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16 de Junho de 2024
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    Acionistas majoritários do Bamerindus têm legitimidade para propor ação contra o Banco Central

    Publicado por Direito Vivo
    há 14 anos

    José Eduardo de Andrade Vieira e Sociedade Mercantil de Administração Ltda., acionistas do Banco Bamerindus do Brasil, têm legitimidade para ajuizar ação de responsabilidade civil contra o Banco Central (Bacen) e o HSBC Bank Brasil S/A - Banco Múltiplo, com vistas ao pagamento de indenização à sua massa liquidante. A decisão é da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

    Em 26/3/1997, o Banco Central decretou a intervenção no Banco Bamerindus e posteriormente sua liquidação extrajudicial. Os acionistas da instituição bancária em liquidação ajuizaram, então, ação ordinária de indenização por perdas e danos e lucros cessantes contra o Bacen e o HSBC, pedindo a condenação de ambos ao pagamento de indenização ao Bamerindus por supostos danos materiais causados em decorrência da celebração do “Instrumento Particular de Assunção de Obrigações Previdenciárias”.

    Sustentaram que um acordo previa a assunção pelo HSBC de todas as obrigações de aposentadoria do Bamerindus, por uma quantia de R$ 43 milhões. Os acionistas alegaram, ainda, ter ocorrido irregularidade na operação, ao argumento de não ter sido respeitada a regra no artigo 16 da Lei n. 6.024/65, a qual prevê a necessidade de realização de procedimento licitatório.

    Afirmaram, também, que, “à época, muitas empresas tinham interesse na realização desse negócio” e, com a “licitação, seria possível ao Banco Bamerindus desembolsar quantia muito inferior à que fora paga ao Banco HSBC”.

    A sentença extinguiu o processo sem resolução de mérito por ausência de legitimidade ativa [para propor ação] dos acionistas, porque o pedido principal consistiria no pagamento de uma indenização pelo Banco Central à massa liquidante do Bamerindus, pedido que deveria ter sido formulado pelo liquidante nomeado pelo Bacen.

    Em apelação, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região manteve a sentença de primeiro grau. José Eduardo Vieira e a Sociedade Mercantil de Administração Ltda., então, recorreram ao STJ alegando que, diante da inércia do liquidante e na condição de acionistas majoritários, possuem legitimidade para, em nome da sociedade e para a defesa dos interesses desta, saírem em juízo contra os danos causados no processo de liquidação extrajudicial.

    O relator, ministro Castro Meira, destacou que, para evitar cerceamento do direito de ação, constitucionalmente garantido, deve-se abrir aos sócios da instituição financeira, principalmente do acionista majoritário, legitimidade para agir em defesa dos direitos da empresa.

    Assim, por analogia, assinalou Castro Meira, deve ser aplicado o regramento contido no artigo do Código de Processo Civil (CPC)- o qual prevê a nomeação de curador especial quando há confronto potencial de interesses entre o representante e o representado - já que há nítido conflito de interesses entre o liquidante e os interesses dos sócios, ex-administradores da massa liquidante.

    “Desde que os atos atacados tenham causado efetivo prejuízo a seus direitos e interesses, os sócios de instituição financeira possuem legitimação extraordinária para ingressarem com ação de indenização em benefício da massa liquidanda, segundo interpretação de artigos do CPC, da Lei n. 6.024/74, do Decreto-lei n. 7.661/45 e da Lei n. 6.404/76”, afirmou o ministro.

    Nesse sentido, o relator, seguido pelos demais ministros da Turma, concluiu que os acionistas controladores de sociedade anônima, submetida a procedimento de liquidação extrajudicial, possuem interesse em pleitear, em juízo, utilidade em favor da massa, já que respondem solidariamente pelos alegados prejuízos causados à instituição, conforme o artigo 40 da Lei n. 6.024/74. Soma-se a isso o fato de que, com eventual aumento do acervo da instituição liquidanda, é possível assegurar-lhe possível recebimento de valores em caso de futuro rateio.

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