Rosa
Nas últimas semanas temos presenciado algumas situações bastante sui generis para a nossa pobre realidade brasileira.
Não que seja novidade, presenciar patrimônio histórico e cultural inestimável e insubstituível ser destruído pelas chamas do descaso e da ignorância – descaso de governantes, ignorância de governados – para, em seguidas, sermos brindados com declarações no mínimo hilárias – se não fosse deveras trágicas – sobre a reconstituição de peças históricas únicas consumidas por chamas, ou de manifestações, no mínimo miseráveis, de desvalidos sem cultura, que infelizmente nunca tiveram oportunidade material de visitar sequer o museu na própria cidade, lamentando-se sobre a perda de algo que jamais lhes pertenceu – um museu.
Aqui, uma pontuação: oportunidade material não é o mesmo que oportunidade formal. Sim, os museus, casas de cultural, escolas estão lá (enquanto não forem destruídos), contudo, isso difere muito da possibilidade de visita-los e mais, de compreender o conteúdo da visita ou mesmo aproveitar qualquer conhecimento ali existente. Da mesma forma que fala-se nos analfabetos funcionais, hoje emergem uma nova classe: dos desaculturados funcionais.
Doutro lado, temos um candidato, populista, com discurso que atende os anseios – ao menos aqueles declarados – de considerável parcela da população, esfaqueado em situação no mínimo estranha, em meio a um ato público.
Seguido de questionamentos dos técnicos de redes sociais, sobre a quantidade de sangue no ferimento, sobre luvas em centros cirúrgicos, entre outras informações.
O país está acordado. Mas não está desperto.
Não é normal, em nenhum lugar do mundo, história ser destruída, pelo descaso ou pelo fogo. E o descaso aqui, ouso estender à todos nós – povo – que abandona a educação, abandona os museus, abandona a própria cultura e a própria história, a própria memória e a própria identidade.
Não é normal, em nenhum lugar no mundo, alguém sofrer um atentado contra sua vida pelas ideias que defende. Não é normal, em lugar nenhum do mundo, justificar uma agressão contra a vida. Torcer pela morte.
E também não é normal, em nenhum lugar do mundo, acreditar que o argumento da força deve e pode gerar efeitos melhores que a força do argumento.
1 Comentário
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Ótima reflexão!!!!!! continuar lendo