Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
2 de Maio de 2024
    Adicione tópicos

    Se o jurista tem inconsciente, o diálogo com a psicanálise é fundamental

    Publicado por Consultor Jurídico
    há 10 anos

    Buscar a literatura como metáfora da leitura do jurídico não pode se dar de maneira automática[1]. É certo que os discursos filosófico, psicanalítico, literário e jurídico apresentam especificidades e devem ser colmatados a partir da perspectiva da diversidade construtiva, ou seja, não são idênticos, nem antagônicos[2]. Reside justamente na capacidade de diálogo, a partir de categorias explicitadas, o sentido que poderá advir sempre singularmente. Não acolher essa advertência significa confundir os registros e como diz Miranda Coutinho “arriscar a identidade é ceder à comodidade, mas incorreto, para não dizer falso. Atitude empulhadora, deslumbra na primeira aparência pelas fórmulas fáceis, mas oferece o cadafalso no momento seguinte.”[3] Mesmo assim, podemos realizar algumas aproximações, sentando-nos para um diálogo proveitoso.

    A partir de Freud[4] se deu os diálogos entre Psicanálise e Literatura. Homem de seu tempo, não tinha à disposição, ainda, as percepções decorrentes do giro linguístico, da importância da pragmática e, portanto, ainda indagava o ente. O perigo de indagar o ente (texto) é confundir os registros e se cair num falso dilema: entre objetivismo e subjetivismo[5]. Não há vontade do texto e muito menos vontade do autor. Porque para assim acolhermos, deveríamos acreditar, piamente, como quer a epistemologia da modernidade, no sujeito universal[6]. A eventual indicação de conteúdo manifesto, no caso do texto literário, não poderia jamais ser confirmado. Nem mesmo o autor poderia. Existe no texto uma outra cena que o próprio enunciador não domina. Logo, as pretensões de validade sobre o texto, no máximo, podem obter assentimentos. A verdade verdadeira é empulhação imaginária capaz, reconheçamos, de apaziguar muitos. Não é o caminho a se perseguir. A contingência e o inesperado nos seduzem, dado que a compreensão da realidade será sempre fragmentária e dinâmica, a partir de fluxos. Fluxos que dialogam desde a perspectiva do sujeito que olha o mundo e a tradição linguística da qual faz parte, ou seja, há uma imbricação entre o sujeito e o simbólico que o antecede. Daí que uma visão de mundo pressupõe a compreensão, articulando fronteiras com diversos saberes, sem a possibilidade de um todo consciente e completo, senão pela incompletude[7].

    O campo psicanalítico não pode, assim, jogar-se nefelibatamente nas verdades duras do texto Literário, porque seria somente capaz de apaziguar a falta. A falta intransitiva de onde elegemos, com Lacan, nosso ponto de saída. A aproximação com a Literatura se dá, muitas vezes, para se buscar aquilo que a psicanálise não alcança. É bem verdade que alguns procuraram analisar o texto literário, supondo imaginariamente a existência de um desejo inconsciente do texto literário. Resgatando-se o sujeito, aponta-se o que foi semidito, balbuciado, na hiância. Acontece que, depois, se resgatou o leitor, porque o texto diz no limite em que é lido, por um outro. O texto como “fato gráfico” somente diz quando dito pelo leitor, porque, com Barthes[8], sabe-se que o sentido migra.

    Discorrer-se sobre o sentido com a outra cena pressupõe falar sobre o inconsciente e, necessariamente, de um retorno a Freud, já que foi ele quem franqueou sua abertura/construção[9]. A leitura cruz...

    Ver notícia na íntegra em Consultor Jurídico

    • Sobre o autorPublicação independente sobre direito e justiça
    • Publicações119348
    • Seguidores10992
    Detalhes da publicação
    • Tipo do documentoNotícia
    • Visualizações60
    De onde vêm as informações do Jusbrasil?
    Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/se-o-jurista-tem-inconsciente-o-dialogo-com-a-psicanalise-e-fundamental/141990893

    Informações relacionadas

    Consultor Jurídico
    Notíciashá 9 anos

    Quando o juiz-filho preocupa-se em agradar o tribunal-pai no processo-crime

    Canal Ciências Criminais, Estudante de Direito
    Notíciashá 9 anos

    Observações sobre a prisão preventiva fundamentada na ordem pública: ou pode uma prisão preventiva se basear na opinião pública?

    Canal Ciências Criminais, Estudante de Direito
    Artigoshá 9 anos

    O julgador “porque sim” (e as constantes arbitrariedades do Poder Judiciário)

    0 Comentários

    Faça um comentário construtivo para esse documento.

    Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)