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16 de Junho de 2024
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    O suicídio de jovens aumenta com o crescimento do uso da internet

    Resenha de: Brum, E. (2018, 19 de junho). “O suicídio dos que não viram adultos nesse mundo corroído”.El país.

    Publicado por Suelen Lindemann
    há 3 anos

    A gaúcha, Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora de seis livros, sendo cinco do gênero de não ficção, como o de Coluna Prestes – o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e seu primeiro romance Uma Duas. Ela tem uma coluna quinzenal, em português ou espanhol, no jornal El País, onde publicam seus artigos de opinião, um deles é O suicídio dos que não viram adultos nesse mundo corroído.

    Esse texto que inicia dando os fatos que ocorreram em São Paulo, no Colégio Bandeirante, que na janela de 15 dias no mês de abril, ocorreu o suicídio de dois estudantes, dando assim uma abertura para o debate do tema ao público do Brasil.

    As áreas mais solicitadas pela rede privada, para falar sobre o assunto são os psicanalistas e profissionais de saúde mental. Brum traz do jornal a Folha de São Paulo alguns dados dos anos de dois mil a dois mil e quinze, em que houve um aumento de 65% dos dez aos quatorzes anos e 45% dos quinze aos dezenove anos, esse levantamento publicado foi feito pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, que é o coordenador do Mapa da Violência no Brasil. Ela relata também uma pequena estabilização, que poderá ser afirmada somente que se passar mais de um ano, ou poderá ser considerada apenas uma variação.

    A autora constata que um jovem faz perguntas duras para si, e os adultos não percebem uma conduta desviante. Essas questões são consideradas inteligentes, que compreende o mundo que se vive, de jovens que se recusam a se afastar da sociedade.

    Brum ressalta a crença de que falar sobre o suicídio eleva o número de casos e que com isso se tem a ideia de que o suicídio é uma fraqueza do adolescente e derrota dos pais.

    Segundo Eliane Brum falar de suicídio é significativo, mas deve-se cuidar da maneira que se fala sobre.

    Brum comenta que para fazermos algo, com o desastre onde um número supremo de jovens não se tornará adulto, é reaprender a viver em coletividade. Não tirando o comprometimento individual. Ela destaca que a responsabilidade individual deve estar: tendo um vínculo com os outros, fazendo assim juntos.

    A autora comenta que os adolescentes neste século são marcados por redigir sua experiência na internet. A geração existente é a primeira composta a partir de “likes” e “blocks”, esses “likes” demonstram várias emoções como emojis alegres, tristes, bravos e de corações. Dando ao mesmo tempo também a oportunidade de remover o quê ou quem lhe perturba.

    Eliane Brum cita um vídeo publicado pelo Channel 4 News, no qual Jaron Lanier, filósofo da internet e fundador da realidade virtual, recomenda que os jovens abandonem as redes sociais por um tempo. Brum ressalta que segundo Lanier, as manipulações que sofremos com as redes sociais, nos deixam mais ansiosos e irritados, assim tornando os adolescentes depressivos. A autora expõe um exemplo assustador que é a ligação entre o aumento do suicídio dos jovens e o crescimento do uso das redes sociais.

    Segundo Brum a recomendação do filósofo Lanier é de que os jovens que vivem nas redes sociais devem sem conhecer primeiro, ele dá algumas dicas como a de viajar e se desafiar. A autora revela outro conselho importante dado pelo Jaron Lanier, que é o de se abster das redes sociais, por pelo menos seis meses.

    Conforme Eliane Brum no ano de 2017, o psicanalista Mário Corso foi requisitado para dar uma palestra aos estudantes de uma escola pública do interior do estado do Rio Grande do Sul. O que chamou a atenção da autora foi o fato dele ter sido convidado pelos alunos, que ao perceberem que um dos colegas estava com ideias de cometer o suicídio, resolveram formar uma rede de cuidados. Brum relata a fala de Corso, na qual ele afirma que os colegas estão sem mais próximos, podendo assim perceber quando sério está acontecendo, e com isso podendo combater o mal- estar na escola, e também cita que existem muitos jovens cuidadores, só é preciso fazer uma aliança com eles.

    A autora expõe um caso que ocorreu a um dos pacientes de Mário Corso no ano de 2016, no qual Vinícius Gageiro Marques, de apenas 16 anos, exibiu a própria morte pela internet, caso que saiu um artigo na revista Época, que revelava a ajuda de pessoas diferente países para a consumação do ato e também indicou a ligação de uma canadense para a polícia gaúcha avisando que um garoto se suicidou na internet. A incitação ao suicídio é crime previsto no Código Penal do Brasil.

    Brum divulga sua entrevista com o psicanalista Corso, que também foi publicado na revista Época, um ano após o suicídio do jovem, que fez uma referência, pela honestidade com que falou do que viveu ao perder seu paciente. A morte do adolescente que teve influência internacional, marcando assim um momento em que as pessoas constatam que, com a internet, os adolescentes visitam mundos que professores e pais alcançaram.

    A autora fez algumas pergunta para Corso, uma delas foi se ele achava que o sofrimento que provoca o suicídio hoje, na era da internet, é diferente do sofrimento que provocava o suicídio nos adolescentes de gerações anteriores. Segundo Eliane Brum o psicanalista Mário Corso respondeu com sua sabedoria sobre o assunto que acreditava que o sofrimento era o mesmo. E deu um exemplo, como o bullying que antes era limitado a um lugar, no caso a escola, mas hoje ele não dá trégua e com a internet nada se esquece.

    Brum relata que com o uso dessas tecnologias e até mesmo a internet, com isso estamos vivendo um presente acelerado, e o nosso corpo é atingido por estímulos em 24 horas por 7 dias na semana, não tendo assim um espaço para elaborar experiências, dando-nos um futuro sem expectativa.

    Conforme Eliane Brum esse momento de quebra de silêncio sobre o suicídio é rico de possibilidades, porém para isso, temos que ser capazes de repor a questão na área da política. A autora ainda fala que isso é o que as escolas devem apostar, mas que sabe que é um desafio, tanto na rede pública como na privada, o de fazer uma comunidade. Ela explica que não é porque é chamado de “comunidade escolar” que é só composta pelas pessoas da escola e fala o significado de comunidade, que é algo mais profundo e busca esforços contínuos para fazer laços com o fora e dentro, reconhecendo-se as fronteiras e ultrapassando as.

    Eliane Brum também explica que se um colégio ou qualquer instituição quiser enfrentar o suicídio entre jovens deve criar com eles uma ideia de futuro que não seja o fim dos tempos.

    Conforme a autora, na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), de 2014, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro enuncia uma frase provocadora, que diz que os índios já compreendem o fim do mundo porque viveram o fim do mundo lá em 1500. Segundo Brum o antropólogo Castro retoma essa frase para lembrar dos adolescentes indígenas Guarani-Kaiowá, que as novas gerações dos povos que originaram o país, vem se suicidando desde os anos oitenta, e isso fica invisível para os brancos, como até eles mesmos.

    Diante do exposto, é possível afirmar que com o crescimento do uso da internet estamos mais sujeitos a doenças, com a da depressão, que hoje o número de pessoas que obtém a doença, já é significativo. Devemos ficar ligados, principalmente quando a pessoa já está depressiva e se dá indícios de ideias suicidas, para que possamos ajudar ou procurar algum especialista.

    Esse artigo o qual herdou essa resenha aborda esse tema que de início parece que não irá te prender a leitura, mas quando começa a busca sobre o caso que Brum citou do paciente do Corso, no qual o jovem de dezesseis anos exibe sua própria morte pela internet e o que mais choca é ver as pessoas apoiando, não por apenas ser considerado um crime, como também por querer ver alguém tirando a própria vida. Isso mostra que o debate e a leitura são interessantes e a autora vai atrás de explicações para os casos. Sem contar que é um tema polêmico, no qual muitas vezes a culpa pelos suicídios é dada pela fraqueza dos jovens ou fracasso dos pais, mas acredito que isso nem sempre deve ser considerado.

    Dessa forma, O suicídio dos que não viram adultos nesse mundo corroído representa a busca por ideias, para ajudar os adolescentes que pensam em cometer o suicídio, com isso surge a busca de explicações aos psicólogos e antropólogos e um amparo nos operadores jurídicos, para aqueles que como no caso acima incitaram o suicídio, que no Brasil é considerado crime, conforme o artigo 122, do Código Penal, com pena de reclusão, de dois a seis anos, se consumado o suicídio; ou detenção, de um a três anos, se não consumado o suicídio resultando lesão corporal de natureza grave.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/o-suicidio-de-jovens-aumenta-com-o-crescimento-do-uso-da-internet/1294660409

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