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3 de Maio de 2024

Reflexões sobre responsabilidade na advocacia

Você é responsável pela sua jornada

Publicado por Alice Aquino
há 4 anos

Quando estamos na faculdade o futuro parece tão certo, tão simples, é só ir lá e fazer, mas não entendemos a realidade que a advocacia é um mundo de muitas incertezas. Mesmo com os professores contando sobre as responsabilidades do dia a dia, não deixamos de acreditar que será fácil.

Atualmente o Direito é dos cursos mais desejados pelos estudantes, pensam que existe glamour, status e dinheiro (existe um pouco às vezes), mas se esquecem que vidas estão em nossas mãos, de pessoas físicas e até mesmo de pessoas jurídicas.

Muitas pessoas me olham e pensam: “Como alguém tão jovem vai resolver meu problema?”. Pensam que não sei dos riscos que existem. Ok, eu não sei de tudo, ninguém sabe de tudo, mas estou aprendendo a caminhar como advogada. No meu juramento da OAB e depois dele, faço questão de não esquecer da responsabilidade que carrego com minha assinatura.

O advogado tem o poder de postular em nome de outrem e ainda assim grande parte não entende a seriedade disso. Já conheci diversos advogados que não ligam para o que acontece no processo, não ligam para o cliente e lidam com a situação apenas como mais um caso, apenas uma situação que vai lhe trazer o dinheiro para fechar a conta do mês no escritório.

Talvez, só talvez, temos a chance de ser importantes nas realizações das vidas das pessoas, de concretizar um sonho ou literalmente salvar uma vida. Sabe aquele senhor que busca uma aposentadoria, ele sonha com a tranquilidade de ter um dinheiro em sua conta todo mês para se sustentar e o advogado é a pessoa que pode fazer com que isso esteja mais próximo dele (mesmo que não consiga).

Nossa responsabilidade vai além do que imaginamos, são um conjunto de façanhas diárias...

Somos responsáveis por redigir uma petição o mais impecável possível, realizar audiências, atender o cliente, manter a rentabilidade do escritório, responsabilidades, responsabilidades, parecem que nunca acabam.

Parece que elas começaram assim que pegamos a sonhada carteira da OAB, pensamos que dali para frente nossa vida será como Suits, tudo vai ser fácil porque afinal somos advogados não é mesmo?

Entretanto, não leva muito tempo até descobrir que não será bem assim...

Acredito que muitas pessoas pensem que somos máquinas e pensamos apenas em dinheiro. A verdade é que queremos fazer o que amamos, aquilo que escolhemos (pelo menos os que amam o que fazem).

Para exercer tudo isso, juramos defender o direito, mas existem tantas entrelinhas que não nos contam antes de ter a desejada carteira vermelha em mãos. Podemos nos comparar aos médicos? Bom, não usamos bisturi e nem temos em nossas mãos sangue de alguém que estamos tentando salvar, mas temos direitos de alguém que buscamos preservar, estudamos horas a fio tentando realizar a melhor defesa e ser a pessoa que nos contrataram para ser: um advogado.

Me lembro de assistir a várias audiências durante a graduação e pensar: “Nossa como deve ser emocionante! Ganhar para fazer isso? Eu quero!”. Mas posso dizer que apenas na minha primeira audiência me toquei do quanto aquilo era importante e não um passeio no parque.

Advogar tem diferentes significados para pessoas diferentes. Entretanto, todos nós temos vidas nas mãos, algumas áreas literalmente lidam com vidas em risco e isso faz parte do mundo jurídico. Somos a parte da sociedade que luta diariamente para manter a balança o mais próximo de estar equilibrada.

Já imagino que alguns advogados ao lerem irão pensar: “Nossa quanta besteira, a moça pensa que filosofar irá ajudar a ser advogada”. Querem saber? Eu não ligo, somos ligados no automático na metade do tempo e no restante tentamos manter uma vida pessoal, então filosofar pode ser um momento interessante para manter a sanidade.

Durante a graduação os professores diziam o quanto seria importante a advocacia, o quanto somos responsáveis pela nossa carreira, por fazer o certo e por saber o que fazer, claro que não entendia na época, mas quando a ficha caiu, entendi o que diziam.

Advogar é mais que aparência, status, rotina, carteira de clientes ou dinheiro, é uma equação complexa que nem todos desvendam, mas que é fascinante tentar entender. Pode levar anos, ou até a carreira toda para entender, mas somos responsáveis pelo o que cativamos e pelo direito que juramos defender.

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Filosofar pode ser uma alternativa para o advogado relaxar e não surtar com uma crise existencial? Compartilhe sua opinião nos comentários.

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20 Comentários

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"(...) então filosofar pode ser um momento interessante para manter a sanidade".

Sem dúvida, @aliceaquino. Refletir faz parte, e compartilhar as ideias é uma forma de espairecer de nossas rotinas aceleradas. continuar lendo

Posso ter aprendido um pouco com o Jusbrasil que pensar além do Direito é importante também rs continuar lendo

Primeiro juiz da causa, societas operatur, aquele que senta no último degrau com o réu.
Algumas profissões parecem demandar mais que uma mera responsabilidade, algo histórico, nevrálgico na medida em que os efeitos influenciam nos movimentos de todo sistema.
Seja iniciando uma revolução contra a monarquia inglesa, como Cromwell, redigindo uma Carta de Independência como T. Jefferson ou peticionando um alvará de levantamento, os deveres do advogado não se condicionam ao tempo, grandeza ou honorários. continuar lendo

Ora Dr., parece que é um admirador da história rs
Somente alguém que gosta ou estuda história citaria Cromwell ou T. Jefferson.

Realmente é engraçado como coisas que passam despercebidas no dia a dia podem servir de base para comparações com fatos históricos ou então novas perspectivas. continuar lendo

Quando nos remetemos às razões das nossas escolhas, reencontramos nosso propósito.

Em meio ao caos diário, encontramos o fundamento que nos fez ser quem somos. A responsabilidade é o gume adverso da realização. Excelente artigo, parabéns Dra.!

(Há) Braços! continuar lendo

Obrigada Dr.! Pelo visto muitos advogados dariam bons escritores e poetas, já vi que tem time pra isso. continuar lendo

Que lindo artigo querida! Realmente grande parte da sociedade nos vêem com maus olhos. Acham que não nos importamos, que não sentimos...Mas a verdade é que existe por dentro dos ternos da vida pessoas, pais, mães, filhos que escolheram uma profissão digna capaz de auxiliar na busca pela justiça. Parabéns por pensar assim. continuar lendo

Obrigada Dra.! Somos colegas de emoções então, li seu último artigo e ele só prova que não somos "vademecuns ambulantes".

Eu já ouvi cada coisa das pessoas e acho que pensar e escrever é a melhor forma de digerir e levar pensamentos bons para colegas de profissão. Lutamos pelo direito alheio e pelo nosso de exercer a profissão. continuar lendo