Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
17 de Junho de 2024

Saiba mais sobre os rolezinhos

Publicado por Patricia Francisco
há 10 anos

Associação critica reunião de jovens e aposta em mandados de segurança.No sábado (11), houve tumulto no Itaquera; liminares vetaram adolescentes.

Shoppings centers de São Paulo buscam apoio judicial e da Polícia Militar (PM) para impedir os "rolezinhos", como ficaram conhecidos, são encontros marcados pela internet por adolescentes.

A tentativa de proibir as reuniões coloca representantes dos lojistas e defensores das liberdades individuais em lados opostos.

Confira abaixo o posicionamento de especialistas sobre a legalidade da liminar, as origens e perspectivas dos rolezinhos:

Legalidade da liminar

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Martim de Almeida Sampaio, a liminar, do ponto de vista legal, foi correta. "O shopping center entrou pedindo a proteção à sua propriedade e ao direito de comércio, ao direito de as pessoas consumirem tranquilamente e trabalharem, exercerem seu ofício. Isso foi dado", disse.

O presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, diz que a intenção não é vetar grupos sociais específicos. "Existe infiltração de pessoas mal-intencionadas, como aconteceu no final do ano passado, e a gente precisa se proteger, principalmente proteger nosso cliente, o nosso consumidor, que é a razão de ser do varejo", disse.

Entenda os rolezinhos - cronologia Foto ArteG1

O sociólogo, Fred Lúcio, professor da ESPM, diz que não adianta proibir. "Fizeram isso no ano passado, nas manifestações que começaram com a questão da passagem de ônibus, e agora estamos diante de um novo episódio que pode se transformar em algo parecido. Depende muito de como isso vai ser conduzido agora tanto pela juventude quanto por aqueles que estão lidando com isso."

Origem e motivações

O sociólogo, Fred Lúcio, professor da ESPM, aponta que a origem dos rolezinhos está ligada à Zona Leste. "O que a gente sabe genericamente é que é uma juventude da periferia da cidade de São Paulo, sobretudo da Zona Leste, que foi onde começaram esses movimentos, e daí dá para traçar um perfil genérico. Quem é esse jovem? É um jovem com uma energia muito grande, com uma demanda reprimida por lazer, por diversão, por cultura, e que tem uma capacidade muito forte de mobilização", disse.

O sociólogo, Fred Lúcio, professor da ESPM, acredita que, agora, os encontros se transformaram em um movimento. "A repercussão do movimento acabou projetando no movimento um tom reivindicatório que talvez nem estivesse tão forte no começo. Teve um papel fundamental o sucesso ou uma certa repercussão que esses processos tiveram. E eles aproveitaram e transformaram isso numa reivindicação de uma política de lazer, mesmo, para a periferia."

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Martim de Almeida Sampaio é preciso entender os rolezinhos como continuidade das manifestações de julho.

"Esse rolezinho, para mim, é uma continuidade das manifestações de julho, que tiveram as manifestações nos estádios, que teve os blac blocks, são episódios que vão demonstrando que existe uma nova classe média, uma classe média emergente que consome e que quer ter voz ativa", afirmou.

"Essa nova manifestação social e cultural que tem uma nova estética: não tem liderança, não tem partido, não tem organização. Então é um pouco difícil a gente manter e estabelecer esse diálogo."

Futuro do movimento

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Martim de Almeida Sampaio, afirma que vai requisitar imagens e entrar em contato com pessoas que estão sendo notificadas. "O importante é interferir para que seja garantida a democracia e os direitos humanos. Esse equilíbrio entre direito de propriedade e direito de se manifestar", diz o advogado.

"Me parece que houve, sim, atitudes discriminatórias nos shoppings onde aconteceram esses rolezinhos. Pessoas nitidamente com distinção social, ou de cor, porque apresentavam roupas um pouco mais humildes, mais pobres, foram discriminadas" , disse. "Vamos mudar essa questão e colocar o seguinte: e se fosse o playboy da Zona Sul, bem de vida, que fosse com seus amigos ao shopping center fazer um rolezinho? Eles seriam discriminados?", afirmou o advogado.

"Certamente com cassetete e violência policial, multa de R$ 10 mil, que é o salário de um ano de muitos desses jovens, não vai ser resolvida essa questão. É através do diálogo e da construção de políticas públicas", afirma o defensor.

Já o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, os lojistas prosseguirão em busca de medidas para evitar os encontros. "A gente quer respeitar sempre os direitos humanos, mas nós temos que proteger a propriedade, nós temos uma responsabilidade muito grande em relação à segurança desses importantes empreendimentos, e a gente tem que buscar alternativas", disse.

"No final do ano passado nós tivemos uma situação em que pessoas saíram correndo dentro do shopping center. Uma senhora acabou tropeçando, apavorada, e esse estado de pânico se gera no empreendimento a troco de quê? (...) São pessoas de baixa renda, que tem que ter o seu espaço reservado, mas o shopping center não é local para esse tipo de coisa."

"O que não pode é a gente permitir que, com essas mídias sociais, chamando 3, 4 mil pessoas, e achar que essas pessoas tenham o direito de entrar no shopping center e fazer a bagunça", diz o presidente da Alshop.

FONTE:http://g1.globo.com/são-paulo/noticia/2014/01/saiba-mais-sobre-os-rolezinhos.html

  • Publicações167
  • Seguidores56
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações97
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/saiba-mais-sobre-os-rolezinhos/112330330

0 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)