Projeto recupera áreas degradadas e quer conservar vegetação nativa

São contempladas áreas de Caatinga, Mata Atlântica e Mata de Tabuleiro em cinco municípios cearenses

O Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria do Trabalhador (Cetra) lança, amanhã, às 9 horas, em Itapipoca, o Projeto Florestação, que se estenderá pelos próximos dois anos e tem como objetivo ampliar a sustentabilidade ambiental nos agroecossistemas familiares e em comunidades rurais por meio do fortalecimento das capacidades de agricultores agroecológicos.

A agricultora Mariana Martins Alves, no viveiro localizado no Sítio Coqueiro, em Itapipoca, um dos contemplados pelo projeto do Cetra, apoiado pelo Programa Petrobras Ambiental Foto: Divulgação / Fernanda Oliveira / Cetra

O projeto, contemplado pelo Programa Petrobras Ambiental, abrange os biomas Caatinga, Mata de Tabuleiro e Mata Atlântica, nos municípios de Amontada (viveiro Córrego do Augusto), Apuiarés, Trairi (viveiros Vieira dos Carlos e Oiticica), Tururu e Itapipoca (viveiros Regional, Torém e Sítio Coqueiro) e será lançado no viveiro Regional de Itapipoca, localizado à Rua Vicente Siebra, 2460.

Suas três principais linhas de atuação são a reconversão produtiva de áreas por quintais agroflorestais, recuperação de áreas degradadas por sistemas agroflorestais e conservação de florestas e áreas naturais. O que fazer para recuperar áreas degradadas e conservar a vegetação nativa? Como estreitar os laços dos agricultores e agricultoras com práticas ambientais agroecológicas? A partir de questões como essas o Cetra desenvolveu o Projeto Florestação.

A iniciativa do Cetra irá difundir práticas de conservação ambiental sempre pautadas na Agroecologia para trinta comunidades por meio da realização de visitas e troca de experiências. A educação ambiental, ação relevante no trabalho com crianças e jovens nas escolas, também é pauta no projeto Florestação.

Serão realizadas campanhas a partir dessa temática, além do plantio de 20 mil mudas em comunidades rurais tendo em vista a redução de ações danosas ao meio ambiente e conservação de espécies florestais nativas, como Carnaúba, Pau-D´Arco, Murici e Oiticica.

Parceria

A ação do projeto é desenvolvida em parceria com a Rede de Agricultores Agroecológicos e Solidários dos Vales do Curu e Aracatiaçu formada por 200 agricultores e 57 apicultores de oito municípios da região. Conforme os idealizadores do projeto, existe uma preocupação com os impactos ao meio ambiente decorrentes das práticas convencionais de produção agrícola no território e ficou constatada a necessidade de apoio para que os agricultores agroecológicos possam expandir a adoção da gestão ambiental em suas comunidades. Na realidade, de fato, o projeto começou bem antes, já que, desde julho último algumas ações vêm sendo desenvolvidas.

Dentre elas, a apresentação do projeto, a formação de multiplicadores em manejo sustentável de agroecossistemas e oficinas de Educação Ambiental nas escolas e viveiros das regiões que participam do evento.

Módulos

Os multiplicadores participam de oito módulos de formação em manejo sustentável de agroecossistemas e aprendem a orientar os agricultores a dinamizar a produção sustentável no que diz respeito à reconversão produtiva de áreas através de quintais agroflorestais, recuperação de áreas degradadas e conservar as áreas de vegetação nativa pela proteção e também enriquecimento de espécies.

Cada multiplicador acompanhará em torno de quatro famílias próximas às unidades de implementação dessas ações de produção sustentável. Além disso, desempenha o papel de mobilizar atores locais, participar de ações e fortalecer as organizações com a finalidade de trabalhar a gestão e a educação ambiental na comunidade.

Encontro

Ainda em relação aos multiplicadores, em outubro último, a equipe do Projeto Reflorestação realizou o primeiro módulo do Encontro de Formação de Multiplicadores, beneficiando 30 pessoas que se somaram à equipe técnica do projeto para debater e aprender o manejo sustentável dos agroecossistemas.

Para uma das integrantes da equipe técnica do Florestação, Ivanilde Fidelis, o encontro "foi o momento em que os agricultores familiares puderam expressar seus conhecimentos. O projeto está sendo um estímulo de partilha de conhecimento e energia. É como um beija-flor fazendo sua parte na mudança de atitude pela mãe terra".

Integração

Na abertura do encontro, foi destacada a sensibilidade dos quatro elementos - terra, água, fogo e ar-, o que proporcionou a integração do grupo e o anseio em partilhar a experiência vivida na agricultura familiar, no convívio com a mata, a experiência da produção, do respeito às pessoas e, principalmente, a vivência agroecológica.

Ao todo, serão beneficiadas 300 famílias diretamente e cerca de 3.000 de forma indireta. Esses agricultores receberão infraestrutura para proteção das áreas: cercamento, distribuição de mudas diversas, de sementes para adubação verde e acompanhamento técnico em todas as fases, inclusive na implantação. Os viveiros foram articulados para produzir mudas a serem plantadas nas unidades, ajudar na renda das famílias e de grupos, ao produzir e vender.

Outro ponto importante do programa é o chamado estudo de linha base. Ele mostra que, normalmente, as famílias têm pequenas áreas e precisam de apoio para as práticas agroecológicas. Muitas delas criam animais de grande porte, como gado, caprinos e ovinos.

Desafio

Nesse caso, o desafio maior é estabelecer uma relação entre conservação das áreas, produção de alimentação para os animais (forragem) e, principalmente, para a terra, visando à melhoria da capacidade de produção de alimentos e da biodiversidade local.

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com